quarta-feira, 30 de abril de 2014

É muita cinderela! Mas...


Transcrito do Vespeiro

É muita cinderela! Mas...
Fernando Gabeira escreveu um artigo brilhante no Estado de hoje 25ABR (grifo meu). Chama-se Bom dia, Cinderela . Tem que ler.
Ele mostra como funciona a cabeça dos petistas; de onde vem essa obsessão deles de, mais que negar, apagar na marra as consequências de seus atos, impedir que se as veja, e para onde essa obsessão pode nos levar. 
A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados (…) Tudo que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História”.
Sponholz
O próprio Estado também tem um editorial interessante sobre A estatização da CCEE  que, além de mostrar quanto custou a brincadeira de dona Dilma para comprar votos com as contas de luz, analisa o remendo ainda mais desastrado e irresponsável que eles estão fazendo pra esconder o abalo sísmico que isso provocou mediante a destruição de mais uma instituição, a contratação de mais alguns bilhões em dívidas para serem atiradas pra cima da gente e a preparação de contas de luz dobradas de 2015 em diante.
O único defeito desse editorial é chamar tudo isso de “política energética de Dilma”.
?
Não existe uma “política energética de Dilma” assim como não existe política nenhuma para nada neste país. A única coisa que existe no governo do PT é uma política eleitoreira. Tudo está a serviço dela.
Eles se apropriaram da máquina pública, detonaram todas as empresas estatais e toda a infraestrutura do país, corromperam as instituições e esmagaram as que lhes resistiram, destruíram a indústria nacional e o comércio exterior e agora, como o Gabeira registra bem, pra “provar” que nada disso aconteceu, estão tratando de destruir todos os medidores e sistemas de alarme da Nação, arrastando junto para o lixo os equipamentos que permitem fazer estudos abalizados para orientar, no futuro, a escala de prioridades e um direcionamento adequado dos investimentos públicos.
Tudo isso pra esconder o rombo no casco e ver se o navio afunda sem que os passageiros percebam.
Sponholz

Brigar com os fatos e tentar destruir quem grita que os está vendo é parte de uma cultura doente. “A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra“, lembra Gabeira.
Mesmo assim ele é otimista. Acha que “nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar “sequer um pedaço de rua” e que nem a máquina do Estado, o prestígio de Lula, a montanha de grana gasta em propaganda e o exército de blogueiros amestrados do PT somados serão bastantes para impedir que se restabeleça um debate baseado no respeito às evidências que olhe um pouco adiante das eleições, o que acabará fazendo com que em 2014 eles “acabem se afogando nos próprios mitos“.
Sponholz

Ha mesmo sinais cada vez mais evidentes disso. Nos bilhões do doleiro Youssef, já está claro, cabe o PT inteiro, de Lula em pessoa para baixo. Nem a “bala de prata” de sempre pra quando a Dilma der xabu, portanto, tem mais aquele efeito 100% garantido.
Mas eles ainda têm aqueles 70 milhões de cheques que distribuem todo mês, de mão em mão. É muita Cinderela pra acordar!
Mas o cheiro e o barulho já são tais que eu estou começando a acreditar que vai dar, dependendo do que mais a imprensa for capaz de fazer.

