Escrito por Lineu Barretto (*)
- especialmente para o Pilórdia
A volta da Santa Inquisição (versão spaghetti)... ou, está aberta a temporada de caça às bruxas, isto é, aos imigrantes.
Talvez alguns dos leitores se lembrem do nome que se dava às sessões de cinemas de filmes de cowboy feitos na Italia. Eram chamadas de “sessão spaghetti”. Essa explicação é para iniciar meus breves comentários de hoje.
Li no periódico (que é como se chama o jornal, aqui na Espanha) El País, do dia 06/02/09, uma reportagem sobre a Lei de Segurança, que o Senado italiano aprovou, que prevê, entre outras coisas,
Talvez alguns dos leitores se lembrem do nome que se dava às sessões de cinemas de filmes de cowboy feitos na Italia. Eram chamadas de “sessão spaghetti”. Essa explicação é para iniciar meus breves comentários de hoje.
Li no periódico (que é como se chama o jornal, aqui na Espanha) El País, do dia 06/02/09, uma reportagem sobre a Lei de Segurança, que o Senado italiano aprovou, que prevê, entre outras coisas,
- uma tributação para permissão de residência (de imigrantes) com uma taxa de 80 a 200 euros;
- fichar a todos os “sem tetos” e “sem documentos” (chamados por eles de "registro de vagabundos");
- permitir (na verdade é obrigar) a que todos os médicos denunciem aos irregulares;
- legalizar as chamadas “patrulhas cidadãs desarmada” (para mim isso é uma espécie de caça às bruxas);
- e condenar a 4 anos de prisão os expulsos que não abandonaram o país.
Bem, ao contrário do que está acontecendo em nosso país, que está buscando anistiar os imigrantes ilegais, permitindo que eles regularizem a sua situação, aqui na Europa, com mais intensidade em um país que em outro, está aumentando o movimento para bloquear a imigração e identificar os que podem ser deportados, para “incentivarem” a voltar para sua pátria ou expulsá-los, em caso de não estarem estimulados.
Esse movimento está aumentando juntamente na mesma proporção que a crise econômica mundial. Uma vez que o aumento do desemprego está crescendo, os países europeus estão adotando uma postura protecionista, em relação aos postos de trabalhos nas suas empresas, e decidiram “botar” os seus cidadãos para trabalhar, em vez de contratar a mão-de-obra barata dos imigrantes, que tanto fizeram por eles nos tempos das “vacas gordas”, tendo em vista que muitos dos europeus costumam trabalhar por alguns meses e levam outro tempo "encostados" na Seguridade Social, que eles aqui chamam de “Paro”, aproveitando para fazer turismo ou outras atividades em que possam ganhar um “PF” (no jargão popular, por fora).
A minha maior preocupação é que, esse eufemístico argumento, de que estão protegendo o emprego dos seus cidadãos, o que não deixa de ser uma falta grave para governos que se dizem estar inseridos em um mercado global e competitivo, não esteja ocultando uma xenofobia, do mesmo tipo que levaram ao mundo à 2ª Grande Guerra. É como se as sementes dos famigerados nazismo e facismo estivessem prontas para brotar novamente. E isso a sociedade italiana não deve nunca permitir que volte a acontecer.
O que ocorre é que, quando um governo cria a convicção de que um estrangeiro, imigrante ou não, é um vagabundo e que pode ocupar a vaga de trabalho dos seus cidadãos, e dissemina isso para o seu povo, estimula às pessoas a retomarem as velhas práticas das caças às bruxas, isto é, a denunciar e perseguir a todos que não forem nativos do seu país, como a velha “Santa Inquisição” fazia com os que não eram cristãos, tratando-os como bruxos, herejes ou infiéis. E dai, esse sentimento pode aumentar a onda de violencia contra estrangeiros, como já vem acontecendo.
(*) Lineu Barretto é baiano de Salvador e atualmente reside em Salamanca/Espanha onde faz doutorado em Economía de la Empresa, na Universidad de Salamanca.
Bem, ao contrário do que está acontecendo em nosso país, que está buscando anistiar os imigrantes ilegais, permitindo que eles regularizem a sua situação, aqui na Europa, com mais intensidade em um país que em outro, está aumentando o movimento para bloquear a imigração e identificar os que podem ser deportados, para “incentivarem” a voltar para sua pátria ou expulsá-los, em caso de não estarem estimulados.
Esse movimento está aumentando juntamente na mesma proporção que a crise econômica mundial. Uma vez que o aumento do desemprego está crescendo, os países europeus estão adotando uma postura protecionista, em relação aos postos de trabalhos nas suas empresas, e decidiram “botar” os seus cidadãos para trabalhar, em vez de contratar a mão-de-obra barata dos imigrantes, que tanto fizeram por eles nos tempos das “vacas gordas”, tendo em vista que muitos dos europeus costumam trabalhar por alguns meses e levam outro tempo "encostados" na Seguridade Social, que eles aqui chamam de “Paro”, aproveitando para fazer turismo ou outras atividades em que possam ganhar um “PF” (no jargão popular, por fora).
A minha maior preocupação é que, esse eufemístico argumento, de que estão protegendo o emprego dos seus cidadãos, o que não deixa de ser uma falta grave para governos que se dizem estar inseridos em um mercado global e competitivo, não esteja ocultando uma xenofobia, do mesmo tipo que levaram ao mundo à 2ª Grande Guerra. É como se as sementes dos famigerados nazismo e facismo estivessem prontas para brotar novamente. E isso a sociedade italiana não deve nunca permitir que volte a acontecer.
O que ocorre é que, quando um governo cria a convicção de que um estrangeiro, imigrante ou não, é um vagabundo e que pode ocupar a vaga de trabalho dos seus cidadãos, e dissemina isso para o seu povo, estimula às pessoas a retomarem as velhas práticas das caças às bruxas, isto é, a denunciar e perseguir a todos que não forem nativos do seu país, como a velha “Santa Inquisição” fazia com os que não eram cristãos, tratando-os como bruxos, herejes ou infiéis. E dai, esse sentimento pode aumentar a onda de violencia contra estrangeiros, como já vem acontecendo.
(*) Lineu Barretto é baiano de Salvador e atualmente reside em Salamanca/Espanha onde faz doutorado em Economía de la Empresa, na Universidad de Salamanca.