29 de novembro de 2005, o escritor curitibano Yves Hublet, belga de nascimento, ganhou notoriedade depois de desferir golpes de bengala no então deputado federal José Dirceu.
Em 27 de julho deste ano, Yves morreu aos 72 anos, completados em abril, e seu corpo foi cremado. Segundo seu amigo e editor Airo Zamoner, dono da editora Protexto, que publicava os textos de Yves, o escritor enfrentou diversos problemas no país depois das bengaladas, e então mudou-se para a Bélgica.
Com dupla cidadania, Yves voltou para Curitiba (PR) em maio a fim de tratar da edição de um novo livro - era escritor infanto-juvenil de fábulas ecológicas - e resolver problemas matrimoniais (um novo casamento o aguardava na Europa). Mas tinha de passar por Brasília antes do retorno à Bélgica.
O editor disse ainda que, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, Yves foi preso e ficou incomunicável, no presídio teria adoecido e foi hospitalizado.
“Alegou-se que [Yves] estava com câncer. Ele teria falado com uma assistente social e passou o telefone de uma ex-namorada de Curitiba de nome Solange. Foi ela quem recebeu o telefonema de Brasília comunicando o falecimento. O corpo dele foi cremado por lá”, detalhou o editor Zamoner, segundo o blog do jornalista Aluizio Amorim.
Yves foi fundador e presidente da Associação Cultural Paranaense de Autores Independentes por duas gestões. Foi fundador da União Brasileira de Escritores (seção Paraná) e seu primeiro presidente. Sua primeira obra, "Artes & Manhas do Mico-Leão" foi um sucesso de público e crítica tendo sido adotada nas escolas de todo o País. "Grande Guerra de Dona Baleia" e "Planeta Água" foram livros de sucesso entre outros igualmente adotados pelas grandes redes de ensino de Curitiba e Brasília.
O episódio das bengaladas aconteceu no auge da crise política do mensalão, que culminou com a instauração de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Ex-ministro-chefe da Casa Civil, Dirceu foi apontado pelo ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, como chefe de uma “sofisticada quadrilha” que comprava apoio parlamentar para a aprovação de projetos governistas no Congresso.
A agressão a Dirceu, que teve o mandato cassado em meio às denúncias, foi feita no momento em que o deputado deixava o plenário da Câmara.
Na ocasião, os seguranças da Casa detiveram Yves e o levaram para prestar depoimento na Polícia Legislativa. A atuação dos agentes levou à reação do então senador Leonel Pavan (PSDB-SC), que foi à tribuna do plenário pedir “compreensão”. “Este senhor de 70 anos certamente está mostrando a indignação de milhares e milhares de pessoas do Brasil inteiro”, disse Pavan, em apelo ao presidente da Câmara na época, Aldo Rebelo (PcdoB-SP).
O senador Álvaro Dias, no início desse mes, questionou em plenário:
Na ocasião, os seguranças da Casa detiveram Yves e o levaram para prestar depoimento na Polícia Legislativa. A atuação dos agentes levou à reação do então senador Leonel Pavan (PSDB-SC), que foi à tribuna do plenário pedir “compreensão”. “Este senhor de 70 anos certamente está mostrando a indignação de milhares e milhares de pessoas do Brasil inteiro”, disse Pavan, em apelo ao presidente da Câmara na época, Aldo Rebelo (PcdoB-SP).
O senador Álvaro Dias, no início desse mes, questionou em plenário:
"A autoridade tem que esclarecer a sociedade. Por que foi preso? Qual a razão dessa prisão? Em que circunstâncias ele veio a falecer?