12 anos de Brasil pelo traço de ROQUE SPONHOLZ, I






terça-feira, 29 de abril de 2014

Bom dia, Cinderela...por Fernando Gabeira


Por Fernando Gabeira.
Publicado no Estadão em 25ABR2014


Bom dia, Cinderela
As pesquisas eleitorais recentes mostram Dilma Rousseff em queda. Quando se está caindo, a gente normalmente diz opa!. Não creio, porém, que Dilma vá dizer opa! e recuperar o equilíbrio. Além dos problemas de seu governo, ela é mal aconselhada por Lula nos dois temas que polarizam a cena política: Petrobrás e Copa do Mundo.
São cada vez mais claras as evidências de que se perdeu muito dinheiro em Pasadena. Lula, no entanto, não acredita nas evidências, mas nas versões. Se o seu conselho é partir para a ofensiva quando se perdem quase US$ 2 bilhões, a agressividade será redobrada quando a perda for de US$ 4 bilhões e, se for de US$ 6 bilhões, o mais sábio será chegar caindo de porrada nos adversários antes que comecem a reclamar.
Sponholz
Partir para a ofensiva na Copa do Mundo? Não é melhor deixar isso para os atacantes Neymar e Fred? Desde o ano passado ficou claro que muitas pessoas não compartilham o otimismo do governo nem consideram acertada a decisão de hospedar a Copa.
O governo acha que sufoca as evidências. O próximo passo desse voluntarismo é controlar as evidências. O papel do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, começa a ser deformado pelo aparelhamento político. Pesquisas que contrariam os números de desemprego são suspensas. E o Ipea foi trabalhar estatísticas para Nicolás Maduro, que acredita ver Hugo Chávez transmutado em passarinho e, com essa tendência ao realismo mágico, deve detestar os números.
Ivan Cabral
Controlar as evidências, determinar as sentenças pela escolha de ministros simpáticos à causa, tudo isso é a expressão de uma vontade autoritária que vê a oposição como vê os números desfavoráveis: algo que deva ser banido do mundo real. A visão de que o País seria melhor sem uma oposição, formada por inimigos da Petrobrás e por gente que torce contra a Copa, empobrece e envenena o debate político.
Desde o mensalão até agora o PT decidiu brigar com os fatos, e isso pode ter tido influência na queda de Dilma nas pesquisas. O partido foi incapaz, embora figuras como Olívio Dutra o tenham feito, de reconhecer seus erros. Está sendo incapaz de admitir os prejuízos que sua política de alianças impôs à Petrobrás ou mesmo que a Copa do Mundo foi pensada num contexto de crescimento e destinava-se a mostrar nossa exuberância econômica e capacidade de organização a todo o planeta. Gilberto Carvalho revelou sua perplexidade: achava que a conquista da Copa seria saudada por todos, mas as pessoas atacaram o governo por causa dela.
Ivan Cabral
Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras. Brigar com os fatos num contexto de crescimento econômico deu a Lula a sensação de onipotência, uma crença do tipo "deixa conosco que a gente resolve na conversa". Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.
Sabemos que a verdade é mais nuançada. O governo mantém excelentes relações com o empresariado que financia por meio do BNDES e com os fornecedores de estatais como a Petrobrás. Não se trata de luta de classes, mas de quem está se dando bem com a situação contra quem está ou protestando ou pedindo investigações rigorosas contra a roubalheira, na Petrobrás ou na Copa.
Amarildo



A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados, pois o controle é um objetivo permanente. Tudo o que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História. Felizmente, a História não se faz com líderes que preferem partir para cima a dialogar diante de evidências negativas, tanto na Petrobrás como na Copa ou no mensalão. Nem com partidos incapazes de rever sua tática diante de situações econômicas modificadas.

Dilma, com a queda continuada nas pesquisas, sai da área de conforto e cai no mundo em que os candidatos dependem muito de si próprios e não contam com vitória antecipada pelo peso da máquina. Será a hora de pôr de novo em xeque a onipotente tática de eleger um poste. Nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua. Estão mergulhados no escuro e comandarão um exército de blogueiros amestrados para nublar as redes sociais. Com a máquina do Estado, o prestígio de Lula, muita grana em propaganda e na própria campanha eleitoral, o governo tem um poderoso aparato para enfrentar a realidade. Mas essa abundância de recursos não basta. Num momento como este no País, será preciso horizonte, olhar um pouco adiante das eleições e estabelecer um debate baseado no respeito às evidências.
Tiago Recchia


Esse é um dos caminhos possíveis para recuperar o interesse pela política. No momento, a resposta ao cinismo é a indiferença com forte tendência ao voto em branco ou nulo. Embora a oposição também seja parte do jogo, a multidão que dá as costas para a escolha de um presidente é uma obra do PT que subiu ao poder, em 2002, prometendo ampliar o interesse nacional pela política, mas conseguiu, na verdade, reduzi-lo dramaticamente. Para quem se importa só com a vitória eleitoral, essa questão da legitimidade não conta. Mas é o tipo de cegueira que nos mantém no atraso político e na ilusão de que adversários são inimigos. O PT comanda um estranho caso de governo cujo discurso nega o próprio slogan: Brasil, um país de todos. De todos os que concordam com a sua política. 
Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos. Contestar esse caminho quase exclusivo é defender interesses americanos; denunciar corrupção na empresa é ser contra a Petrobrás; assim como questionar a Copa é torcer contra o Brasil.
Bom dia, Cinderela, acorde. Em 2014 você pode se afogar nos próprios mitos.

