quinta-feira, 31 de julho de 2014

Vídeomontagem: Hitler e a vaia no Maracanã



O preguiçoso


Porta aberta ao juízo - III



Os caminhos do futuro são os mesmos 
que nos trouxeram até aqui. 
O tempo é que nunca saiu do meio.

[Gilberto Quadros]
{extraído do livro Porta Aberta ao Juízo}

Diálogo entre pai e filho, no Brasil de hoje

Quando a realidade atravessa a utopia...

- Filho, eu descobri essas coisas no seu armário…
- Qual é o problema de ter uma máscara do anônimos e um taco de beisebol?
- Você usa isso?
- Não… quer dizer, às vezes…
- É que que estou precisando. Será que você me empresta?
- Precisando? Pra quê?
- É que eu li as coisas que você andou escrevendo na internet…
- Você andou lendo o meu face?
- Qual é o problema? Não é público?
- É…mas…
- Pois é, eu li o que você escreveu e …
- Pai, eu sei que você não gostou do que eu escrevi lá , mas… eu não vou discutir, são as minhas ideias. Eu  tenho 27 anos ,sou anarquista e…
- Não. Eu achei legal. Você me convenceu.
- Convenci? De quê?
- Tá tudo errado mesmo… Voce faz bem em nunca ter trabalhado ,  eu li o que você escreveu e concordo. Agora eu sou anarquista também, que nem você…
- Você o quê? Pai… que história é essa? Voce tá maluco ?
- É, você fez a minha cabeça. tem que quebrar tudo mesmo! Agora eu sou Old Black Bloc!
- Pai, você não pode… você é diretor de uma empresa enorme e…
- Não sou mais não. Larguei o meu emprego. Mandei o meu chefe tomar no .... Mandei todo mundo lá tomar no ....
- Pai, você não pode largar o seu emprego. Você está há 30 anos lá… Isso é absurdo...
- Posso sim! Aliás tô juntando uma galera pra ir lá quebrar tudo.
- Quebrar tudo onde?
- No meu trabalho! Vamos quebrar tudo ! Abaixo a opressão! Abaixo tudo! Sou contra tudo !
- Você não pode fazer isso, pai…
- Posso sim! É só você me emprestar a máscara e o taco de beisebol. E aí, você vem comigo?
- Não… acho melhor não…
- É melhor você vir junto porque agora que eu larguei tudo, a gente vai ter sair deste apartamento…
- Sair daqui? E a gente vai morar aonde?
- Sei lá! Vamos acampar em frente a uma empresa capitalista qualquer e exigir o fim do capitalismo!
- Pai, você não pode fazer isso ! Não pode abandonar tudo !
- Tô indo!  Fui!
- Peraí, pai! Pai!  E minha mesada ? E o meu carro ? E onde eu vou morar? E as minhas férias em Floripa ? E minhas compras em Miami ? E meu computador ? E meu tablet ? E minha 
internet de fibra ótica?  Volta aqui! Volta aqui, pai!!! Voooltaaaaa!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O Mercosul e o próprio umbigo

Por Carlos Pagni
Publicado em 28JUL2014
Transcrito do El País

Olhar-se no espelho
Os presidentes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai se reúnem hoje (28JUL) em Caracas para que Nicolás Maduro entregue a presidência rotativa do Mercosul a Cristina Kirchner. Isso deveria ter sido feito há seis meses, mas a demora passou despercebida. Carente de agenda e objetivos, o Mercosul é a ruína do que foi uma boa ideia.



Por essa razão, os participantes utilizarão a reunião para atenuar problemas domésticos. Ninguém tirará os olhos do espelho. Maduro convidou os países da Alba e da Petrocaribe. Pretende rodear-se dessa fraternidade numerosa um dia depois de o congresso do chavismo o ter revalidado como chefe. Dito de outro modo: Maduro espera que os colegas latino-americanos coloquem um balão de oxigênio em seu regime, impugnado pelo autoritarismo e corroído pela crise econômica.

