domingo, 26 de outubro de 2008

Novo rei da Bahia?




Entrevista com Geddel Vieira Lima,
O grande vencedor em Salvador.

com o TerraMagazine




A reeleição do prefeito João Henrique (PMDB), em Salvador, projeta uma sombra para a aliança PT-PMDB em 2010. Mas o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, padrinho político do candidato vitorioso, não vê danos imediatos para a parceria com o governador Jaques Wagner (PT). Nem vê dificuldade para o diálogo depois de uma campanha marcada por insultos contra o governo estadual.
Com 99% das urnas apuradas, João Henrique conquistou 58,44% dos votos; Walter Pinheiro, do PT, estacionou em 41,56%.
Terra Magazine - Com a vitória de João Henrique, quem deve procurar primeiro o outro pra conversar, o senhor ou Jaques Wagner?
Geddel Vieira Lima
- Querido amigo, essa bobagem não é do tamanho da responsabilidade que nós temos pela frente. Não tenho dificuldade de procurar ninguém, nem deixar de ser procurado. Isso pra mim é uma coisa menor. O compromisso que o prefeito João Henrique vai capitanear nesse processo é com a cidade do Salvador. Essa questão de Wagner me procurar ou eu procurar Wagner... Eu não sou enamorado brigado com namorada. Esse tipo de coisa é quando a gente está namorando. Um homem público, um homem maduro, que tem responsabilidade, faz coisas sérias para o País e minha cidade.
Como sai o PMDB das eleições, na Bahia?
É evidente que o PMDB sai fortalecido. O PMDB sai com uma grande votação, tanto no interior quanto com a consolidação da vitória de João Henrique. Mas esse fortalecimento não é contra ninguém. É a favor da cidade do Salvador, a favor do Estado da Bahia.
E sua aliança com ACM Neto e Paulo Souto?
Que aliança? Não houve aliança com ACM Neto e Paulo Souto. A democracia, quando estabeleceu a eleição em dois turnos, ela sinalizou que o eleito deveria ter a maioria da votação do eleitorado. Isso significa dizer que aqueles que não passaram para o segundo turno têm que fazer uma escolha eleitoral. O DEM e ACM Neto escolheram, depois de procurados também pelo PT, o apoio à candidatura de João Henrique e do PMDB, em troca, exclusivamente, de o prefeito absorver quatro pontos do seu programa original. Foi um apoio circunstancial. Aliança nós fizemos com o PTB, que nos forneceu o vice, o professor Edvaldo Brito. E com o PP e o PDT no primeiro turno. Recebemos o apoio. Ponto. Nada pra 2010.
Em 2010, o senhor e o PT...
2010 é 2010. Você me liga quando 2010 chegar.
Como vê a crítica de que o senhor vai mandar mais que o prefeito João Henrique na prefeitura?
Com naturalidade. As pessoas confundem às vezes a característica de humildade e de generosidade do prefeito João Henrique com falta de firmeza. Talvez esse tenha sido o grande defeito dos adversários. A humildade e a generosidade não podem ser confundidas com falta de firmeza. Pelo contrário. Nos debates, ao longo da campanha, ele demonstrou firmeza e capacidade decisória que o conduziu à vitória. Da minha parte, não quero mandar em absolutamente nada. Tenho no prefeito João Henrique um amigo, é da minha geração, conheço os pais... Tivemos divergências, encontros e desencontros... Mas nossa união é algo maior do que qualquer fofoca, qualquer intriga.
O governador Jaques Wagner se queixou do tom da campanha do PMDB. Achou agressiva e desrespeitosa com o governo estadual.
O governador Jaques Wagner tem direito a se queixar do tom da campanha. Nós nos queixamos do tom da campanha e, no momento em que o governador Jaques Wagner, o líder político do Estado, quiser conversar sobre esses temas todos, nós estaremos sempre abertos, com muita humildade, para sobre eles tratá-los. Até porque o meu compromisso e o do prefeito João Henrique é pra criar todas as facilidades para o presidente Lula levar adiante o projeto de Brasil que tem dado certo.
Nacionalmente, como fica o PMDB após as eleições municipais?
Houve um crescimento do PMDB nacional, mas o argumento é o mesmo: não pra se imaginar que vai ser utilizado contra quem quer que seja. O crescimento do PMDB, com seu histórico de contribuições à democracia do País, à luta por avanços econômicos e conquistas sociais, só pode ser visto como o crescimento de um partido que tem inegáveis contribuições a dar para o futuro do País.