Marco civil, celular na Copa,,, por Maria Ines Dolci



Ataque à neutralidade na rede
Vem aí uma briga na qual o consumidor, para variar, estará no meio entre governo e operadoras de telefonia. Sancionado o Marco Civil da Internet, as empresas ‘entendem’ que haja brechas para cobrar o acesso diferenciado. Ou seja, que haveria como driblar a neutralidade da rede, definida justamente para impedir a limitação da quantidade e do tipo de dados acessados.
 
Ivan Cabral
 
 
O relator do Marco Civil, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), assegura que não há qualquer brecha à neutralidade. Mas as declarações das teles indicam que tudo poderá acabar na Justiça. Para evitar isso, a presidente Dilma tem que editar logo decreto para regulamentar a questão, pois, de acordo com o art. 9º, da Lei, é a quem cabe disciplinar a questão após ouvir a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o CGI. Estamos atentos!
 

Celular não deve funcionar bem na Copa
Mandar torpedos e fotos comemorando os gols e as jogadas durante os jogos da Copa e postar nas redes sociais pelo jeito não será tarefa fácil se você estiver dentro dos estádios durante o Mundial.
 
 
Frank
 
As operadoras de telecomunicações estão se valendo do atraso na entrega das obras nas arenas da Copa para justificar a possibilidade dos serviços não funcionarem a contento durante os jogos. Alegam que faltará tempo para instalação de equipamentos no interior dos estádios para a cobertura do serviço móvel indoor. Ou seja, o campeonato mundial deverá começar com apenas 85% do projeto pronto.
 
As operadoras sequer tiveram autorização para começar os serviços no estádio de SP que será palco da abertura do mundial. Para reforçar a capacidade de transmissão de dados para uso gratuito da internet pelos torcedores, as prestadoras propuseram às administrações dos estádios a instalação de rede WiFi. Dos 12 estádios só autorizaram a instalação os de Brasília, Cuiabá, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador.
 

Joaquim Barbosa reage às declarações do presiMente Lulla

Para ver o motivo de tal reação, clique  AQUI


Lamento profundamente que um ex-Presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte do País. A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça.
 
A Ação Penal 470 foi conduzida de forma absolutamente transparente. Pela primeira vez na história do Tribunal, todas as partes de um processo criminal puderam ter acesso simultaneamente aos autos, a partir de qualquer ponto do território nacional uma vez que toda a documentação fora digitalizada e estava disponível em rede. As cerca de 60 sessões do julgamento foram públicas, com transmissão ao vivo pela TV Justiça, além de terem recebido cobertura jornalística de mais de uma centena de profissionais de veículos nacionais e estrangeiros. Os advogados dos réus acompanharam, desde o primeiro dia, todos os passos do andamento do processo e puderam requerer todas as diligências e provas indispensáveis ao exercício do direito de defesa.
 
Acolhida a denúncia em agosto de 2007, o Ministério Público e os réus tiveram oportunidade de indicar testemunhas. Foram indicadas, no total, cerca de 600. Acusação e defesa dispuseram de mais de quatro anos para trazer ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal as provas que eram do seu respectivo interesse.
 
Além da prova testemunhal, foram feitas inúmeras perícias, muitas delas realizadas por órgãos e entidades situadas na esfera de mando e influência do Presidente da República, tais como:

- Banco Central do Brasil;
- Banco do Brasil;
- Polícia Federal;
- COAF;
 
Também contribuíram para o resultado do julgamento provas resultantes de trabalhos técnicos elaborados por órgãos da Câmara dos Deputados, do Tribunal de Contas da União e por Comissão Parlamentar de Inquérito Mista do Congresso Nacional.
 
Portanto, o juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome.

Joaquim Barbosa
Presidente do Supremo Tribunal Federal

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Racionamento de Vacinas

Por José Casado. Publicado em O GLOBO em 22ABR2014

Racionamento de Vacinas
O Brasil conseguiu erradicar doenças como a varíola e a poliomielite com programas de vacinação realizados com êxito durante 40 anos.

Os bons resultados em planejamento, organização, método e continuidade garantiram ao Programa Nacional de Imunização um status de anomalia no caótico sistema brasileiro de saúde pública. Exemplo: a prevenção contra sarampo, difteria, tétano e coqueluche alcançou 98% da população exposta.

