Por André Carvalho em 31 de julho de 2008
btreina@yahoo.com.br
Hipnose socrática
É peremptória a sinceridade do presidente Lula em suas falas. Talvez por isso e por sua singularidade, algo de desenfreadamente hipnótico aconteça com as pessoas ao ouvir, ler ou tomar conhecimento das suas declarações. Eu, por exemplo, a cada manifestação de sua excelência, fico magnetizado, quando não em estado de choque. O campo magnético repele ou atrai e o choque, cutuca e mata. Metaforicamente ambos são eletrizantes, porém inofensivos, daí continuar me permitindo ouvir, ler e tomar conhecimento, mesmo que o conteúdo e a métrica requeiram o plural.
Hein! Hein! Como? O quê? Foi assim que despertei e me dei conta de que estive fora do plano real e das minhas faculdades mentais, enquanto decodificava a última “mais absoluta convicção” presidencial, ditada ao planeta Terra, numa tarde de julho, ao inaugurar uma usina de biodiesel no município de Candeias, na velha Bahia, agora do Wagner e do Geddel em proporções ainda negociáveis.
Disse o presidente Lula: “Não falem sobre poluição com o Brasil porque o Brasil não tem nada a aprender [sobre isso], tem a ensinar”.
A única lembrança que tenho do momento hipnótico que aí vivenciei é a aparição do grego Sócrates, ora veja, com seu “imodesto” pensamento: “Só sei que nada sei”. Uma tremenda alucinação minha, eis que o país não tem vocação socrática para que eu, um dos seus patrióticos contribuintes, vislumbre o antigo filósofo, condenado à morte, há mais de 2.400 anos, por suas idéias, evidentemente, socráticas.
Só depois percebi a transcendência da “coisa”. Mesmo não sendo o Brasil um país socrático, vez por outra, o Lula imita o filósofo dizendo não saber de nada. Pura modéstia. Aliás, esta fase do Lula está terminando. A modéstia também. Agora ele já sabe tudo de tudo. E o Brasil, assim no coletivo, também sabe. Somos um país de sabidos!
Veja o exemplo da poluição, dado pelo presidente. Dominamos o assunto na teoria e na prática. Sabemos muito bem como poluir o meio ambiente. Ninguém precisa nos ensinar nada. Somos doutores na questão. Basta olhar os rios, os mananciais, os aterros sanitários, as praias, os pântanos, as ruas das cidades. Basta somar as queimadas e as brandas leis que regulamentam a emissão de gases poluentes pelos veículos e pelas chaminés. Agregue a tudo isso os dejetos do rebanho bovino, e, pronto, damos aulas ao mundo.
Os mais céticos, juntamente com a base aliada, dirão que é mentira. Mas nesta esfera do conhecimento também somos mestres. Mentir faz parte de nossa indumentária social na direta proporção em que faz parte da filosofia de vida dos nossos políticos. E, com a manifesta mania de grandeza do brasileiro, mentimos muito, a começar pelos “grandes” em seus suntuosos gabinetes. Mentir só não é esporte nacional porque as disputas terminariam sempre empatadas o que seria um resultado desastroso para um povo imbatível! Verdadeiramente dá pra ensinar ao mundo e ainda sobrar muita cascata para consumo interno.
Recuso-me apenas a revelar nosso loroteiro mor.
btreina@yahoo.com.br
Hipnose socrática
É peremptória a sinceridade do presidente Lula em suas falas. Talvez por isso e por sua singularidade, algo de desenfreadamente hipnótico aconteça com as pessoas ao ouvir, ler ou tomar conhecimento das suas declarações. Eu, por exemplo, a cada manifestação de sua excelência, fico magnetizado, quando não em estado de choque. O campo magnético repele ou atrai e o choque, cutuca e mata. Metaforicamente ambos são eletrizantes, porém inofensivos, daí continuar me permitindo ouvir, ler e tomar conhecimento, mesmo que o conteúdo e a métrica requeiram o plural.
Hein! Hein! Como? O quê? Foi assim que despertei e me dei conta de que estive fora do plano real e das minhas faculdades mentais, enquanto decodificava a última “mais absoluta convicção” presidencial, ditada ao planeta Terra, numa tarde de julho, ao inaugurar uma usina de biodiesel no município de Candeias, na velha Bahia, agora do Wagner e do Geddel em proporções ainda negociáveis.
Disse o presidente Lula: “Não falem sobre poluição com o Brasil porque o Brasil não tem nada a aprender [sobre isso], tem a ensinar”.
A única lembrança que tenho do momento hipnótico que aí vivenciei é a aparição do grego Sócrates, ora veja, com seu “imodesto” pensamento: “Só sei que nada sei”. Uma tremenda alucinação minha, eis que o país não tem vocação socrática para que eu, um dos seus patrióticos contribuintes, vislumbre o antigo filósofo, condenado à morte, há mais de 2.400 anos, por suas idéias, evidentemente, socráticas.
Só depois percebi a transcendência da “coisa”. Mesmo não sendo o Brasil um país socrático, vez por outra, o Lula imita o filósofo dizendo não saber de nada. Pura modéstia. Aliás, esta fase do Lula está terminando. A modéstia também. Agora ele já sabe tudo de tudo. E o Brasil, assim no coletivo, também sabe. Somos um país de sabidos!
Veja o exemplo da poluição, dado pelo presidente. Dominamos o assunto na teoria e na prática. Sabemos muito bem como poluir o meio ambiente. Ninguém precisa nos ensinar nada. Somos doutores na questão. Basta olhar os rios, os mananciais, os aterros sanitários, as praias, os pântanos, as ruas das cidades. Basta somar as queimadas e as brandas leis que regulamentam a emissão de gases poluentes pelos veículos e pelas chaminés. Agregue a tudo isso os dejetos do rebanho bovino, e, pronto, damos aulas ao mundo.
Os mais céticos, juntamente com a base aliada, dirão que é mentira. Mas nesta esfera do conhecimento também somos mestres. Mentir faz parte de nossa indumentária social na direta proporção em que faz parte da filosofia de vida dos nossos políticos. E, com a manifesta mania de grandeza do brasileiro, mentimos muito, a começar pelos “grandes” em seus suntuosos gabinetes. Mentir só não é esporte nacional porque as disputas terminariam sempre empatadas o que seria um resultado desastroso para um povo imbatível! Verdadeiramente dá pra ensinar ao mundo e ainda sobrar muita cascata para consumo interno.
Recuso-me apenas a revelar nosso loroteiro mor.