domingo, 26 de janeiro de 2014

Mais uma roubada...



Por André Carvalho (*)
em 19 de janeiro de 2014
 
 
MAIS UMA ROUBADA, HEIN CARECA!
Faz tempo que não escrevo uma linha sequer sobre amenidades ou que não traço uma prosa mais suave. Devo estar um chato…Para compensar a severidade que me acometeu nos últimos meses, perfilo a seguir, de botânica a casamento, passando por viagens, férias, vaidade, spa e sexo. Óbvio que, para tanto, necessito citar um ou mais sujeitos e sujeitas. Espero não escrever amenidades que pareçam uma biografia não autorizada capaz de disparar a ira de Chico, Caetano, Djavan, Gil e Paula Lavigne, dai a necessidade de estabelecer algumas correlações e outras supressões.
 
Aqui no nordeste o povo costuma dizer que “o pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto”. Entenda pau no sentido de ser humano, pessoa, elemento, cabra macho. Tenho cá pra mim que, se cair na política, o pau nascido torto retorce incorrigivelmente e sem piedade. Visto sob o aspecto biológico, o pau que nasce torto é resultado do escleromorfismo oligotrófico, muito comum no cerrado brasileiro, região que abriga o Senado Federal e outras tantas casas de conveniências. É por lá que sobrevive e faz história um senhor das Alagoas, torto de doer, com sua cabecinha intelectualmente simplória, esteticamente deserta e potencialmente bandida.
 
Vaidade não mata mas desencaminha. Mesmo careca de saber que o bem público não pode ou, por razões éticas, não deve ser utilizado em benefício próprio o torto das Alagoas requisitou uma aeronave da Força Aérea Brasileira e viajou para a capital pernambucana com o propósito de submeter-se a um implante capilar de dez mil fios.
 
O retorcido e calvo cidadão acreditou que passaria despercebido e que seria apenas mais uma autoridade voando pelos céus do Brasil à custa do dinheiro do contribuinte. Deu-se mal pois a viagem “vazou”, como dizem na base da pirâmide, e sete dos dez mil fios não aderiram ao novo penteado. Rejeição é rejeição!
 
Não foi sua primeira viagem do tipo nem o primeiro vazamento. Meses antes, o elemento desembarcou de outra aeronave da FAB, em Trancoso – sul da Bahia – para presenciar um casamento “chiquérrimo”, desses que o cidadão faz questão de espalhar que foi convidado e que lá esteve ao lado de fulano, sicrano e beltrano. Até ai tudo bem! O problema é quando fulano, sicrano e beltrano não o citam nas redes sociais e a revista Caras não o retrata. Dureza!
 
Se para a maioria a vida é tormentosa para uns poucos é branda e prazerosa. Quer ver? Mesmo vindo ao mundo despossuído de fortuna o sujeito das minhas amenidades é capaz de esquemas milionários. No carnaval passado refugiou-se, acompanhado da esposa, num “spa” médico - psicanalítico situado em Gramado (RS) a um custo de vinte dois mil reais a temporada. É merecedor de elogios a opção casta e imaculada que fez pela companhia de sua legítima esposa e não de uma beldade no padrão da sinuosa Mônica Veloso. Para os mais desligados ou esquecidos, Mônica foi, pouco tempo atrás, a Rosemary Noronha do Presidente do Senado com a sutil diferença de haver sido paga, via empreiteira e não por salário direto e benesses do cartão corporativo da Presidência da República como ocorreu com a outra.
 
Segundo matéria do jornal O Globo o tal “spa” médico - psicanalítico dispunha de lençois de algodão egípcio, cobertores de pluma de ganso e menu de travesseiros. Nada mais conveniente a quem precisa de um sono profundo, seja ele para engabelar a companheira ao lado seja para esquecer aqueles e aquelas a quem, antes, engabelou.
 
No episódio do voo pró-capilar o implantado quer ressarcir o prejuízo causado aos cofres públicos. Em sua cabecinha simplória e bandida, o ressarcimento descaracteriza o imbróglio, o que, convenhamos, abre um precedente perigoso. Em busca de voto e da liberdade de seus líderes - não somente mensaleiros - é de se esperar que a petesada aprove, no Congresso Nacional, a lei da devolução consensual. Ninguém mais vai em “cana”. No caso dos mensaleiros, por exemplo, basta devolver a bufunfa desviada e pronto. Temo que o passo seguinte seja estender a jurisprudência aos homicidas: matou? Gera um filhote e põe no lugar do infeliz que se foi.
 
Ademã que eu vou em frente, como dizia o retilíneo Ibrahim Sued.
 
 (*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.