quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Mais uma tungada nos nossos bolsos.

arte de Guto Cassiano

A Câmara aproveita a crise no Senado para agir nas sombras
A concentração de holofotes nos espantos do Senado liberou a Câmara para agir sem sobressaltos. Enquanto os cangaceiros do presidente Lula comandavam a base alugada na ofensiva destinada a manter José Sarney na gerência do bordel, os deputados deram mais um passo para ampliar a gastança financiada involuntariamente pelos contribuintes.
A gazua da vez é o projeto que oficializa a adesão ao Parlamento do Mercosul, vulgo Parlasur, formado por representantes do Brasil, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e dos Estados Associados. Esse deve ser o codinome de Hugo Chávez.
Em 2010, serão eleitos os 37 integrantes da bancada brazuca, pinçados numa lista pré-fabricada pelos partidos políticos. Cada um poderá indicar 55 candidatos. A turma ainda não montou todas as peças do mamute burocrático alojado em Montevidéu. Hoje, existem 25 funcionários provisórios e 18 representantes. A multidão está a caminho.
Decidiu-se que haverá, além da Presidência, 3 secretarias, 7 departamentos, 3 diretorias e 8 seções. Isso para começar.
Como se sabe, todos os países têm doutorado em multiplicação de cabides de emprego. Relator do projeto, o deputado Dr. Rosinha, do PT do Paraná, estendeu aos deputados do Parlasur os mesmos adjutórios que contemplam seus congêneres de Brasília:

- R$ 3.000 de auxílio-moradia,

- R$ 60 mil para contratação de funcionários e

- aquela cota única para despesas jamais comprovadas e passagens aéreas (que varia de acordo com os Estados de origem).
Fora os vencimentos de R$ 16.500 — e o que a imaginação sempre fértil vai infiltrar na calada da noite.
Nos cálculos da Folha de S. Paulo, a equipe brasileira vai gastar, no mínimo, R$ 4,5 milhões por mês.
Caso o time mantenha o modo de jogar, multiplique-se a quantia por 10. O preço das passagens, por exemplo, terá de levar em conta o valor da viagem entre cada Estado e Montevidéu. A farra aérea do Congresso já mostrou o que essa gente é capaz de fazer com um bilhete gratuito no bolso.
Isso é a busca de uma boquinha para ganhar um salário em dólar em Montevidéu”, avisa o deputado Arnaldo Madeira, do PSDB paulista.
O Mercosul está em crise total, não tem cabimento votar uma coisa dessas”. Ele também critica “a divisão irresponsável das cadeiras” no Parlamento. Madeira acha inadmissível que o Paraguai e o Uruguai tenham direito a 36 vagas. Somados, os dois países equivalem à metade do Estado de São Paulo.
Os primeiros lances permitem adivinhar o que vem por aí. Os patrocinadores da ideia argumentam que, se a União Européia tem seu parlamento, o Mercosul merece também. O que merece quem defende tamanha inutilidade é o imediato enquadramento por formação de quadrilha ou bando.