
Texto do jornalista Antonio Luis Almada, especialmente para este blog
Jornalistas, graças a quem?
Jornalistas, graças a quem?
Agora que meu diploma de jornalista, que já valia pouco, não vale mais nada, já estou me preparando para ser chamado de “coleguinha” (termo usado pela classe, mais depreciativo que “identificativo”) por gregos e troianos. Para mim, nenhuma novidade, já que comecei minha carreira, ainda na Faculdade, com grandes nomes do jornalismo baiano, aprendi quase tudo com eles, e nenhum deles de anel e diploma.
Não vejo razão, portanto, para espernear ou sentir-se na rua do abandono. No mundo das letras e das artes, a política também conta. Quantos professores assim são chamados sem nunca terem dado uma aula? Quantos vestem o fardão das academias sem terem produzido qualquer opúsculo digno de leitura? São compositores, escritores, literatos canários-de-uma-só-muda, que por qualquer bobagem produzida entram no acervo de incautos mecenas.
Para ser jornalista, o cidadão precisa de três atributos básicos: saber escrever – e bem -, ter uma cultura geral sólida e atualizada, e por fim falar uma língua estrangeira. Vamos percorrer as Faculdades de Jornalismo baianas e tentar encontrar essas peças promissoras? Convivi, ultimamente, com alguns formandos de Jornalismo, que buscavam orientação para trabalhos de classe, e foi uma decepção só.
A grade curricular desses cursos está mais para Artes Culinárias do que para Jornalismo. Aproveitei e fiz três perguntas triviais, do dia-a-dia da imprensa, a cada um deles, e nenhum soube responder, porque não se estuda Economia, Direito ou Artes nesses novos cursos.
Você é recém-formado e não sabe o que é um superávit primário, não sabe a diferença entre rapto e seqüestro ou o que caracterizava o estilo de Picasso. Que repórter poderá ser numa cobertura mais difícil?
É problema de cada órgão de comunicação admitir ou não candidatos sem diploma. Uma entrevista, ou um teste simples, pode avaliar o potencial de cada um. O resto, caso o candidato seja portador das três virtudes que cito acima... O resto? Bem, dê-me esse candidato que, em cinco dias úteis, ensino-lhe toda a técnica de jornalismo – reportagem e redação – e ele estará apto a “ir para o campo”. Quanto ao pulo do gato, ele aprenderá com a vivência na profissão. E aí estará o jornalista, graças a ele mesmo, porque essas Faculdades...
Claro, se as Faculdades de Jornalismo que por aí proliferam realmente fornecessem as ferramentas básicas, seria ideal somente contratar formandos e formados para exercerem a nobre profissão. Mas como não é assim, não vejo por que a exigência do diploma. Aos estudantes e formandos de Jornalismo, pelo menos na Bahia, eu proponho que meditem sobre a frase derradeira do famoso Quincas Berro D’Água: “Cada um que cuide do seu enterro! Impossível não há”.
Não vejo razão, portanto, para espernear ou sentir-se na rua do abandono. No mundo das letras e das artes, a política também conta. Quantos professores assim são chamados sem nunca terem dado uma aula? Quantos vestem o fardão das academias sem terem produzido qualquer opúsculo digno de leitura? São compositores, escritores, literatos canários-de-uma-só-muda, que por qualquer bobagem produzida entram no acervo de incautos mecenas.
Para ser jornalista, o cidadão precisa de três atributos básicos: saber escrever – e bem -, ter uma cultura geral sólida e atualizada, e por fim falar uma língua estrangeira. Vamos percorrer as Faculdades de Jornalismo baianas e tentar encontrar essas peças promissoras? Convivi, ultimamente, com alguns formandos de Jornalismo, que buscavam orientação para trabalhos de classe, e foi uma decepção só.
A grade curricular desses cursos está mais para Artes Culinárias do que para Jornalismo. Aproveitei e fiz três perguntas triviais, do dia-a-dia da imprensa, a cada um deles, e nenhum soube responder, porque não se estuda Economia, Direito ou Artes nesses novos cursos.
Você é recém-formado e não sabe o que é um superávit primário, não sabe a diferença entre rapto e seqüestro ou o que caracterizava o estilo de Picasso. Que repórter poderá ser numa cobertura mais difícil?
É problema de cada órgão de comunicação admitir ou não candidatos sem diploma. Uma entrevista, ou um teste simples, pode avaliar o potencial de cada um. O resto, caso o candidato seja portador das três virtudes que cito acima... O resto? Bem, dê-me esse candidato que, em cinco dias úteis, ensino-lhe toda a técnica de jornalismo – reportagem e redação – e ele estará apto a “ir para o campo”. Quanto ao pulo do gato, ele aprenderá com a vivência na profissão. E aí estará o jornalista, graças a ele mesmo, porque essas Faculdades...
Claro, se as Faculdades de Jornalismo que por aí proliferam realmente fornecessem as ferramentas básicas, seria ideal somente contratar formandos e formados para exercerem a nobre profissão. Mas como não é assim, não vejo por que a exigência do diploma. Aos estudantes e formandos de Jornalismo, pelo menos na Bahia, eu proponho que meditem sobre a frase derradeira do famoso Quincas Berro D’Água: “Cada um que cuide do seu enterro! Impossível não há”.