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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A política e as nuvens / Chico Bruno

Por Chico Bruno. Transcrito do ótimo Prosa e Política


A política e as nuvens
A maioria dos analistas políticos intui que a oposição está vivendo o seu pior momento com a crise no governo do Distrito Federal e a cassação em primeira instância do prefeito de São Paulo.


Zope / a charge


Vale lembrar que em 2006, ano da reeleição de Lula, o PT vivia um momento até então inimaginável para a sigla, ferida pelo escândalo do mensalão denunciado com pompa por Roberto Jefferson (PTB).

A descoberta do mensalão chegou ao ápice com a confissão de Duda Mendonça, que afirmou no Congresso Nacional, ao vivo e a cores pela TV, que receberá o pagamento pelos serviços prestados a campanha de Lula em 2002 através de caixa dois.

Alguns oposicionistas viram aquele momento como propício para pedir o impeachment de Lula. Foram contidos pelo então senador ACM, que os convenceu que era melhor deixar Lula sangrar até o pleito de 2006.

Essa lembrança é importante, pois demonstra que o jogo só termina quando o juiz assopra o apito final.




Daqui até o dia 3 de outubro serão percorridos oito meses, nos quais tudo pode acontecer.
Já dizia Magalhães Pinto, que a política se assemelha as nuvens, que a cada dia se desenham de formas diferentes. Sábio pensamento.

Os analistas estão embasbacados com o crescimento de Dilma Rousseff nas pesquisas, com o lançamento oficial de sua pré-candidatura e o apoio do PMDB. Acham que a cassação em primeira instância do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), mesmo que suspensa até o pronunciamento do Tribunal Regional de São Paulo é o fim do mundo para José Serra.


Cicero / a charge

Ora bolas! Cassação em primeira instância é uma piada. A título de exemplo, vale lembrar que o prefeito de Macapá Roberto Góes (PDT) é hexacassado (seis vezes cassado) em primeira instância e não está nem aí. Prefeita como se nada de anormal esteja ocorrendo.

Seu primo, governador do Amapá Waldez Góes (PDT) até cogita lançá-lo candidato a sua sucessão. É mole ou quer mais!

Os democratas estão impactados, mas não estão nocauteados. Eles têm chances concretas de eleger mais governadores em 2010 do que o fizeram em 2006, pois tem candidatos competitivos no Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e Santa Catarina.

O bom senso nos obriga a aguardar a hora da desincompatibilização. Afinal, entre abril e meados de agosto é o período crucial para as candidaturas.



Johil Camdeab

Dilma não será mais ministra e mochila de Lula e Serra não será mais governador do maior estado do país. Os dois estarão no mesmo patamar em que hoje se encontram Ciro Gomes e Marina Silva.

ilustração de Guto Cassiano


Nesse período todos os pré-candidatos são iguais, principalmente por que essa será uma campanha presidencial sem candidato à reeleição.
Portanto, não existe a sangria desatada preconizada por muitos analistas políticos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O mistério da Petrobras

