quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Enquete de virada de ano

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à sua direita

Boas Festas!!!



Arte de ALECRIM


Arte de AMARILDO


Arte de LUSCAR


Arte de NEWTON SILVA


Arte de PELICANO


Arte de SPONHOLZ

Arte de  ZOP


Arte de BENETT


Arte de BENETT


Arte de DUKE

Arte de 



Humor by whatsapp


Dólar sobe em todos 5 anos de Dilma

Direto da UOL

Dólar sobe em todos 5 anos de Dilma e salta 137%, de R$ 1,666 a R$ 3,948

O dólar comercial subiu nesta quarta-feira (30) e fechou a última sessão de 2015 com alta de 1,83%, valendo R$ 3,948 na venda. Com isso, a moeda subiu 48,49% ao longo do ano. Nos cinco anos de governo Dilma Rousseff (PT), o dólar disparou 136,97%.

Em 30 de dezembro de 2010, antes da posse dela em seu primeiro mandato, em janeiro de 2011, a moeda valia R$ 1,666.



Veja como foi a alta do dólar nos dois mandatos de Dilma:
2011: + 12,15%
2012, + 9,61%
2013: + 15,11%
2014: + 12,78%
2015: + 48,49%

O dólar começou 2015 a R$ 2,659 e terminou em R$ 3,948, o que representa um aumento de R$ 1,289 ou 48,49%. 

O fechamento de 2015 ficou acima da expectativa de mais das cem instituições financeiras consultadas pelo Banco Central para o Boletim Focus, que esperavam que a moeda fechasse o ano em R$ 3,90, conforme o último relatório divulgado na segunda-feira.

Ao longo de dezembro, o dólar acumulou alta de 1,58%.

Leia mais AQUI

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Não estudo inglês porque é difícil


José Dirceu vai passar o ano novo atrás das grades

Do O Antagonista, hoje.

Francisco Falcão atendeu requerimento dos irremediáveis Wadih Damous e Paulo Pimenta para retirar do Twitter nota publicada ontem que dizia que "José Dirceu vai passar o ano novo atrás das grades".

Os deputados mandaram no início da tarde um requerimento a Falcão pedindo que a nota fosse deletada, alegando que a linguagem era inadequada para uma "comunicação institucional do STJ" e que aviltava a dignidade de Dirceu.

Não tem problema, a gente reproduz a nota do STJ e reitera que "José Dirceu vai passar o ano novo atrás das grades".

Adeus 2015!

Por Josias de Souza.


Ano de 2015 abusa da paciência dos brasileiros
Excluindo as outras 52.352 coisas deploráveis ocorridas em 2015, denuncio os seguintes crimes cometidos contra a paciência dos brasileiros durante o ano velho:

