Por Antonio Ribeiro, de Paris
No mercado financeiro europeu, o investidor holandês Marcel Boekhoorn é respeitado como um “tubarão”.
O termo significa alguém com formidável tino para bons negócios. A maior proeza de onde deriva o adjetivo atribuído a Boekhoom foi a compra da operadora de telefonia Telford por 300 milhões de euros. Nove meses depois, ele a vendeu por 1,2 bilhão de euros.
Quando o inglês Antony Lee propôs a venda do lendário e luxuoso hotel Ritz de Londres por apenas 300 milhões de euros — 420 milhões de euros inferior ao seu preço de mercado — o tubarão holandês viu na compra, a oportunidade de perpetuar sua fama e aumentar o patrimônio realizando negócio com perspectivas melhores que o seu maior desempenho.
Lee nunca foi proprietário do Ritz, mas conseguiu persuadir os especialistas do Apvodedo, a equipe de financistas na folha salarial de Boekhoom, de que tinha relações privilegiadas com os gêmeos Barclay, os bilionários donos do Hotel Ritz.
Os lordes Frederick e David Barclay teriam lhe oferecido a jóia da rede hoteleira britânica por módicos 240 milhões de euros. Por sua vez, Lee propunha revende-la para obter de lucro 60 milhões de euros. Contudo, impôs duas condições: os compradores deveriam avançar 1 milhão de euros para assegurar a exclusividade da revenda e a negociação seria feita sob sigilo total, segundo a regra das operações dos Barclay. O acordo foi fechado, a grana transferida, mas a luxuosa hospedaria do bairro londrino de Piccadilly jamais trocou de comando.
Lee é um caminhoneiro desempregado, de 49 anos, morador de Yorkshire. O sargento Garry Ridler, da North Yorkshire Police, levou dois anos para fisgar o falsário. Foi ajudado pela força incontrolável de quem considera o valor de um mihão menos excitante do que a capacidade de bater uma carteira. Lee tentou golpes menores. Pego com a mão na botija,o caminhoneiro foi condenado a 5 anos de prisão na Southwark Crown Court.
Entretanto, juntou-se ao clã ao qual pertence o checo Victor Lustig que vendeu a Torre Eiffel por 250.000 francos em 1925 e George C. Parker que encontrou repetidas vezes, compradores da Ponte do Brooklyn e da Estátua da Liberdade, em Nova York.