Nada é o que parece, por Carlos Brickmann
Chata essa história de Presidência da Câmara, não? Não interessa a ninguém, a não ser os candidatos! Mas interessa, sim. E pode influenciar a vida de cada um de nós.
O motivo de tanta luta é um cálculo sinistro: o presidente da Câmara é o segundo na linha da sucessão do presidente da República. Como o vice, José Alencar, está com a saúde abalada e talvez não possa assumir, o presidente da Câmara passa a ser o sucessor de Lula. Fica a uma batida do coração do mais alto cargo da República. Mas fiquemos numa linha mais otimista. O presidente Lula viaja muito; e, nessas viagens, o substituto tem o poder de fazer muita coisa em pouco tempo. Pode nomear e demitir. E Lula, ao voltar, que descasque o abacaxi. Ou, em outra hipótese, se vier o terceiro mandato (pela manobra do fim da reeleição), o presidente da República precisaria se desincompatibilizar para concorrer. Pense só: o PMDB, que é o que é sem estar na Presidência, que é que faria se estivesse! Já a história de Presidência do Senado continua chata, não? Não interessa a ninguém, a não ser os candidatos! Mas interessa, sim. Ao lado de Sarney, do PMDB, há gente interessada na volta por cima, como Renan Calheiros e Roberto Jefferson. Sarney quer o cargo não só para ajudá-lo a retomar o Maranhão, onde perdeu força, mas também para evitar investigações muito duras sobre seu filho. E, de bônus, se o PMDB presidir Câmara e Senado, dará ampla contribuição à luta contra o desemprego.