Arte de BENETT

A reviravolta que despertou no eleitorado o desejo de submeter Dilma a um exame de DNA logo depois da reeleição; o contrassenso de chamar a clientela de contribuinte antes de tentar arrancar-lhe na marra uma nova CPMF; a inflação de 10,8%, acompanhada de recessão e desemprego, sobretudo porque todos sabem que o caos econômico era evitável; a saudade do tempo em que dar uma pedalada era apenas acionar os pedais de uma bicicleta; a Dilma apresentando-se sempre como vítima de alguém; o Eduardo Cunha no papel de abre-alas da oposição; a sofreguidão com que Dilma vai atrás do Renan Calheiros, corteja o Renan Calheiros, entrega a viabilidade do seu governo à conveniência do Renan Calheiros; a Dilma tratando o Eduardo Cunha como cachorro louco sem explicar por que mantinha um afilhado dele na vice-presidência da Caixa e tentava ser seu amigo antes da deflagração do impeachment; o PT chamando de “golpe” um processo de impeachment previsto na Constituição e disciplinado pelo STF; a evolução do presidencialismo de coalizão para a sua forma mais pura, que é a vigarice; o neo-aliado Fernando Collor xingando Rodrigo Janot de “filho da puta” na tribuna do Senado por ter revelado que ele continua sendo Fernando Collor; a Lava Jato comprovando diariamente que a democracia brasileira é um projeto político que saiu pelo ladrão; a evidência de que, não contentes em existir, os corruptos passaram a existir em grande número; a desilusão que se abateu sobre o asfalto depois que os manifestantes se deram conta de que o poder de fazer barulho na rua pode ser poder nenhum; a desfaçatez com que o petismo se vangloria de ter aparelhado a Polícia Federal e prestigiado o Ministério Público, abstendo-se de mencionar que providenciou também a matéria-prima para os escândalos que o cercam; o TSE transformado pelo PT em lavanderia de pixulecos; o Lula repetindo que ‘não sabia’; a Dilma declarando que não confia em delator que faz delação com base numa lei sancionada por Dilma; a comprovação de que a elite empresarial brasileira pilhava a Petrobras ao mesmo tempo em que enchia as colunas sociais, publicava artigos e aconselhava ministros; a rapidez com que o PT suspendeu a filiação do líder preso Delcídio Amaral em contraste com o tratamento de “guerreiro do povo brasileiro” dispensado a personagens como o tesoureiro encarcerado João Vaccari Neto; o talento insuspeitado do Eduardo Cunha como vendedor de carne enlatada para a África; a transformação do Conselho de Ética da Câmara numa sucursal da Casa da Mãe Joana; a desenvoltura com que quatro dezenas de parlamentares enrolados no escândalo da Petrobras trafegam pelos corredores do Congresso como se nada tivesse sido descoberto sobre eles; o silêncio perturbador da banda muda do Congresso Nacional; a Dilma apelidando de reforma ministerial mais uma troca de cúmplices; a perspectiva de indulto da pena imposta no julgamento do mensalão a José Dirceu, que aguarda na cadeia por uma nova condenação no petrolão; a nota oficial em que o PSDB se disse “surpreso” com a condenação de Eduardo Azeredo no processo sobre o mensalão tucano de Minas Gerais; o filho do Lula embolsando R$ 2,5 milhões por “consultoria” copiada da internet; os 62 milhões de metros cúbicos de lama despejados pela Samarco no meio ambiente; a conversão do Aedes aegypti em hospedeiro do vírus zika; o desejo que Dilma desperta nas pessoas de viver no Brasil que ela descreve em seus discursos, seja ele onde for.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Joice Hasselmann denuncia novo golpe do PT

Com o Besta Fubana

A crise econômica deu pretexto para o governo petista, com o apoio do Congresso, cortar as asas da Polícia Federal. O orçamento da corporação sofrerá um corte de 133 milhões de reais em 2016. Com isso, ficam comprometidas todas as operações da PF, em especial – surpresa! – aquelas que combatem crimes cometidos contra o Tesouro.

Ontem, 37 delegados da PF enviaram uma carta a José Eduardo Cardozo, exigindo que “menos discursos e mais ações efetivas do Ministério da Justiça em defesa da Polícia Federal”, a fim de “impedir que a Polícia Federal seja alvo de um processo de sucateamento em razão do cumprimento da sua competência constitucional: combater o crime organizado, os crimes decorrentes dos desmandos políticos e econômicos e a corrupção”.

Resumo da situação, senhores: como os bandidos controlam o dinheiro da polícia, eles cortam o dinheiro da polícia para tentar evitar que ela os prenda.





Os delegados que levam a Polícia Federal como uma entidade republicana, constitucional – e não como mais uma facção do gunverno do PT -, alegam que, somente com a operação Lava-Jato, a atuação do órgão já viabilizou a recuperação para os cofres públicos de mais de 2,4 bilhões de reais. E isto até agora. Fora o que ainda vem pela frente.

E os canalhas gunvernamentais cortaram o dinheiro que serviria exatamente pra combater a corrupção.

Vocês tão intendendo, num é?

Pois é.

Depois, com a cara mais lisa deste mundo, brilhando de tanto óleo de peroba, Lula, Dilma e os baba-ovos vem a público declarar que “nunca se combateu tanto a corrupção” como no gunverno petralha.

E tenho dito!


Ode ao velho Chico (o outro)

Autoria desconhecida

CHICO


Perdoe se minha admiração não é irrestrita. 
Você apoia quem rouba, quem roubou
 e quem tem roubado, não tem discussão.

