arte de Guto Cassiano
Por Augusto Nunes
O lembrete e a correção
O governador José Serra parece achar que o Brasil escolherá em 2010 não o presidente da República, mas um gerente-administrativo.
O governador José Serra parece achar que o Brasil escolherá em 2010 não o presidente da República, mas um gerente-administrativo.
Dilma Rousseff anuncia a quarta transposição do Rio São Francisco, agora para irrigar a Bolívia. Serra retruca com a planta da linha do metrô que vai ligar São Paulo a Buenos Aires. Dilma inaugura o quinto aeroporto de Belo Horizonte. Não revela o local para evitar a especulação imobiliária. Serra manda asfaltar as trilhas das chácaras de Jaboticabal. Dilma fala bem de Lula. Acha que isso dá voto. Serra não toca no nome de Lula. Criticá-lo tira voto, imagina.
Ainda não descobriu que o Lula imbatível é outra miragem costurada pelos aprendizes de Goebbels. Não percebeu que incontáveis eleitores não votam em candidato indicado pelo messias nem sob tortura.
Marta Suplicy acreditou que Lula elege até poste. Segue tentando relaxar na Europa. Alguém precisa lembrar a Serra ou a qualquer outro pretendente oposicionista que a disputa de 2010 será sobretudo política. Não vai ser decidida pela contagem de canteiros de obras, reais ou imaginários.
O tsunami de descontentamento que navega pela internet desaguará, ou não, em algum palanque. Por enquanto, não há nenhum sequer em fase de montagem. Milhões de brasileiros estão indignados com a paisagem forjada em quase sete anos:
a roubalheira federal, a ignorância malandra de Lula, o aparelhamento do Estado, as manobras dos comunistas que não ousam confessar o que são, a desfaçatez da base alugada, o cinismo dos fora-da-lei a serviço do governo, a impunidade institucionalizada, as alianças cafajestes consumadas pelo Itamaraty, a submissão ao primitivismo cucaracha, fora o resto.
Milhões de brasileiros, enfim, estão fartos da Era da Mediocridade. Nenhum político conseguiu captar e traduzir a onda gigantesca de inconformismo. Esse é o lembrete.
A correção: já foi claramente explicitada, sim, pelo menos uma divergência irremovível entre o presidente e o candidato a presidente pela oposição oficial. Lula é corintiano. Serra torce pelo Palmeiras.