quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As Eleições e o Pré-Sal



charge de lute

Por Ricardo Noblat

Pré-Sal - sociedade à margem
A natureza da política é a coerção e a impostura, segundo o escritor inglês George Orwell em um dos textos reunidos no livro "Dentro da Baleia e outros ensaios" (Companhia de Letras). Um bom exemplo do que ele diz está em curso com o envio para o Congresso dos projetos do Pré-sal.
O governo levou 14 meses para prepará-los. E agora pressiona o Congresso para aprová-los em 90 dias. Aqui a coerção.

Aqui a impostura: o governo quer evitar uma longa discussão no Congresso para que ela não se estenda ao ano eleitoral de 2010 e não seja contaminada por ele. Na verdade, o governo quer o Pré-sal como um dos trunfos da campanha eleitoral de sua candidata a presidente, Dilma Rousseff.
Não basta que Dilma represente a continuidade do governo bem avaliado de Lula. Ela precisa despertar esperanças, jogar para frente. Tem algo mais para frente - e põe para frente nisso - do que o Pré-sal - a extração de petróleo e gás a grande distância da costa brasileira, a profundidades abissais e a longuíssimo prazo?
O governo pretende que o Congresso aprove às pressas o que ele teve tempo suficiente para amadurecer. A sociedade ficará à margem da discussão.