Em 29 de fevereiro de 2012
RATOS NO SENADO FEDERAL
Em janeiro, jornais e “sites” noticiaram que a Diretoria Geral do Senado Federal intensificaria esforços para evitar a proliferação de insetos e roedores nas dependências daquela casa parlamentar. Isso porque, após uma recente segunda desratização, dois ratos foram encontrados mortos na sala da Secretaria Geral da Mesa.
Dizem, sem que se possa comprovar, que uma servidora foi mordida por um roedor. Entretanto, a equipe responsável pelos trabalhos de combate às pragas e vetores urbanos garante não haver indícios de infestação. Temendo o pior, a diretoria solicitou o apoio dos funcionários na identificação e eliminação dos focos de roedores. A primeira tarefa é fácil, a segunda, reputo impossível.
Em se tratando de roedores, por mais que uma mordida tenha ocorrido, o fato não parece tão grave até porque a vítima certamente foi atendida no impecável serviço médico da casa, independente de plano de saúde. O quadro somente se agravaria caso fosse diagnosticada uma “corruptospirose”, o que ainda não foi o caso.
Dando prosseguimento – um jargão típico de sessão plenária – creio que a equipe de desratização não contou com técnicos da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União, da Comissão de Ética Pública, do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal. Aliás, deste último, a presença de especialistas pouca diferença faria.
Quem sabe uma equipe mais eclética, ou multidisciplinar para ser moderninho, daria um veredicto inverso certificando que os ratos do Senado Federal são muitos, infestam e estão por toda a parte. Do plenário aos gabinetes, passando pela diretoria de recursos humanos, pela comissão de licitações ou setor equivalente, sem poupar, nem mesmo, a presidência.
E por falar em presidência, ele, a excelência mor, não se pronunciou sobre tão importante questão e, se o fez, foi à “boca pequena”, de sorte a preservar a cultura do ato secreto que domina as “confecções” internas da Câmara Alta, mormente aquelas em que são distribuídas vantagens sob medida.
Elucidativo saber que os ratos vivem em grupo, assim como se agrupam em partidos, blocos e frentes, os políticos. Mais ainda: num grupo de ratos, há os dominantes – machos e fêmeas mais fortes – e os dominados – os mais jovens, fracos ou velhos – muito semelhante ao mundo político, equivalendo os dominados, ao baixo clero, aos afilhados e aos indicados.
De repente me ocorreu uma dúvida cruel! Será que tanto quanto os políticos, os camundongos têm naturalidade? Baiano, paulista, carioca, pernambucano, mineiro, etc.? Creio que não! Porém, duvido muito que todos os ratos do Senado Federal tenham nascido e crescido em Brasília. É certo que vários deles, quem sabe a grande maioria, veio de outros estados, outras paragens, a bordo de cargas e sobrecargas transportadas pelos mais diversas meios, tais como ônibus, avião, caminhão, voto... Voto não, engano meu!
Sem sugerir, muito menos propor qualquer parecença com os ratos, a edição de 29/02/2012 da revista Veja informa, na coluna Radar, que durante o recesso de janeiro – férias, bem entendido – quarenta e um senadores usaram, inescrupulosamente, a verba indenizatória; uma “anomalia” que reembolsa gastos comprovados, desde que inerentes ao desempenho das atividades congressuais. O alagoano Collor, por exemplo, gastou 30.800 reais, sendo 27.900 deles, em combustível.
Num veículo de alto desempenho, abastecido com gasolina e guiado por um estúpido pé de chumbo, daria para rodar mais de 90 mil quilômetros, suficientes para duas voltas ao redor do planeta terra. Bom seria se, numa dessas voltas, o Collor e seus pares senatoriais entrassem em órbita lunar.
Aiiii! Passou um rato por aqui. Não mordeu, mas pareceu zangado comigo.
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.
Dizem, sem que se possa comprovar, que uma servidora foi mordida por um roedor. Entretanto, a equipe responsável pelos trabalhos de combate às pragas e vetores urbanos garante não haver indícios de infestação. Temendo o pior, a diretoria solicitou o apoio dos funcionários na identificação e eliminação dos focos de roedores. A primeira tarefa é fácil, a segunda, reputo impossível.
Em se tratando de roedores, por mais que uma mordida tenha ocorrido, o fato não parece tão grave até porque a vítima certamente foi atendida no impecável serviço médico da casa, independente de plano de saúde. O quadro somente se agravaria caso fosse diagnosticada uma “corruptospirose”, o que ainda não foi o caso.
Dando prosseguimento – um jargão típico de sessão plenária – creio que a equipe de desratização não contou com técnicos da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União, da Comissão de Ética Pública, do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal. Aliás, deste último, a presença de especialistas pouca diferença faria.
Quem sabe uma equipe mais eclética, ou multidisciplinar para ser moderninho, daria um veredicto inverso certificando que os ratos do Senado Federal são muitos, infestam e estão por toda a parte. Do plenário aos gabinetes, passando pela diretoria de recursos humanos, pela comissão de licitações ou setor equivalente, sem poupar, nem mesmo, a presidência.
E por falar em presidência, ele, a excelência mor, não se pronunciou sobre tão importante questão e, se o fez, foi à “boca pequena”, de sorte a preservar a cultura do ato secreto que domina as “confecções” internas da Câmara Alta, mormente aquelas em que são distribuídas vantagens sob medida.
Elucidativo saber que os ratos vivem em grupo, assim como se agrupam em partidos, blocos e frentes, os políticos. Mais ainda: num grupo de ratos, há os dominantes – machos e fêmeas mais fortes – e os dominados – os mais jovens, fracos ou velhos – muito semelhante ao mundo político, equivalendo os dominados, ao baixo clero, aos afilhados e aos indicados.
De repente me ocorreu uma dúvida cruel! Será que tanto quanto os políticos, os camundongos têm naturalidade? Baiano, paulista, carioca, pernambucano, mineiro, etc.? Creio que não! Porém, duvido muito que todos os ratos do Senado Federal tenham nascido e crescido em Brasília. É certo que vários deles, quem sabe a grande maioria, veio de outros estados, outras paragens, a bordo de cargas e sobrecargas transportadas pelos mais diversas meios, tais como ônibus, avião, caminhão, voto... Voto não, engano meu!
Sem sugerir, muito menos propor qualquer parecença com os ratos, a edição de 29/02/2012 da revista Veja informa, na coluna Radar, que durante o recesso de janeiro – férias, bem entendido – quarenta e um senadores usaram, inescrupulosamente, a verba indenizatória; uma “anomalia” que reembolsa gastos comprovados, desde que inerentes ao desempenho das atividades congressuais. O alagoano Collor, por exemplo, gastou 30.800 reais, sendo 27.900 deles, em combustível.
Num veículo de alto desempenho, abastecido com gasolina e guiado por um estúpido pé de chumbo, daria para rodar mais de 90 mil quilômetros, suficientes para duas voltas ao redor do planeta terra. Bom seria se, numa dessas voltas, o Collor e seus pares senatoriais entrassem em órbita lunar.
Aiiii! Passou um rato por aqui. Não mordeu, mas pareceu zangado comigo.
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.