segunda-feira, 19 de maio de 2008

Da República ao Sultanato.

Por André Carvalho
btreina@yahoo.com.br
em 15 de maio de 2008
via e-mail

Vitaliciedade
Por razões óbvias, sou contra um terceiro mandato presidencial para o Lula, mas não sou louco em ir de encontro ao que ele prega, muito menos àquilo que deseja a maioria esmagadora dos meus compatriotas.
Semana passada, o presidente afirmou que oito anos é pouco tempo para o governante fazer o que acha que deve fazer e que é preciso fazer. Concordo, mesmo entendendo que, mais uma vez, o presidente confundiu o público com o privado. Não dá para aplicar todo um projeto de vida em escassos e breves oito, dez anos. Digo assim porque, confuso, o ilustre pernambucano tem um projeto de vida e não de governo.
Só um projeto de vida muito sólido e estruturado é capaz de fazer um cidadão lavantar-se de derrotas acachapantes, como foi o caso de Lula, nas três ou quatro eleições presidenciais que perdeu. Somente um projeto de vida milionário para fazer o cidadão abrir mão de um mandato de deputado federal, como fez o Inácio, ao desistir de concorrer nas eleições proporcionais federais, onde a vitória era certa. Somente um projeto de vida imperecedouro para mudar significativamente os ideais de um homem.

Por esta perspectiva, sinto-me desejoso de propor, então, a vitaliciedade, através da proclamação da Monarquia, no sentido inverso do ocorrido em 1889. Penso, inclusive, que melhor do que Monarquia é transformar o Brasil num Sultanato, sem essas bobagens de sistema de governo parlamentarista ou presidencialista.
Sultanato e pronto. Lula, Sultão, até que a morte o carregue! Aí, assume, como nos melhores Sultanatos do mundo, Lulinha, o sucessor dinástico. E assim vai até o Lula reencarnar.

Sultanatos existem há milhares de anos e perduram até os dias atuais no Brunei, na Malásia, em Omã e em outros recantos menos divulgados. Cabe lembrar que o Império Otomano, tão rico e tão forte quanto o Brasil de hoje, foi, em 1383, um exemplo de sultanato.

As vantagens são inúmeras e posso listar as mais imediatas:

- Um Sultanato simples e direto dispensa Senado Federal e Câmara dos Deputados. Aliás, no Brasil, as casas legislativas não se fazem necessárias há muito tempo;
- Como o Sultão é soberano, fecham-se o Supremo Tribunal Federal e todas as demais instâncias judiciais. Lula decide o certo e o errado, como já pensa fazer;
- Não havendo congresso nem presidente, não há que haver eleições, o que, intrinsecamente, elimina os partidos políticos. Imitando o modelo bolchevique de 1917 o PT assumiria oficialmente “O Estado” mais ou menos como já vem ocorrendo, por debaixo dos panos, nos últimos seis anos. Assim, escafede-se a oposição;
- Sultanato não é federativo, portanto não há necessidade de governos estaduais e municipais. Em cada uma das províncias sultânicas, um Paxá, tipo interventor do Estado Novo Getulista, a quem Lula deve ter por meta ultrapassar, em anos de poder. Quadros não faltam. Um primo aqui, um tio ali, um irmão acolá, uma filha alhures, muitos companheiros... e o problema está resolvido;
- no âmbito macro econômico, posso garantir o arrefecimento da pressão sobre o fluxo de caixa do Sultanato, por não mais haver a premência da locupletação. A vitaliciedade concederia, à turma, toda uma vida pela frente. Cinqüenta e um bilhões de reais arrecadados a cada mês não é miséria pouca pra pirão primeiro;
- por falta do que fiscalizar e denunciar, fecham-se a Controladoria e a Procuradoria Geral da União. Fecham-se também os Tribunais de Contas em todas as suas instâncias;
- a revista Carta Capital, última e única, passa a se chamar Missiva do Sultão. Como sonham as esquerdas, teremos universidades e sindicatos unidos, mais ainda do que nos dias atuais, dirigidos pela CUT, com metodologia fornecida pelo SENAI, sempre em benefício dos súditos cotistas minoritários. Ao MST caberia cuidar da educação fundamental e de base, como já faz em suas vilas campesinas.

Convém informar que os mais importantes sultanatos que coloriram a história da humanidade fizeram parte de um Califado. Se for necessário faremos parte do Califado HUGOLUGOEVO, agora maior e mais forte do que nunca com o ingresso do Paraguai do Bispo Fernando.

O insuspeito e poderoso Califa Chaves há muito espera por isso. Se me deixarem vivo serei, forçosamente, o bobo da corte.
* André Carvalho é um articulista free-lancer. Escreve com prazer e competência.