Cristina Kirchner, que ordenou agregar à sua provisão habitual de água mineral algumas caixas de papel higiênico e de tinta para impressoras, encontrará em Caracas o foro ideal para denunciar a última conspiração do capitalismo. O juiz nova-iorquino Thomas Griesa a impede de pagar os bônus que vencem nesta terça-feira se ao mesmo tempo não saldar uma dívida com alguns fundos especulativos. Se Griesa não conceder uma medida cautelar, a Argentina entraria em default pela segunda vez em 13 anos.




Dilma Rousseff reclamará apoio em seu conflito com Israel pelo ataque a Gaza. E pedirá para acelerar a liberalização comercial com os países da Aliança do Pacífico, formada por México, Colômbia, Peru e Chile. A zona de livre comércio prevista pela Aladi para 2019 seria adiantada para fins deste ano. Essa iniciativa se deve a que também Dilma está inquieta pela incerteza que deixa em casa.

Os analistas eleitorais vaticinam um segundo turno muito disputado entre ela e o social-democrata Aécio Neves. A vantagem que Aécio conseguiria no Rio, Minas e São Paulo se combinaria com um retrocesso de Dilma no Nordeste, sua grande base eleitoral.




Aécio está rodeado da melhor tecnocracia do PSDB, encabeçada por Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Um dos flancos de seu ataque a Dilma é a política externa. Ele deixou isso claro na semana passada, ao divulgar um conjunto de diretrizes diplomáticas. Aécio propõe liberar as relações internacionais de enquadramentos ideológicos para encaminhá-las sobre uma agenda de abertura econômica, atração de investimentos e inovação tecnológica. 

Diplomatas de destaque que trabalharam com Fernando Henrique Cardoso durante sua presidência, como Luiz Felipe Lampreia ou Rubens Barbosa, vinham apontando o isolamento comercial a que o Brasil foi levado pelo PT. José Durão Barroso acaba de colocar sal nessa ferida: reunido com Aécio, lamentou que o Mercosul e a União Europeia não tenham firmado um acordo de livre comércio.


O fracasso de Dilma se deve a que Cristina Kirchner bloqueia a negociação. E Maduro não aceita falar no assunto. Na tentativa de reinventar a roda, Venezuela e Argentina padecem de desequilíbrios macroeconômicos que lhes impedem qualquer abertura. Por outro lado, o uruguaio José Mujica pede acordar o quanto antes com a Europa. E o Paraguai é o observador da Aliança do Pacífico.

Irritados pelo contraste entre o Mercosul e a Aliança, os empresários brasileiros tentam abrir mercados por conta própria. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) acaba de firmar um acordo com a Sociedade de Fomento Fabril do Chile.



Não é algo casual. Dilma acordou com a chilena Michelle Bachelet uma aproximação entre o Mercosul e os países da Aliança. Bachelet gostaria de fechar uma fissura regional em cuja abertura seu país teve um papel determinante. A divergência entre o Pacífico e o Atlântico começou a surgir em 1999, quando Ricardo Lagos comunicou a Fernando Henrique Cardoso e a Fernando De la Rúa que, em vez de entrar no Mercosul, o Chile firmaria um tratado com os Estados Unidos. 

Dez anos depois, Sebastián Piñera e o mexicano Rafael Calderón esboçaram a Aliança do Pacífico. Marco Aurélio Garcia, o chanceler informal dos Governos do PT para a América Latina, fez saber a Piñera que para o Brasil seu projeto era uma agressão. A Aliança desafia um axioma da política externa brasileira: o estabelecimento de um sujeito sul-americano, que exclui o México, outro aspirante à liderança regional. Por isso, a proposta de Dilma não é aproximar o Mercosul da Aliança, mas de “países da Aliança”. A diferença é o México.



