Escrito pelo jornalista Andres Viriato.
Feriado em São Paulo, o Dia da Consciência Negra, neste 20 de novembro, apesar das manifestações em todo o país tem tudo para permanecer apenas como mais uma data fixa em nosso calendário de eventos.
Feriado em São Paulo, o Dia da Consciência Negra, neste 20 de novembro, apesar das manifestações em todo o país tem tudo para permanecer apenas como mais uma data fixa em nosso calendário de eventos.
Negros, índios, deficientes, quando um país concentra minorias em batalhas fronteiriças – entre a “deserdação” e o status quo – dá um claro sinal de desajuste político e subdesenvolvimento social, e, pior ainda, de maneira sub-reptícia e cruel, porque sem o aval oficial, como na Índia dos párias, mas com a segregação vergonhosamente difundida no dia a dia em escolas, lojas, supermercados e afins.
O racismo não é um mal endêmico que se elimine com terapia repressiva ou aplicando com rigor as penalidades legais. A questão é individual, principalmente de ignorância das leis naturais e de uma deformação cultural que vem de há muito cavalgando o tropel de nossa história. Assim como é inútil soltar pombas e pregar faixas no clamor por liberdade, a libertação de um secular processo segregacionista não se dará senão por uma decisão de cada indivíduo, num contexto cultural e até mesmo espiritual, a partir do entendimento da importância de cada ser nesta matizada e igualitária Mãe Natureza.
Todos falam com horror do holocausto na 2ª Guerra Mundial mas jamais se ouviu alguém se indignar com os mais de 100 milhões de índios dizimados por portugueses e espanhóis em nossas bandas, com o beneplácito da Igreja.
O escravagismo que se alimentou da África massacrou também milhões de negros em todo o mundo, e aí se pergunta: o que mudou com os negros africanos e com os índios, de lá para cá? Os negros morrem de fome e de doenças típicas dos torrões da miséria, tiraram dos índios quase tudo que lhes pertencia, numa prova de que o ultraje é o mesmo, mudaram-se apenas os métodos e as ferramentas. Apesar da Lei Afonso Arinos e das cotas nas universidades, a diferença do ontem para o hoje é que os negros trocaram as senzalas por morros e favelas. Analiso que, quando o governo cria mais mecanismos de defesa dos negros contra os brancos, está fortalecendo a natureza de minoria de negros, pardos e mulatos, e o destino das minorias sempre aporta em isolamento sócio-cultural. Quem observa a Natureza e suas infinitas manifestações constata que cada ser é perfeito no plano que ocupa. São infinitas as manifestações nos planos mineral, vegetal, animal e hominal, e para o homem evoluído é na diversidade da criação que reside a igualdade entre todos os seres, todos com a mesma importância para a composição e a evolução da vida. Somente os ignorantes – aqui no sentido de desconhecer as leis, e os homens só erram porque as desconhecem – criam os iguais e discriminam os desiguais. Um dia, quem sabe, possamos festejar uma consciência de todas as cores.