terça-feira, 4 de novembro de 2008

Crise, que crise?

Por André Carvalho
btreina@yahoo.com.br

Crise, que crise?
Amigos, leitores e familiares perguntam a respeito da minha posição frente à crise financeira que abala o mundo ocidental, o qual, na visão da esquerda brasileira, não passa de lixo neoliberal. É difícil falar de algo que nos afeta de forma peremptória. Na condição de investidor globalizado, (alguém acredita?) já perdi tanto dinheiro que fui obrigado a voltar ao batente, num subemprego que me garante 15 dias de cerveja e sanduíche de “sarxicha” para todo o mês. Um verdadeiro sufoco!!! Vi na internet que a crise é pior que o divórcio: “o cidadão perde metade do patrimônio, mas a mulher continua ao seu lado”. Um desespero!!!

Estou amargando meus lapsos petistas. Por caridade, não confunda lapsos com laços. Fui na onda do petista mor, nosso presidente Luiz Inácio que, ao longo dos últimos seis, sete meses, tripudiou da crise, dizendo ser um problema dos americanos, Bush à frente. Disse mais: que o Brasil vivia um momento mágico e que estava imune a qualquer oscilação econômica do mundo civilizado. Acreditei no Presidente, resultado: a crise chegou, a bolsa caiu e o pânico se estabeleceu. Ações em queda, moedas em alta, crédito em compasso de espera, investimentos cancelados, objetos de desejo recambiados à configuração dos sonhos.

Nem mesmo o pré-sal e sua bonança petrolífera foram capazes de segurar as ações da Petrobras, o mais valoroso bem nacional. Sobra-nos, de precioso, o ilusionismo do momento mágico usado para ludibriar uma platéia bestificada, e ávida por espetáculos de lesa-consciência.

A crise nos pegou, Presidente! Mais uma vez, em sua fanfarronice populista, o senhor foi incompetente e irresponsável. Incompetentes somos todos, naquilo que não dominamos e o senhor não domina muitas áreas do saber, isso é de domínio público. Da galhofa inicial, agora lhe resta a vergonha se este for um sentimento presente no seu universo existencial. Do momento mágico, vivido pelo seu Brasil, desaparecerão – sem que sua popularidade impeça – mais do que recursos especulativos em bolsa. Estes já vão tarde! Desaparecerão os “coelhos” da geração de empregos, os “ases” da fartura do crédito, as “pombas” do Programa de Aceleração do Crescimento e sobrarão as “cartas” manipuladas pelo seu marketing e as “caixas pretas” capazes de seccionar desafetos e opositores com os serrotes de sua fúria sindical.

Entretanto, no íntimo, não faltarão espelhos mágicos a embalar sua vaidade inesgotável.

Navegando na irresponsabilidade que banha o Planalto Central, o Ministro da Fazenda, o quase sempre desmentido e desautorizado Guido Mantega, antes de embarcar para uma reunião emergencial dos vinte paises mais ricos do mundo, afirmou que não perde o sono com a crise. Resta saber qual o ansiolítico que o ministro faz uso. Desconfio de receita prescrita pelo Temporão, que bem poderia ser tratado pela alcunha de “tarja preta” tal o perigo que representa para aqueles que necessitam de atendimento médico hospitalar.

Houvesse de se ajoelhar e nosso Presidente teria de fazê-lo aos pés de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, que nos últimos seis anos ameniza, pelo saber, pela credibilidade e pelo bom senso, as anarquias de um governo inconseqüente.

Inácio garante um natal maravilhoso. Claro! O brasileiro é tão distraído e desinformado que levará uns seis meses para perceber que a crise chegou à ponta, ao consumo, via aumento dos preços no varejo, da taxa de juros no financiamento e da redução do prazo nas prestações.

Haja crise!