O arrebato livre-cambista de Dilma deve superar inconvenientes. O populismo não simpatiza com o bloco do Pacífico. O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, sentenciou no ano passado, em Buenos Aires: “A ponta de lança da reação imperialista se chama hoje Aliança do Pacífico”. Maduro pedirá hoje a integração com a Alba e a Petrocaribe, encabeçada por Bolívia e Cuba.

Dilma voltará a Brasília com algum resultado? As relações internacionais a estão mortificando. Quando Israel chama o Brasil de “anão diplomático”, a revista Veja, muito severa com o Governo, dá a seguinte manchete de capa: “O apagão da diplomacia”. Dilma conseguiu o impossível, que a política externa se torne o eixo da campanha eleitoral brasileira.

12 anos de Brasil pelo traço de RICO, I







Videomontagem - Como a Europa vê o Brasil

BRASIL NO EXTERIOR

terça-feira, 29 de julho de 2014

Joaquim Barbosa alerta sobre o que pretende o PT


A grande mentira de Lulla

Por Xico Graziano.
http://www.observadorpolitico.com.br/2014/07/a-grande-mentira-de-lula/

A grande mentira de Lula
Lula voltou a afirmar que o país, em 2002, havia perdido o controle da inflação e que o PT, após aquelas eleições, salvou a economia do caos. Talvez seja essa a maior das mentiras de Lula. Quem fez a inflação se elevar, na época, foram suas infelizes e seguidas declarações de que “mudaria tudo” no Brasil. Depois, vencidas por ele as eleições, esqueceu tudo o que falava. E realizou sua obra mais reconhecida: manteve o mesmo modelo econômico desenhado por FHC. Para alívio da Nação, os preços voltaram ao nível anterior.

Os fatos, ocorridos entre 1993 e 2002, se passaram assim:

1. FHC, ministro da Fazenda de Itamar Franco, cria o Plano Real e controla a inflação galopante.

2. O PT denuncia o Real como um “embuste” e vota contra o plano de estabilização no Congresso.

3. A nova moeda vira um sucesso e FHC se elege presidente da República, derrotando Lula no primeiro turno.

4. O PT continua contra o Plano Real, pregando sua total modificação. Os preços se mantêm, o poder de compra do povo se eleva.

5. FHC se reelege, derrotando novamente Lula no primeiro turno. A inflação segue controlada.


6. Lula diz que tudo no Brasil está errado, e que vai mudar a situação da economia.

7. Os agentes econômicos se assustam com as propostas de Lula, e a inflação volta a subir. A população se apavora.

8. Lula divulga uma carta aos brasileiros, dizendo que manterá os rumos da economia. O mercado se acalma.

9. Lula vence as eleições e mantém a mesma política de FHC. Os preços caem ao patamar que estavam com FHC. O Brasil se alivia.

Conclusão: Lula deve ter inveja de FHC. Criticou tanto o Plano Real, depois o manteve brilhando. Mordeu a língua. Ninguém esquece fácil uma derrota moral desse tamanho.

Você é gordofóbico?

Por Ruth Manus.
Publicado no Estadão em 23JUL2014
http://blogs.estadao.com.br/ruth-manus/gordofobico-tudo-be/

Racista, machista e homofóbico jamais. Mas gordofóbico tudo bem?
Agradeço todos os dias por viver num meio no qual convivo com pessoas que, em sua grande maioria, não emitem nem toleram comentários racistas, homofóbicos, machistas ou discriminatórios em geral, nas suas mais diversas e infelizes formas.

Felizmente, vivemos numa sociedade que suporta cada vez menos a ignorância e a pobreza de espírito.



No entanto, me canso de ver essas mesmas pessoas, supostamente tão sensatas, dizendo, sem qualquer pudor, culpa ou constrangimento algo desnecessário e agressivo sobre “aquele gordo” ou “uma gorda aí”.

Me parece haver uma espécie de “zona franca” na qual as pessoas resolveram que falar de forma discriminatória de gente que está acima do peso ideal, teoricamente não tem problema, não é discriminação, não é errado.




