quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sabe com quem está falando?


Por André Carvalho (*)
em 01 de maio de 2010
btreina@yahoo.com.br
 


Sabe com quem você está falando?
Sabe com quem você está falando? Comigo, um cidadão comum, sem cargo, com um minúsculo salário e múltiplas tarefas, classificado naquilo que a administração moderna genericamente denomina de chão de fábrica, mesmo que a carteira de trabalho o aponte como auxiliar de enfermagem, por exemplo. Um cidadão comum, obrigado a “dar duro” para sobreviver e desprovido da mais tacanha autoridade, daquela que até mesmo os agentes de trânsito de Salvador têm. Um cidadão, podem os senhores inferir, sem eira nem beira, que, não fosse a ferocidade da Receita Federal, nem mesmo teria nome e número no cadastro de pessoa física, o famoso CPF.


Pessoas normais, como eu, jamais perguntam ao interlocutor se sabe com quem está falando. Esta é uma questão para poucos, que no Brasil de agora são muitos, por uma questão de estilo governamental! Em quase sua totalidade a interrogação parte de quem se acha incomum por ocupar um cargo ou posição social de maior peso ou possuir um saldo bancário de maior monta. São mortais incomuns, assim como o José Ribamar Sarney, segundo definição do indecifrável Lula.

Sabe com quem você está falando? A inquirição foi notícia recente, quando proferida por uma desembargadora da justiça de Santa Catarina a um policial militar que acabara de, no cumprimento de suas funções, abordar seu filho em flagrante delito.

Pouco tempo faz que um juiz paraense usou da mesma arrogante indagação ao ser detido por conta de uma desavença familiar. É estarrecedor vermos, a cada dia, mais e mais membros do poder judiciário protagonizando cenas de destempero e prepotência. Isso sem contar os inúmeros casos não divulgados porque o “sabe com quem você está falando” funcionou.

Também a bandidagem, poderosa sobre certo ponto de vista, faz uso do mesmo paradigma, apenas de maneira definitiva e com adendo: “você não sabe com quem está falando... não tenho nada a perder”. Isso reflete uma sociedade sem o real domínio da lei, uma sociedade onde impera o conceito difuso de poder pessoal, apoiado em pressupostos tais como cargo, dinheiro, fama e arma.

Já a candidata do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República não poderá usar do recurso inquisidor. Como é sabido, Dilma Vana Rousseff teve, e ainda tem, múltiplas identidades o que inviabiliza o “sabe com quem você está falando?”. Dilma já foi Estela, Vanda, Patrícia, Luiza e, ultimamente, colocou em seu “site” a foto da atriz Norma Bengell, numa passeata dos anos sessenta, como se fosse sua.

Norma foi protagonista do filme Os Cafajestes, em 1962. Sugestivo o título, não? Interpetrava Leda e fez aí o primeiro nu frontal do cinema brasileiro. Atuou em muitos outros filmes inclusive numa chanchada com Oscarito e no premiadissimo Pagador de Promessa. Bengell era, e talvez ainda seja, bonita e sensual, assim como a mineira Dilma o é, o que em parte, justifica o uso da imagem de uma em lugar da outra. Ué! acho que exagerei na dose, não?

Dilma Rousseff também é uma artista e no momento interpreta o papel de candidata ao governo federal num enredo de autoria do Presidente Lula, dirigido pelo genioso assessor Garcia. A captação dos recursos para tão importante comédia deve estar a cargo do Zé, bem como a arrecadação da bilheteria. Só não espere que Dilma se desnude.

Pois é: Vou levando na galhofa para aguentar tanta estupidez impressa no DNA da nossa pobre sociedade.

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.