Amarildo
 


Agora, a desorganização que prevalece na rede de serviços públicos e drena recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) ameaça contaminar o programa de prevenção a doenças transmissíveis. O país enfrenta um racionamento inédito e dissimulado na distribuição de vacinas e soros a todos os estados.

Sete semanas atrás o Ministério da Saúde jogou a toalha: o governo “tem conseguido atender a distribuição de alguns (produtos) imunobiológicos com regularidade” — confessou a Secretaria de Vigilância em mensagem (Comunicado 59/2014) aos coordenadores estaduais do programa de imunização.
 
Duke
 


O governo federal centraliza o planejamento, organiza a produção, compra e distribui vacinas e soros. Os estados fazem a partilha aos municípios, que se encarregam da vacinação nos postos de saúde. Na emergência, adotou-se um sistema de cotas. Cidades médias que recebiam oito mil doses de vacina dupla para adultos, por exemplo, estão limitadas a 1.600 doses mensais.

Falhas nas compras e no planejamento de produção, nos últimos 24 meses, levaram ao desabastecimento de 16 tipos de imunizantes. Há casos como o do imunizante do sarampo, caxumba, rubéola e catapora, com possibilidade de recomposição de estoques a partir de maio. E outros, como antidifteria e antitetânica, com suprimento incerto para os próximos meses.
 


Sem estoques, o governo pediu ajuda à Organização Pan-Americana de Saúde. A Opas aceitou socorrer o Brasil, sem prazos garantidos. Diante da pressão crescente de estados e municípios, que há décadas mantêm uma rotina de vacinação em massa, o Ministério da Saúde adotou dois tipos de resposta-padrão: numa avisa que haverá distribuição “de forma gradativa” quando receber os produtos; em outra, prevê atender à procura “de forma fracionada”. Ou seja, o governo Dilma Rousseff ainda não sabe quando o racionamento de vacinas e soros vai acabar.
 
Cabalau


Existe um problema adicional: a Copa. O ministério não preparou uma campanha de esclarecimento e de vacinação contra a febre amarela para turistas nacionais e estrangeiros durante os jogos, embora há um ano tenha decidido (Portaria 1.498) que essa vacina é necessária a quem planeja viajar por 80% do território nacional durante o Mundial.

O país não tem registro de casos de febre amarela urbana, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, mas em dezembro o Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis classificou mais de 3.100 cidades como “áreas com recomendação de vacina”. Incluiu no mapa cinco das 12 cidades-sede dos jogos: Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá e Manaus. Ninguém avisou os torcedores — e faltam apenas sete semanas para a abertura da Copa.

Rio de Janeiro: que venham os turistas


Mensalão: quando o cinismo fala mais alto

Texto de Josias de Souza. Publicada na FOLHA em 27ABR.
Transcrito do UOL.
Em entrevista à emissora portuguesa RTP concedida dia 25 e veiculada no sábado, 26ABR, Lula contou uma piada de brasileiro.
O julgamento do mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisões jurídicas”, disse, antes de divertir a audiência com duas teses: “não houve mensalão” e “o processo foi um massacre que visava destruir o PT.”
 Ao se referir aos “companheiros do PT presos”, o entrevistado levou a anedota a sério: “Não se trata de gente da minha confiança.”


Ficou entendido que, em matéria de mensalão, Lula é 100% cínico. Ele maneja o cinismo com tal sofisticação filosófica que acaba se aproximando da realidade. Como no trecho em que declarou que “é apenas uma questão de tempo, e essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade''. De fato, ainda há algo por esclarecer: qual foi o verdadeiro papel de Lula no enredo do mensalão?
Há quatro Lulas dentro do escândalo. Nenhum deles se parece com o autêntico. Logo que o escândalo estourou, em 2005, um primeiro Lula tentou reduzir tudo a mais um caso de caixa dois: “O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente”.
Sentado num banco de CPI, Duda Mendonça jogou a campanha presidencial dentro do caldeirão, provocando o surgimento de outro Lula.
Esse segundo Lula jurou que “não sabia” do que se passava sob suas barbas, pediu “desculpas” em rede nacional de rádio e tevê e declarou-se “traído”.




Na prática, pediu aos 52.788.428 eleitores que o haviam acomodado na Presidência que o enxergassem como um bobo, não como um cúmplice.
Em 2006, a campanha da reeleição produziu um terceiro Lula. Dizia coisas assim: “Esse negócio de mensalão me cheira a um pouco de folclore dentro do Congresso Nacional”. Foi nessa época que o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, nomeado por Lula, serviu-se das evidências colecionadas pela Polícia Federal do doutor Márcio Thomaz Bastos para formular a denúncia sobre a troca de dinheiro sujo por apoio congressual ilegítimo.
A ausência de Lula no rol de acusados deu à peça a folclórica aparência de mula sem cabeça.