Frequentemente, a justificativa é que “hoje em dia, só é gordo quem quer”. Mentira. Todos sabemos o quão mentiroso isso é. Se fosse assim, com certeza não veríamos o Ministério da Saúde divulgar que quase 50% da população brasileira está acima do peso.

Obviamente, não estou afirmando que o sobrepeso e a obesidade devam ser encarados como fatos imutáveis ou que não haja necessidade de combatê-los. Claro que não. Questões de saúde devem ser prioridade para qualquer pessoa. O que estou falando é que o excesso de peso alheio não dá a ninguém a prerrogativa de julgá-lo. Só isso.


Edika


A pessoa que está acima do peso com frequência é vista como preguiçosa, descuidada, como alguém que poderia estar magro e esbelto e optou por não estar. Interessante que muitas das pessoas que falam “daquele gordo” estão entre aquelas que há anos afirmam que vão perder 2 quilinhos para o verão e nunca o fazem. “Mas na hora que eu quiser eu perco”. Bullshit. Você quer perder e não perde.

Fazer dieta nunca é fácil. Renunciar à cervejinha, ao chocolatinho, ao pãozinho francês, à carne vermelha é duro. Correr na esteira também. Mas mais difícil do que isso é lutar contra um metabolismo lento, uma tireóide desobediente, uma genética desfavorável, um pós-gravidez cruel, uma menopausa avassaladora. E ainda pior é ter que conviver com os olhares tortos, as risadas por detrás das mãos, os comentários que se finge não perceber por instinto de sobrevivência.



E se a pessoa que está acima do peso for mulher, pior ainda. Com a persistente ideia de mulher objeto, uma mulher gorda é vista como sinônimo de inutilidade. Afinal, “para que serve uma mulher gorda?”. Só para zoar na balada com seus “bróder”, né? Credo.

Constata-se o óbvio: gordura não é escolha. E alguns lutam mais contra isso, outros menos.

E daí? O que você tem a ver com isso?




Alguém te julga porque você ainda não foi consultar um psicólogo para cuidar dos seus traumas de infância? Ou porque ainda não foi no dermatologista ver aquela pinta que pode ser câncer de pele? Será que você não tem problemas até mais graves do que muita “gente gorda”, mas que apenas não são tão evidentes?

Será que não tem muita “gente gorda” mais saudável e bem resolvida do que você? Será que não tem gente acima do peso com uma auto estima bem maior do que a sua? Mais seguro, mais bem disposto, mais feliz?



O fato é, com que direito as pessoas decidiram condenar os quilos alheios? E, pior, por que elas resolveram achar que chamar alguém de gordo, com ar pejorativo ou hostil não é algo grave? Não é tão asqueroso quanto discriminação por cor, orientação sexual ou gênero?

Pois é. O peso alheio não te diz respeito. O que diz respeito a todos nós é aquela ideia antiga, antiquada, talvez um pouco demodée, de respeitar os outros, ainda que sem patente alta ou bigode grosso. Se não por vontade ou generosidade, talvez por decência. Será que soa tão estranho assim?

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Empiricus responde ao PT e a Dilma

Autoria de João Ubaldo Ribeiro:

Por que os bons vão embora antes?
“Há muita gente, gente demais, que lê nas entrelinhas, um perfeito exercício de imbecilidade, defesa neurótica contra a realidade ou, em inúmeros casos, o achar-se tão sabido que se acaba sendo besta. 

Não existe essa coisa de entrelinhas. Pelo menos nos livros honestos, como este, não há nada nas entrelinhas, tudo deve ser procurado nas linhas, aqui não são oferecidas entrelinhas, à merda o entrelinhador, pode largar este livro e ir gastar seu tempo ruminando o bolo alimentar de sempre. Melhor do que ler textos diretos querendo ser esperto e vendo nele coisas indiretas.”