De Paris, 
você não se importa em ver a Pátria Mãe, 
tão distraída, 
ser subtraída em tenebrosas transações. 

Afasta de ti esse cálice, Chico!
O que será que lhe dá pra defender
 quem não tem decência, 
nem nunca terá, 
quem não tem vergonha, 
nem nunca terá, 
quem não tem limite?

Cantei cada uma de suas canções 
como se fosse a última!
Olhos nos olhos, 
dói ver o que você faz ao defender quem corrompe,
 engana e mente demais.

Não é por estar na sua presença, 
mas você vai mal. Vai mal demais.
Eu te vejo sumir por aí, 
arruinando sua biografia,
 que se arrasta no chão, 
cúmplice de malandro com aparato de malandro oficial, 
malandro investigado na Polícia Federal.

É, Chico, você tá diferente,
 já não te conheço mais. 
Quem te viu, quem te vê!
Trocando em miúdos, 
pode guardar as sobras de tudo 
que não conseguirem roubar.

Apesar de você e do PT, 
amanhã há de ser outro dia.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Futebol - Cotas da TV Globo

Por André Barcinski.

Globo age como o pai que faz de tudo para o filho ganhar as peladas
Quando eu era criança, havia na rua um menino cujo nome não lembro agora, mas que chamarei de Mauricinho. O pai de Mauricinho era rico e cobria o filho de mimos. Na pelada da rua, enquanto todos jogavam com uma bola Dente de Leite ovalada, Mauricinho aparecia com uma Adidas de couro. Todo mundo queria jogar no time de Mauricinho, porque ele trazia uniformes e presenteava a molecada com camisas oficiais. Assim, podia escolher os jogadores que quisesse e vencia todas as peladas.



Quando leio sobre as cotas de TV que a Rede Globo pagará aos clubes brasileiros a partir de 2016, me lembro de Mauricinho, o playboy. Porque a Globo age como o paizão rico que faz de tudo para que seu filhinho ganhe todas as peladas. No caso, seus dois filhinhos: Corinthians e Flamengo. Timãoricinho e Flaboy.

Até 2011, as cotas de TV eram razoavelmente justas. A diferença entre os times do topo (R$ 25 milhões) e os de baixo (R$ 13 milhões) não chegava ao dobro. Em 2016, entretanto, Corinthians e Flamengo receberão R$ 170 milhões, quase cinco vezes o que caberá aos menos favorecidos (R$ 35 milhões) e quase três vezes a cota de Cruzeiro, Atlético-MG, Inter, Grêmio, Fluminense e Botafogo (R$ 60 milhões). O terceiro clube do ranking, o São Paulo, receberá R$ 60 milhões a menos que os dois preferidos da Globo.



Nada justifica essa disparidade. Os números que deveriam interessar à Globo, os de audiência, não são tão diferentes assim. Mas a emissora faz de tudo para criar um abismo entre os clubes. O objetivo parece ser transformar o Brasileirão em um campeonato semelhante ao espanhol, onde Barcelona e Real Madrid recebem muito mais que os outros e dominam os títulos (no mesmo dia em que o Barcelona venceu com facilidade o River Plate, campeão sul-americano, o Real Madrid marcou 10 a 2 no Rayo Vallecano ).

Para isso, a emissora conta com a incompetência dos outros clubes, que assistem a tudo calados, não organizam um boicote e, de pires na mão, aceitam o que a Globo paga, sem entender que esse processo é irreversível e resultará em campeonatos cada vez menos equilibrados.



E o favorecimento não termina aí: segundo notícias recentes, a Globo teria aceitado mencionar em suas transmissões o nome da empresa que comprar os "naming rights" da Arena Corinthians, enquanto continua a chamar o Allianz Parque de "Arena Palmeiras".

E Corinthians e Flamengo, estão confortáveis com essa situação? Aparentemente, sim: segundo Ricardo Perrone, colunista do UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha, o time paulista já teria recebido da Globo a garantia de que a diferença de valor em relação aos outros times será mantida em contratos vindouros. É o triunfo do capitalismo à brasileira, onde a competição não é incentivada, mas aniquilada. Como dizem por aí, 7 a 1 foi pouco.

