quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Boa sorte, cavaleiro!


por Antonio Luis Almada

Boa sorte, cavaleiro
Depois que títulos e manchetes da imprensa mundial deram mais destaque à cor de sua pele do que a seu ideário político, Barack Obama segue formando um gabinete onde brotarão as principais decisões do país mais poderoso do mundo. Ponto para a imprensa? Sim, cumpriu seu "abecê" jornalístico. Ponto para Obama? Não, porque no underground da sedimentada "democracia preta e branca" dos Estados Unidos, o universalismo “colorido” de Obama pode ameaçar queimar o filme.
Não duvido de que, a partir de janeiro próximo, projéteis de todos os calibres, políticos e balísticos, poderão tentar criar obstáculos à caminhada do novo presidente, em nome da mitificação da sociedade mais "avançada" do planeta, onde o nazismo da Klu Klux Kan e afins permanece vivo e atuante. Lincoln e, mais recentemente, Kennedy, também eram universalistas e pregavam a igualdade entre os povos.
Aí, diriam meus dois leitores deste blog, que eu também fui maculado pelo surto de Cassandra, mas meu raciocínio - e meus temores- se movimenta dentro exclusivamente do contexto histórico. E se nada disso acontecer e Obama for menos o visionário espiritualista e mais o cavaleiro da luz que abriu as primeiras portas para a tão decantada Era de Aquarius? Aí, os quatro cavaleiros do Apocalipse desmentem a simbologia bíblica e passam a ser Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Justiça, e o Armagedon uma batalha de confetes, tão ao gosto de Euterpe.
Conotações à parte, uma vitória de Obama à frente do governo norte-americano será um grande passo para instaurar uma "democracia racial" em todo o mundo. Já uma derrota, em qualquer circunstância, será o tiro pela culatra, e aí não será a imprensa, mas o povo americano a destacar a cor da pele no contraponto do fracasso. Não apostaria contra Obama, mesmo empunhando um royal straight flush e com o cacife abastado. E mesmo com o tombo que levei no engodo do PT por aqui, ainda aposto na Esperança.
A ciência, e agora a economia, já provou que o planeta é um corpo e os países suas células. Em todo corpo, as células trabalham para o conjunto, e se uma adoece, todas as outras sentirão o baque, e o corpo fica enfraquecido. A globalização começa a mostrar essa realidade agora, com a quebradeira da economia mundial. Portanto, enquanto um só país-célula no corpo-planeta estiver enfraquecido, o corpo continuará doente. E nenhum de nós será plenamente feliz. Boa sorte, Obama.

Antônio Luís Almada é jornalista.