Charge do Pelicano - blog do Rizzolo
Por Chico Bruno, no ProsaePolítica
Por que a Petrobras transferiu seu financeiro para Salvador?
A semana que bate a porta terá como prato de resistência os empréstimos feitos pela Petrobras a Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil. Os presidentes das duas casas bancárias estatais juntamente com os presidentes da Petrobras e do Banco Central devem comparecer a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para explicar as razões concretas dos empréstimos.
A meu ver, além disso, seria pertinente que as excelências procurassem saber do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, qual a motivação para que a estatal tenha trocado o endereço da sua Diretoria Financeira para um prédio alugado em Salvador.
A mudança foi feita meio na moita, tanto que a mídia passou batida, apenas a imprensa baiana noticiou a transferência por razões óbvias. Existe no fato uma coincidência estranha: o presidente Gabrielli é baiano.
Mas voltando a vaca fria, o Palácio do Planalto não digeriu bem a falta de transparência do empréstimo da Petrobras junto a Caixa, que acabou sendo revelado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), tornando-se num prato cheio para a oposição. Além disso, o governo avaliou que pegou mal a empresa declarar que não havia captado empréstimo junto ao Banco do Brasil.
A desculpa dada pela Petrobras que fez uma operação de adiantamento de contrato de câmbio junto ao BB, no valor de US$ 300 milhões que a emenda. A Petrobras vai insistir que não foi empréstimo, mas o PSDB baterá pé na tese que foi, por que no sítio da empresa na internet está posto que seja.
Realmente a Petrobras nunca foi chegada à transparência. Seus negócios sempre foram tratados com complacência desde tempos remotos. Até pouco tempo, raros brasileiros sabiam que a empresa possuía subsidiárias em vários países. A queda de braço com o governo da Bolívia trouxe à tona a existência de algumas subsidiarias.
Quando uma empresa do porte da Petrobras começa a cortar de seu cardápio cotidiano, coisas como cafezinho, água mineral, brindes, festas de fim de ano, programas sociais, patrocínios culturais e esportivos é por que está precisando economizar.
Agora se sabe, talvez graças à informação de Tasso, que a estatal deverá atrasar o cronograma de entrega de pelo menos três refinarias da Petrobras, localizadas, respectivamente, em Pernambuco, no Ceará, no Maranhão e no Rio, obras integrantes do PAC, pois a empresa prefere priorizar a construção de plataformas em alto-mar.
Espera-se que a audiência de Gabrielli sirva para esclarecer empréstimos, atrasos das obras de refinarias, cortes de investimentos e para minha curiosidade as razões que fizeram a Petrobras transferir a sua diretoria financeira do Rio de Janeiro para Salvador.
Meu feeling diz que essa troca de endereço é o fio do novelo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Dupla de dois e dane-se o Brasil.

Por Chico Bruno. Transcrito do Prosa e Política.


A nova empreitada de Renan e Sarney
Para entender o que se passa entre os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP) é preciso retroceder a janeiro de 2003, quando ambos disputavam à cadeira de presidente do Senado. A solução encontrada pelo xerife do governo Lula, à época, José Dirceu, foi celebrar um acordo de cavalheiros. Sarney presidiria o Senado nos dois primeiros anos da era Lula e Calheiros os dois últimos.
Feito o acordo, nenhum devia nada ao outro. Até que em dezembro de 2005, o senador José Sarney necessitou dos préstimos de Renan, que ocupava a cadeira de presidente do Senado. Era um favorzinho besta, dar velocidade a perda do mandato do senador João Capiberibe, que tinha tido a ousadia de sair em socorro do governador do Maranhão, José Reinaldo, para que o Senado aprovasse um empréstimo engavetado por Sarney, quando presidente no biênio 2003/2004.
Pensando no futuro, Renan aquiesceu ao pedido de Sarney. Em velocidade de fórmula Um, o alagoano atendeu a risca a solicitação. Capiberibe foi sumariamente expurgado da Casa, apesar dos protestos de mais de cinco dezenas de senadores, que queriam dar o direito de defesa, ao senador do Amapá, compatível com as desconfianças do ato perpetrado no STF, pois o presidente Nelson Jobim votou contra o réu para desempatar a questão, quebrando uma norma secular.
Posto isso, está claro que Sarney ficou devendo uma a Calheiros. Ao surgir o Caso Mônica, o senador alagoano bateu a porta da mansão do maranhense e apresentou a fatura. Era chegada a hora do pagamento.
Sarney pagou a fatura, ajudando Renan a escapar da cassação do mandato. Claro que foi uma operação difícil, que requereu convencer o Planalto e o PT da necessidade de manter Renan no Senado.
Em sessão secreta, facilitadora do cumprimento da absolvição, Renan e Sarney ficaram quites. Um não devia nada ao outro. Eles zeraram o jogo novamente.
Agora, com a vitória do PMDB nas eleições municipais, os dois estão juntos na empreitada de aumentar suas participações pessoais no governo Lula, preferencialmente abocanhando a Infraero e o ministério da Justiça, numa operação que passa pelo deslocamento de Jobim das Selvas para o lugar de Tarso e a colocação de Aldo Rebelo, amigo-irmão de Renan, no lugar de Jobim das Selvas.
Um plano engenhoso, no qual a eleição para a presidência do Senado é apenas pano de fundo para as pretensões de Renan e Sarney.
Se o plano vingar, Tião Viana presidirá o Senado. Lula cumprirá a promessa feita a Jorge Viana em troca do pagamento de mais uma fatura a Renan e Sarney.