quinta-feira, 3 de maio de 2012

O sexo do futuro

Por Urban em seu Eroti-cidades



Vivemos numa sociedade onde ser diferente custa caro, resulta no preconceito e na exclusão. Até quando?

Este tema me fez lembrar da entrevista que a sexóloga Regina Navarro Lins, deu à “Isto é” em 2005, na época do lançamento de seu livro “O Livro de Ouro do Sexo”. Nesta entrevista ela afirma entre outras coisas que o casamento, na forma como conhecemos hoje vai acabar; que a sexualidade da forma como é vivenciada sofrerá radicais mudanças num futuro próximo.

Todas as afirmações da autora são baseadas em 2 anos de pesquisas, estudos e alguns “sinais da sociedade”.

Vamos ver algumas das previsões mais polêmicas de Regina sobre sexo e relacionamento:
  • A exclusividade sexual vai acabar. Amar alguém e não ter mais tesão por ninguém é uma idéia FALSA. É um conceito trazido pelos valores do amor romântico. Já percebe-se claramente nos padrões de relacionamento atual, a falência do amor romântico, as pessoas estão mais individualistas, o parceiro não é mais escolhido cegamente, guiado apenas pela paixão, hoje outros valores entram em cena, afinidades culturais, econômicas e sexuais; estamos mais objetivos e realistas. Com o fim do romantismo viria o fim da exclusividade e as pessoas passariam a aceitar com naturalidade o desejo sexual por outras pessoas. A médio prazo, então, Regina prevê que será comum termos vários parceiros num mesmo tempo, ou seja, será bem possível que tenhamos um com quem o sexo é mais gostoso, outro com quem viajar, fazer programas culturais é mais prazeroso, outro com quem ter filhos é um assunto vivenciado mais seriamente, e assim por diante.
  • Sobre o casamento, ela diz, que é o local onde se pratica MENOS sexo e ainda arrisca afirmar que a maioria das pessoas pratica pouco e com baixa qualidade. Com isso a tendência é diminuir a prática com o modelo conhecido de hoje – duas pessoas vivendo sob o mesmo teto, regido pela exclusividade e cercado de cobranças. A prática de swing e troca de casais está se tornando corriqueira, são muitos os casais que já frequentam clubes específicos; mas segundo a autora, a tendência mais forte e que predominará na evolução do comportamento sexual, é o sexo a tres. A afirmação é baseada numa pesquisa onde a pergunta “Você gostaria de fazer sexo a tres?” foi respondida por mais de 2000 pessoas e 80% delas afirmaram “Sim”. Regina vê este resultado como uma tendência que se tornará realidade num futuro próximo, já que o sexo a tres é uma prática antiga, onde o usual são 2 mulheres e um homem, devido à carga de valores patriarcais que o homem carrega, não admitindo estar com outro homem numa cama. Entretanto, para ela, com as transformações que vivenciamos no comportamento sexual isto tende a diminuir.
  • E com a questão do sexo a tres viria um outro fenômeno a reboque: caminhamos para a androginia, mas a Androginia no sentido da pessoa ser mais inteira, ter dentro dela a HARMONIA entre feminino e masculino, sem necessidade de mutilar aspectos importantes de sua personalidade. Para a autora, o conceito envolve a capacidade de dissolver a divisão entre o que seria ser homem ou ser mulher. As pessoas são o que são e gostaríamos delas pelas suas características de personalidade, pelo jeito de ser, pelo cheiro, pelo gosto e não por ser deste ou daquele gênero. Ela exemplifica afirmando que não existe mais diferenciação entre o que interessa somente ao homem ou só a mulher, existe uma universalização de interesses e não apenas no campo sexual.
Em síntese são estas as previsões de Regina Navarro (para ler a entrevista na íntegra clique aqui). São totalmente libertárias e revolucionárias, de certa forma viáveis a LONGO prazo; e mesmo sendo um movimento complicado devido a diversos condicionamentos e valores (ciúmes e fidelidade por exemplo), acredito que uma parcela da sociedade tenha potencial para evoluir neste sentido, especialmente a relacionada às opções de direcionamento sexual. Além de sinalizar o rompimento de preconceitos em relação às minorias rotulados como fora do padrão.

Lógico que muitas pessoas continuarão preferindo o casamento tradicional, o sexo tradicional e as visões mais conservadoras de sexualidade. Entretanto, os mais observadores vem sentindo que uma mudança está sendo alinhavada lentamente no âmago da sociedade, e isto ao meu ver é bastante visível e perfeitamente possível (sem generalizações evidentemente).

E vocês, o que acham?