Leandro Kamal comenta os gastos de Dilma



Ignorantes do Leblon

Por Gregório Duvivier.

Com comentários de Fernando Holiday

Ignorantes do Leblon
Nunca aprendi a rezar o Pai Nosso. Comemorávamos Natal só porque é aniversário da minha mãe. Celebrávamos a Páscoa, mas confesso com bastante vergonha que não faço ideia do que significa. Sim, sei que tem a ver com Jesus. Mas não sei qual era a relação dele com o coelho, e nem por que raios esse coelho põe ovos, e por que diabos são de chocolate.

O mais perto que tinha de religião lá em casa era a música: meus pais só veneravam deuses que soubessem tocar. Ninguém rezava antes de comer, mas minha mãe botava a gente pra dormir religiosamente cantando Noel e acordava cantando Cartola. Meu pai passava o dia no sax tocando Pixinguinha e a noite no piano tocando Nazareth. Música não era um pano de fundo, era o caminho, a verdade, a vida. Tom era o Pai, Chico, o Filho, Caetano, o Espírito Santo.



versão sem Lei Rouanet

Podia falar os palavrões que eu quisesse, mas ai de mim se ousasse tocar violão com acordes simplificados. "A pessoa que fez esse arranjo devia ir presa", dizia minha mãe. Preferiam me ver pichando muros a me ver batucando atravessado. Quando descobriram que eu fumava maconha, meus pais me disseram que não tinha nada de errado, desde que eu só fumasse em casa. Quando eu comprei um CD do LS Jack, disseram que não tinha nada de errado, desde que eu nunca ouvisse aquilo em casa.

Às vezes organizavam um sarau que parecia missa. "Silêncio, que se vai cantar o fado", dizia a Luciana Rabello, e daí tocavam choro como quem reza. Todos se calavam como numa igreja. A criança que abrisse o bico tomava logo um tabefe. Aquilo era sagrado. Pra mim, ainda é.



O Trono do Estudar

Herdei deles a devoção (sem herdar, no entanto, o talento para a música). Às vezes queria me importar menos com isso. Quando vejo as agressões ao Chico –e não estou falando do bate-boca na calçada, mas da campanha difamatória da qual os ignorantes do Leblon são meros leitores–, para mim é como se chutassem uma santa ou rasgassem a Torá. Como sou a favor da liberdade total de expressão, inclusive quando ela fere o sagrado dos outros, limito-me a torcer para que passem a eternidade ouvindo Lobão e Fábio Jr., intercalados com discursos do Alexandre Frota e Cunha tocando bateria. Uma coisa é certa: a oposição e sua trilha sonora se merecem.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Porta Aberta ao Juízo - LXIII



Este mundo não vale uma pena de pavão.
Quando se pensa estar com tudo, vem o não.

[Gilberto Quadros]
{extraído do livro Porta Aberta ao Juízo}

Chega de patrulha

Por Carlos Brickman.


Chega de patrulha
Millôr Fernandes, um gênio brasileiro, é o autor da melhor definição de civilização: 

“Todo homem tem o sagrado direito 
de torcer pelo Vas­co 
na arquibancada do Flamengo”.


O episódio em que Chico Buarque foi abordado na rua por um grupo de pessoas que questionava sua posição petista é exatamente o contrário do que se define por civilização: Chico Buarque tem o direito sagrado de ser petista, comunista, de achar que Fidel Castro é o máximo, de gostar de Maduro e Evo Morales, e ninguém tem nada com isso, exceto em discussões políticas. E para haver uma discussão política é preciso que os dois lados concordem em discutir. Gritaria de madrugada no meio da rua, com insultos, definitivamente não é a maneira de iniciar uma discussão política.