`Para artigo completo clique aqui 

A Primavera Árabe e o Marketing

Por Luiz Felipe Pondé.
Publicado em 21JUL20014
Folha.uol

Marketing geopolítico
Uma das últimas modas da mídia foi a Primavera Árabe. Neste caso, quase um caso de estelionato geopolítico. O Egito voltou a ser o que era. A Líbia, terra de tribos, caiu no caos. A Síria estava melhor com o Assad mandando. As mentiras do Bush sobre no Iraque foram também um estelionato geopolítico. Mas, este, todo mundo reconhece. Já a "primavera árabe", custa a ser vista como é: uma invenção do marketing geopolítico da esquerda de butique.

Giancarlo


E este marketing serve para grupos como o Hamas fingirem que querem a paz, quando, na realidade, querem matar os israelenses. Não por acaso, o Hamas louvou o assassinato dos três adolescentes israelenses. Não quero dizer que não exista uma dinâmica política e social no Oriente Médio, quero dizer que esta dinâmica (caótica, violenta, atávica, tribal, religiosa, racial, comercial) nada tem a ver com o que "filósofos queijos e vinhos" pensam que seja. 

Vejamos o caso do Estado de Israel. Aliás, talvez este seja um dos assuntos onde o marketing geopolítico mais faz estrago à reflexão.

Israel é um "anacronismo" contemporâneo. Primeiro porque não faz marketing geopolítico e isso, aliado ao velho antissemitismo hoje travestido de crítica a Israel, cria o caldo no qual grande parte da mídia discute o conflito entre judeus e árabes no Oriente Médio. Os árabes investem pesado em marketing geopolítico. Israel, não.

Elvis


Importante lembrar que os palestinos são uma cabeça de ponte dos países árabes e do Irã que continuam buscando a eliminação de Israel do mapa da região. O marketing geopolítico árabe oculta este fato. O Hamas não lança foguetes pela criação do Estado Palestino, lança pela destruição do Estado de Israel. Sabia disso?

Desde 1948 alguns países árabes tem uma política chamada "judeus ao mar", apesar de não se falar dela hoje porque pega mal para o marketing geopolítico dos árabes e do Irã. O mesmo marketing que alimenta idéias falsas como "primavera árabe". Muitas vezes temos a impressão de que este fator ("judeus ao mar"; como política do Hamas inclusive) não existe. 

O filósofo britânico, nascido em Riga, Isaiah Berlin (1909-1997), descreve Israel no artigo "The Origins of Israel", de 1953 (republicado no volume "The Power of Ideas", Princeton University Press, 2000) como um anacronismo porque fundado nos mais puros ideais da "intelligentsia" liberal russa do século 19: liberdade, igualdade, justiça, ciência, democracia, ou seja, a busca de assimilação dos judeus aos modos da vida moderna da Europa ocidental. 

Para Berlin, se quisermos entender Israel devemos olhar pro século 19. Entretanto, há um outro componente neste processo: a influência das comunidades religiosas judaicas do Leste Europeu. Esta mistura cria um conflito interno no Estado judeu (identificado hoje no conflito seculares x ortodoxos), ainda que, na sua origem, o ideal era que os judeus das comunidades fechadas do Leste Europeu, em algum momento, seriam assimilados ao modo de vida secular. Isso não aconteceu. Ao contrário, as mulheres ortodoxas são três vezes mais férteis do que as seculares.

Genildo


Como dizia antes, Israel não trabalha no plano da propaganda geopolítica como o Hamas. O Hamas se esconde atrás da população civil porque sabe que quando Israel é obrigado a revidar, muita gente morre e a mídia internacional embarca de novo no estelionato geopolítico. 

Quer exemplos? 1. No dia 15 de julho, um hospital em Gaza foi danificado por mísseis. Por quê? Porque o Hamas colocou uma base de lançamento de foguetes contra Israel ao lado do hospital. 2. Você já se perguntou por que só aparece foto de criança chorando em Gaza? 3. Quando Israel lança panfletos dizendo para as famílias saírem de casa por conta de ataques na região, se você sair, o Hamas considerará você colaborador do sionismo.

