terça-feira, 27 de outubro de 2009

André Carvalho: Cueca, Calção e ...




Por André Carvalho (*)
btreina@yahoo.com.br



Cueca, calção ou calcinha?
Aí reside a questão que monopoliza o país neste outubro de poucas emoções, exceto a viagem que Lula empreendeu pelo rio São Francisco, na esperança de que, num momento de rara intuição levitativa, conseguisse andar por sobre as águas, como fez certo “cara”, tempos atrás, segundo relatos históricos. Se conseguisse, os que rezam por sua cartilha exultariam de alegria repetindo sucessivamente “glória ao Lula nas alturas e paz na terra aos homens de pouca vontade”.

Com sua mania de grandeza o presidente carregou na viagem mais do que 12 dos seus “apóstolos” e ainda não se sabe, porque a história corre lentamente, qual deles foi o Iscariotes da vez. Aos primeiros Judas, aqueles que o “traíram” no mensalão e em outros tantos convescotes, Lula sobreviveu e se fortaleceu, o que confere certa vantagem comparativa na disputa que trava com o cara lá de Nazaré, pelo posto de “maior de todos”. Outra vantagem do Lula é o seu valor, muito maior que trinta dinheiros.

Na arca presidencial estavam Gedel, Ciro, Dilma e outros menos afamados, porém capazes de uma perfídia. Contudo, penso que o “new Judas” pode ter permanecido em Brasília, defenestrado que foi da comitiva, por sua exagerada lentidão no andar e no pregar.

Enquanto a imprensa – capitalista e capciosa, no entendimento de franquinho, zezinho, genoininho, ricardinho – cobria com estardalhaço a viagem presidencial à espera de um milagre maior do que o da transposição, em Brasília, ressabiado e louco por holofotes o senhor Eduardo Suplicy, que tem sido um Judas para o partido, vestia, no interior da Casa Senatorial – cada vez mais de mãe Joana – uma sunga, uma calcinha, uma cueca ou um calção, ainda não se sabe ao certo.

Na dúvida, o Corregedor Geral do Senado Federal, Senador Romeu Tuma aguardará a perícia para tipificar uma possível quebra de decoro – ora vejam! – e encaminhar o caso para o Conselho de Ética – ora vejam, novamente!

Supla afirma que vestiu um calção, nas cores do partido, o vermelho sangue. O calção é uma veste típica dos despossuídos, o que nem de longe lembra o senador. Parte da oposição acredita piamente numa cueca vermelha, tal a simbiose existente entre o partido dos trabalhadores e as cuecas, quer seja como cofre dos dólares de campanha, quer seja como porta dejetos governamentais. Maldosamente, outros afirmam que a peça faz parte do vestuário feminino, e se correto for, me cabe criticar, a absoluta falta de sensualidade e fetiche da calcinha, exceto a cor.

A última das hipóteses é que Suplinha – que agora é íntimo do Brasil – tenha usado uma sunga para banho de mar, de rio, de piscina ou de lago, e aí reside o perigo. Supla, talvez quisesse pairar sobre as águas do lago que circunda o Congresso Nacional, desbancando o líder ingrato que o desconsiderou no passeio ao São Francisco.

Deus ainda é mais, entretanto o Lula tem se esforçado! Hoje (**) mesmo, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, nosso presidente se comparou a Jesus, afirmando que este, se governasse o Brasil, teria que, igual a ele, coligar-se com Judas. Como é praxe, Lula escreveu torto por linhas mais tortas ainda. Ponto para Deus que escreve certo, mesmo que por linhas tortas.

Eu, sem crucificar ninguém, lavo as mãos como Pôncio Pilatus!

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mail.
 
(**) Este artigo foi redigido em 22 de outubro.