O problema é que não podemos condenar a metade da guerra: é preciso condenar a guerra inteira. Não está certo insultar Chico Buarque por suas ideias, nem expulsar Guido Mantega a gritos do hospital onde tinha ido tratar a mulher, nem mandar a presidente da República a locais normalmente destinados, pela torcida, a árbitros de futebol. Mas também não está certo, como já ocorreu (e não motivou grandes protestos), ameaçar o grande chargista Chico Caruso de “esculacho” – ou seja, de juntar em frente à sua casa uma vociferante manada para dirigir-lhe insultos – pelo crime de ter feito uma piada com a qual os petistas não concordaram. Também não está certo o assédio moral – com participação de idiotas internacionais – a Caetano Veloso e Gilberto Gil, por sua decisão de realizar um show em Israel, país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas. Como não está certo usar as redes sociais para difamar políticos de outros partidos que não o PT, com insultos como “cheirador”, “vagabundo”, “canalha” – não desmintam, por favor. Essas coisas estão arquivadas direitinho, até para que se saiba quem presta e quem não presta.

Arte de Heitor


Pior ainda é quando os responsáveis pelos insultos ocupam cargos de importância e utilizam o tempo do trabalho, mais o equipamento posto à sua disposição, basicamente para a militância partidária difamatória, e deixam de cumprir as funções essenciais para as quais são pagos.

Este colunista se sente muito à vontade para pedir que o debate político se civilize. Não concorda com nenhuma ideia de Chico Buarque, mas continua fã da maioria esmagadora de suas composições. Não concorda com José Dirceu, mas todos os contatos que teve com o líder petista foram cordiais, amenos, agradáveis. Jamais deixará de gostar da obra de um intelectual por discordar de suas posições políticas (e jamais passará a gostar da obra de outros por concordar com as posições políticas que assumam). Por que não?O sujeito pode ser politicamente cego, mas não deixa de ser inteligente em outros aspectos da vida; e não deixará de ser amigo por discordâncias partidárias. Se deixar de ser amigo, é porque amigo nunca foi: tratava-se apenas de um canalha.




No grupo de amigos que estava com Chico Buarque, um nome chama a atenção de quem tem boa memória: Cacá Diegues. Cacá, excelente cineasta desde o Centro Popular de Cultura da UNE, nos tempos em que a UNE era uma entidade política e se preocupava com o país), um dos diretores de “Cinco Vezes Favela”, um dos filmes que marcaram o início do Cinema Novo, diretor do notável “Bye, bye, Brasil”, musicado, a propósito, por Roberto Menescal e Chico Buarque, tem o irremovível DNA da esquerda. Mas foi ele que denunciou as patrulhas ideológicas, movidas por fascistas de esquerda contra todos os artistas que não partilhavam de suas ideias. Na época, lembremos, as patrulhas atingiram até mesmo Elis Regina; e liquidaram a carreira, e a vida, de Wilson Simonal, que por mais erros políticos que tenha cometido foi um excelente cantor.

Não é terrível que Cacá, com uma história politicamente mais rica e matizada que a de Chico, seja vítima, tantos anos depois, de uma patrulha ideológica formada por jovens que provavelmente nem sabiam com quem falavam? Não, não é exagero: o pai de um dos rapazes que insultaram Chico disse que teve de lhe contar quem é Chico e qual sua importância para a música popular brasileira.



Chega disso! A política, para ter sentido, exige conversa, muita conversa. A munição da política, ensinava Ulysses Guimarães, é a saliva. Se não houver conversa, não há política: há enfrentamento, há a vitória da força bruta. É um filme cujo final  conhecemos: os bandidos, seja qual for seu partido, vencem; e quem morre somos nós.

Chico Buarque não é inatacável, claro. Quem se diz contra ditaduras e jamais disse uma palavra negativa a respeito de Fidel Castro tem tudo para ser atacado. Este colunista, fã do compositor Chico Buarque, que o considera um novo Noel, prefere não se preocupar com as posições políticas do artista. Mas Millôr Fernandes, que inicia esta nota, pode encerrá-la, com sua análise das posições políticas de Chico Buarque: 

Eu desconfio de todo idealista 
que lucra com seu ideal”.


Os visionários do SUS

Por Dráuzio Varela.
FOLHA SP

Os visionários do SUS
Nasci no Brás, durante a Segunda Guerra Mundial. Da rua em que morávamos até a Praça da Sé, são 20 minutos de caminhada.

Quando estava com sete anos, acordei com os olhos inchados, e meu pai me levou ao pediatra.

Ao voltarmos, o futebol ininterrupto que jogávamos com bola de borracha na porta da fábrica em frente parou, e a molecada correu até nós. Queriam saber se era verdade que os médicos davam injeções enormes na bunda das crianças.