Os defensores da política de "judeus ao mar" sabem que militarmente perderam todas as guerras, do contrário Israel não existiria mais. Por isso, investiram na mídia: esperam que muitos palestinos morram para dizer que Israel é mau e eles uns "docinhos de coco".

O Professor e a Madame

Por Francisco Daudt.
Publicado na Folha em 23JUL2014
Por e-mail.

O Professor e a Madame 

A lista de negações dela é bem maior e mais grave do que a dele, como o consequente desastre

A negação é mecanismo de defesa essencial para que não enlouqueçamos (a morte só deve ser lembrada às vezes). Porém, como qualquer remédio, seu excesso é um veneno capaz de levar-nos ao desastre, ou à morte (quando se negam sintomas de uma doença e as providências não são tomadas).

O Professor acha que a seleção fez um bom trabalho, exceto nos seis minutos de apagão. Pensa que um passado de glórias põe a mão na Copa, junto a palestras motivacionais, dispensados a disciplina e o dever de casa. Some-se arrogância e não reconhecimento de erros, e terminamos nos 7x1 (e nos 3x0, em que não houve apagão).

Jarbas


Madame é semelhante, porém a coisa é mais séria, sua lista de negações é bem maior e mais grave, como o consequente desastre.

A saber: ela, seu Inventor e seu partido negam o passado, o Brasil começou em 2003. Antes havia a herança maldita. Palocci, com seus "métodos rudimentares", quase foi crucificado por elogiar Pedro Malan.

Cesare Batisti não é terrorista e merece asilo político. Pugilistas cubanos não queriam asilo, por isso foram rapidamente reenviados para Cuba.

Newton Silva


Qual o problema de mudar a língua portuguesa? E não é para fins populistas que ela é presidente, gerente e pretendente à reeleição. O mensalão (que não houve) não foi substituído por loteamento de ministérios, em número "nunca antes neste país". Aparelhamento do estado? Substituição de cargos técnicos por políticos cúmplices? Nunca! Redução populista da taxa de energia elétrica empurrando a conta para 2015? Absurdo! Gastos máximos com a máquina e investimentos mínimos? Jamais! Controle da imprensa? Como? Madame tem reiterado a importância da mídia livre. O decreto de criação dos sovietes (perdão, em português é "Conselhos populares") não é golpe na democracia, ao contrário. Pegou em armas, não para implantar a ditadura do proletariado, mas "para defender a democracia".

Não tem inflação represada por preço artificialmente controlado, nem contabilidade criativa. Madame não dá moleza para a inflação. Não há insegurança jurídica e o país continua atraindo investimentos. Não, a balança comercial negativa não é pela importação de combustível caro para ser vendido barato, é pelas "zelite branca que viaja", por isso, imposto neles. E não se privatiza nada, fazem-se "concessões".



Tudo o que o ministro capacho diz tem credibilidade junto ao mercado, ele não insulta a inteligência de ninguém. Fazer um porto em Cuba é muito bom para o Brasil. Os caríssimos estádios de Manaus e Cuiabá não se tornarão elefantes brancos. O caos de transporte urbano durante a Copa não foi evitado pelos feriados que derrubaram o comércio. E qual o problema de Abreu e Lima custar 15 Pasadenas? São ambas bons negócios.

Dividir o país e estimular a luta entre elites brancas e povo pobre? Jamais! Isso seria atiçar ódio racial, e racismo é crime hediondo, ela governa para todos.

Pelo menos o trem-bala TAMBÉM não foi feito. É, entre tantas, sua maior não obra.

Depois disso tudo, o leitor pode tirar suas próprias conclusões sobre como votar.