Reeleito, Lula sentiu-se autorizado a potencializar a desfaçatez. Que aumentou na proporção direta da elevação dos índices de popularidade. Em maio de 2010, quando carregava nos ombros a candidatura presidencial de Dilma Rousseff, Lula referiu-se ao escândalo que tisnara seu primeiro reinado como “um momento em que tentaram dar um golpe neste país.”
Esse quarto Lula é irmão gêmeo do comediante que acaba de se apresentar na RTP, a emissora portuguesa.
Com a tese do “golpe”, Lula soara, além de ilógico, ingrato. Cinco anos antes, quando a lama rocava-lhe o bico do sapato e o vocábulo impeachment era pronunciado à larga, o pseudopresidente mandara ao olho da rua o chefe de sua Casa Civil, José ‘Não se Trata de Gente da Minha Confiança’ Dirceu. E despachara três ministros para apagar os ânimos da oposição.
Amarildo
Márcio Thomaz Bastos, foi ao encontro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ciro Gomes voou para uma conversa com o então governador mineiro Aécio Neves. E um Antonio Palocci pré-escândalo do caseiro reuniu-se com a nata da plutocracia e com seus amigos tucanos. Em poucos dias, sob a voz de comando de FHC, o tucanato desembarcou da tese do impeachment. Ou seja: houve complacência, não “golpe”.
Numa passagem do extraordinário livro “Lula, o Filho do Brasil'', lançado em dezembro de 2002, o personagem central da narrativa desenhara um bonito retrato de si mesmo. Em depoimento a Denise Paraná, autora da obra, Lula dissera: “…Se eu não tivesse algumas [qualidades pessoais] não teria chegado aonde cheguei. Eu não sou bobo. Acho que cheguei aonde cheguei pela fidelidade aos propósitos que não são meus, são de centenas, milhares de pessoas.''
Os quatro Lulas que se seguiram ao mensalão não fazem jus a esse Lula de outrora, fiel aos propósitos da coletividade. Na Presidência, um ex-Lula disse que preferia “ser considerado uma metamorfose ambulante”.
Neo Correia
Quando a história puder falar sobre o mensalão sem as travas que a conveniência impõe a algumas línguas companheiras, o país talvez descubra as razões que levaram um arauto da ética a sofrer a metamorfose que o tornou um cínico contador de anedotas.
Para assistir à entrevista completa com a RTP, clique aqui

domingo, 27 de abril de 2014

E nesse domingo...

FRANK
 

Quando a tromba ainda atrapalha...

Elefantes em crescimento
Quando a tromba ainda atrapalha












Fonte - Buzzfeed

A Semana

SID - BA
 
JORGE BRAGA / O Popular - GO
 

 
PATER / A Tribuna - ES
 
 
AMARILDO / A Gazeta - ES

AROEIRA / Brasil Econômico


FRANK /   A Notícia - SC


MARIO /  A Tribuna de Minas


NANI 

PATER /  A Tribuna - ES



SID



SINOVALDO / Zero Hora - RS

Fonte: CHARGE ON LINE

sexta-feira, 25 de abril de 2014

PresiMente Lulla, teflon? Até quando?

Por Ruy Castro.
Publicado na Folha de SP em 11ABR2014.
Teflon inexpugnável
Pelo que sei, quase todos os povos praticam a cerimônia do batismo. Supõe-se que a imersão do recém-nascido numa espécie de água benta o protegerá pela vida afora. Jesus Cristo, nas águas do rio Jordão, é o exemplo clássico. À falta de um rio nas proximidades do templo, quebra-se o galho simbolicamente numa bacia pouco maior que uma pia doméstica. O que importa é a água, que precisa ser santificada. Ou, à falta dela, alguma substância igualmente protetora.

Sponholz



O menino Lula, na distante Garanhuns (PE), em 1945, parece ter tido direito a um elemento especial em sua água de batismo: o teflon --nome comercial do politetrafluoretileno, substância química composta de resinas usada para impermeabilizar utensílios, principalmente panelas. Com o teflon, os resíduos de gordura, óleo e outras impurezas não pegam --lavou, está limpo. E é inofensiva ao corpo humano, tanto que entra na composição de próteses.