Nenhum daqueles filhos de operários, meus irmãos ou eu haviam ido ao pediatra; só os fortes sobreviviam, a morte de crianças era aceita com resignação. Em várias regiões do país, a mortalidade infantil ultrapassava uma centena para cada mil nascidos.

Se a assistência médica não chegava ao Brás fabril, o primeiro bairro da zona leste, encostado no centro da cidade que mais crescia na América Latina, que cuidados recebiam aqueles da zona rural, que constituíam mais de 70% da população?

Sarampo, caxumba, catapora, difteria e tosse comprida eram “doenças da infância”, tão inevitáveis quanto a noite e o dia. Qualquer episódio de febre que deixasse a criança apática, enlouquecia as mães, apavoradas pelo fantasma onipresente da poliomielite. O som metálico das próteses que acompanhava os passos de meninas e meninos era ouvido em toda parte.

São Paulo insistiu em seu delírio de grandeza. Nos 20 anos seguintes, afluíram milhões de migrantes que fugiam da miséria. No fim da década de 1960, eram 300 mil novos habitantes por ano que se aglomeravam na periferia inchada, carente dos serviços públicos mais elementares.

Nessa época, fiz internato e residência no Hospital das Clínicas, que recebia pacientes do país inteiro. Sofriam de tuberculose, esquistossomose, Chagas, leishmaniose, malária, filariose. A prevalência de vermes intestinais na idade escolar ultrapassava 90%. Tínhamos uma ala exclusiva para tratar de crianças subnutridas. No Emílio Ribas, havia uma enfermaria para os casos de varíola, erradicados do mundo nos anos 1990.

No Pronto Socorro de Pediatria, os bebês com diarreia e desidratação eram atendidos numa sala com 30 berços, ao lado dos quais as mães passavam os dias e as noites em vigília. Morriam quatro ou cinco em cada plantão de 12 horas. No final, íamos embora deprimidos e revoltados contra a perversidade daquela ordem social.

Em 1988, o SUS passou a fazer parte da Constituição. Nós nos tornamos o único país com mais de 100 milhões de habitantes que ousou oferecer saúde para todos.

Apesar de termos esquecido de onde sairiam os recursos para tamanho desafio, dos descasos, das interferências políticas que geram desmandos administrativos e corrupção, hoje são raras as crianças sem acesso a pediatra.

Em contraste com as imagens de unidades de saúde caindo aos pedaços e pronto socorros com doentes no chão, as equipes do Saúde da Família atendem de casa em casa a maior parte do país continental. Temos o maior programa gratuito do mundo de vacinações e de transplante de órgãos. A distribuição universal de medicamentos para a Aids não só impediu que a epidemia se transformasse em catástrofe nacional, como serviu de base para o combate em países da África e da Ásia.

Se pensarmos que nos tempos desassistidos de minha infância o Brasil tinha 50 milhões de habitantes, enquanto hoje somos 200 milhões, a assistência médica deu um salto quantitativo e de qualidade muito superior ao de outras áreas sociais, apesar do subfinanciamento e de todas as deficiências gerenciais.

No século 21, os desafios para prestar assistência universal a uma população sedentária que envelhece, engorda e ainda fuma são imensos. Não se trata apenas de continuar com as vacinas, saneamento básico e o combate às doenças infecto-parasitárias, agora lidamos com as bactérias resistentes e as complexidades da hipertensão, diabetes, ataques cardíacos, derrames cerebrais, Alzheimer.

O atual modelo estatizado, paquidérmico e perdulário do sistema único precisa ser repensado. Existem formas mais modernas de administrar e de obter recursos para impedir que o SUS se transforme num sonho fracassado dos visionários que o criaram no século 20.

A Semana.







SPONHOLZ 


AMARILDO


DUM



FAUSTO



FERNANDES


JARBAS


JBOSCO


NEWTON SILVA



PELICANO


SID


SON SALVADOR


THIAGO

SPONHOLZ


SPONHOLZ



SPONHOLZ


SPONHOLZ

   



MIGUEL

BRITO


NANI

OLIVEIRA


SPONHOLZ

SERGIO PAULO