Na última semana, a cena de um nocaute digno de cinema - ou de videogame - viralizou e foi vista por milhões de pessoas internet afora. As imagens de uma luta de muay thai mostraram um baixinho derrotando um rival bem mais alto com um chute giratório avassalador. O autor do golpe foi Jonathan Tuhu, que, desde que o vídeo passou a ser compartilhado, não para de receber mensagens o parabenizando nas redes sociais. Uma nova realidade para o simples lutador nascido na Papua Nova Guiné, que forjou seus movimentos no meio de uma floresta, chutando bananeiras.
Ao explicar o nocaute, Tuhu aparenta estar falando de uma situação comum e não faz escarcéu. "É algo natural para mim", garante. "Esse chute pode ser chamado de spiral kick ou spinning head kick [algo como chute em espiral ou chute na cabeça giratório] e o treinei muitas vezes. Ninguém me ensinou a fazer, é algo natural soltar esse tipo de chute."
Na hora da luta, realizada em Newcastle (Austrália) o papua - é assim que se chama quem nasce em Papua Nova Guiné - afirma que se aproveitou do desgaste do seu rival e, mesmo com a grande diferença de altura entre eles, conseguiu executar o golpe com perfeição.
"Eu vi meu oponente ficar sem ar e ele deixou sua guarda baixar. Naquele momento, eu joguei o chute rodado em sua cabeça e deu certo", narra ele.
O detalhe é que não havia academias ou centros de treinamento de fato. As condições eram improvisadas. E, para ter certa privacidade, já que não gostava de ser observado, ele se enfurnava em um local inabitado, silencioso, privado. "Eu costumava ir para um lugar numa floresta, um lugar 'secreto', onde não há ninguém, e desenvolvia minhas artes marciais lá. Comecei a socar e chutar bananeiras para evoluir, e também assistia a muitos filmes do Bruce Lee e do Jean-Claude Van Damme. Aprendi muito com eles", conta o papua.
Jonathan se mudou para uma cidade em 2004 e passou a ampliar seu repertório, treinando kickboxing e caratê. Adotado por uma família, teve um porto seguro para poder treinar e lutar, e iniciou sua jornada profissional, viajando e disputando torneios pelo mundo. Foi só o nocaute aplicado neste mês, que enfim os olhos se voltaram a ele.
"Cara, ninguém me deu suporte do começo até agora. Eu batalhei e derramei grandes lágrimas depois de dez anos nas artes marciais e só agora posso ver o que é comer e dormir para treinar. É uma honra", comemora o lutador, que promete voos mais altos.
"Eu amo MMA. Ainda vou lutar MMA e chegar ao UFC!".