Lula, em seus dois governos, produziu uma coleção desses resíduos --alguns já tão remotos, arquivados ou esquecidos que só podem ser reconstituídos com a ajuda do Google. Exemplos: o caso Celso Daniel, a máfia dos Gafanhotos, o escândalo dos Frangos, o Renangate, o caso Waldomiro Diniz (ou escândalo dos Bingos), as acusações de corrupção contra vários de seus ministros, a crise dos Correios, o episódio dos dólares na cueca, a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, o escândalo dos Sanguessugas.


Sponholz


E mais a CPI das ONGs, as operações Confraria, Dominó, Saúva, Satiagraha, Furacão, Navalha e Xeque-Mate, os casos Kroll e Rosemary Noronha, o escândalo dos Aloprados e o dos Cartões Corporativos, e sem esquecer o mensalão. Nada disso pegou em Lula. O teflon com que foi batizado era de primeira.

Dilma, parece, não teve esse privilégio. Aliás, nem o fracasso de Dilma corrói o teflon de Lula.


Arte de Johil Candeab


quinta-feira, 24 de abril de 2014

O dia em que o Brasil disse NÃO À Copa

Há pouco mais de 30 anos, mais precisamente em 10 de março de 1983, o Brasil que vivia os estertores da ditadura militar já sentindo os efeitos da segunda crise mundial do petróleo e vendo a sua dívida externa iniciar uma escalada para níveis assustadores concluiu que, além da situação econômica, o preço dos ingressos seria incompatível com o poder aquisitivo de classes mais baixas e, também, não deixando de lado a preocupação em não comprometer o governo seguinte...
 
Arte do Zero Hora
 
 
... e no rastro de seu "colega" colombiano - Belisário Betancur -  tomou a mesma decisão: Disse NÃO .
 
Este, havia criticado as extravagâncias exigidas pela Fifa, que não teriam sido acordadas quando o país foi definido como sede, em 1974. E tranquilizado seus compatriotas quanto a uma eventual perda de prestígio do país: tudo seria compensado por Gabriel Garcia Márquez, premiado com o Nobel de literatura em 1982. Para Belisário, sediar a competição seria um esbanjamento imperdoável.
 
 
Se é verdade que em outubro de 2007 a situação econômica do País havia melhorado, em contrapartida,  vale lembrar também que  os escândalos de corrupção onde pessoas ligadas ao governo estavam envolvidas  vinham aflorando  num ritmo quase que diário igualmente como hoje  e como nunca antes na história desse país.
  
 
Para ler o artigo do ZeroHora na íntegra, clique aqui

Pouso e decolagem, sob turbulência


Aeroporto BKX, em Birminghan, Inglaterra



O PT se globalizando...




quarta-feira, 23 de abril de 2014

Aprendendo a discursar com Dilma Rousseff

Transcrito na íntegra do blog de Augusto Nunes

Para cumprir a promessa formulada no título ─ “Aprendendo a discursar com Dilma Rousseff ─, o vídeo editado por Kim P.K. agrupou 10 palavrórios da presidente que criou um estranho subdialeto para deixar claro que não consegue dizer coisa com coisa.

Ela tropeça na gramática e espanca o raciocínio lógico até quando está lendo o que algum assessor escreveu. Encerrado o curso intensivo de 5:39, também fica evidente que é melhor ser surdo do que ouvir improvisos em dilmês.


O cortejo de assombros começa com Dilma ensinando a Barack Obama que pasta de dente não tem nada a ver com dentifrício e termina com a invenção do “decreto líquido”.
Entre os dois espantos, o neurônio solitário promove a Zona Franca de Manaus a capital da Amazônia, descobre só no segundo parágrafo que está lendo à tarde o discurso que foi escrito para o comício da noite, avisa que as árvores são plantadas pela Natureza, inaugura uma ligação submarina entre o Brasil e a Europa, enxerga um cachorro oculto por trás de toda criança e reconhece formalmente “a União Europeia como sendo uma reserva dos maiores times de futebol”. Fora o resto.
Veja Dilma em ação. E tenha piedade dos encarregados de traduzir para outros idiomas falatórios que são indecifráveis para qualquer brasileiro com a cabeça em ordem.

Os riscos do uso do Twiter


Enviado por Roberto Schepis

Como ganhar $$ no mole...