Dilma tem 60% de chances de perder a eleição

Dilma tem 60% de chances de perder a eleição, declara MCM
A MCM Consultores passou a atribuir uma probabilidade de 60% de derrota de Dilma Rousseff na eleição presidencial em outubro. Desde abril, a consultoria trabalhava com um cenário de probabilidade equivalente à reeleição e à vitória da oposição. Hoje, os analistas da MCM rebaixaram as chances da presidente e agora trabalham com uma probabilidade de 60%-40% contra a reeleição.



"Não estamos declarando taxativamente, é bom esclarecer, que a presidente Dilma não se reelegerá. Longe disso. É muito cedo. A campanha ainda nem começou efetivamente", escreveram os analistas da MCM na nota enviada a clientes. "Contudo, a nosso juízo, já existem elementos suficientes para atribuir mais probabilidade de vitória à oposição do que à candidatura governista."

Segundo a MCM, as últimas pesquisas Datafolha e Ibope representaram um ponto de virada ("turning point") para o novo cenário, agora desfavorável à reeleição. "Ambas mostraram continuidade na tendência de encurtamento da vantagem de Dilma frente a Aécio Neves e Eduardo Campos no segundo turno e aumento da diferença entre a rejeição à presidente e aos candidatos de oposição", afirmaram os analistas.

Além das pesquisas, destacou a MCM, a mudança de cenário também levou em conta a piora do quadro econômico, "sintetizado pelo resultado decepcionante do último Caged (abertura de apenas 25 mil vagas de trabalho em junho), os sinais de forte rejeição ao PT no Sudeste - de maneira mais acentuada em São Paulo -, e a baixa competitividade das candidaturas petistas nos estados mais importantes do país, excetuando-se Minas Gerais, onde Fernando Pimentel lidera as pesquisas".

A Mona Lisa chinesa

EsculturArte




LII - Escultura em madeira


A Arte de Zheng Chunhui


A China tem uma longa tradição em esculturas de madeira. Desde há séculos, os seus mestres do cinzel vêm transformando pedaços de madeira bruta em obras de arte inspiradoras, mas nenhuma tão impressionante como a criação de Zheng Chunhui.
Este talentoso artista chinês passou quatro anos meticulosamente esculpindo uma réplica detalhada de uma famosa pintura tradicional chinesa chamada "Ao longo do rio durante o Festival Qingming", num tronco de árvore de pouco mais de 12 metros de comprimento.

A peça mede exatos 12,286 metros de comprimento, é 3,075 metros de altura no seu ponto mais alto e 2,401 metros de largura.

O Festival Qingming é um  feriado histórico e se refere a um tempo para as pessoas saírem de casa e aproveitar o renascimento da primavera.




Ao longo do rio durante o Festival Qingming é uma pintura panorâmica em pergaminho feita pelo artista da Dinastia Song, Zhang Zeduan (1085-1145).  
Ele captura a vida diária das pessoas e da paisagem da capital Bianjing, a  atual Kaifeng,t O tema celebra o espírito festivo e comoção mundana ao invés de aspectos cerimoniais do feriado, como a limpeza de túmulos e orações. Medindo 5,3 metros foi projetada para ser lentamente desenrolada da direita para a esquerda, o comprimento de um braço de cada vez, como uma história em quadrinhos antiga.
Ela oferece vislumbres de roupas de época e arquitetura. Como uma criação artística, a peça tem sido reverenciada e artistas da corte de dinastias posteriores fizeram várias réplicas com novas interpretações. Ele é considerado o mais famoso trabalho entre todos os quadros chineses, e tem sido chamado de "Mona Lisa chinesa . " 



 Ao longo dos séculos, o pergaminho Qingming foi recolhido e guardado entre numerosos proprietários privados, até que finalmente retornou à propriedade pública. A pintura fazia parte da coleção particular do imperador Pu Yi, que assumiu o original Dinastia Song. Séculos mais tarde, em 1945, foi  mantido no Museu do Palácio da Cidade Proibida.
Várias versões posteriores foram criadas, mas com cenas adicionadas desde os tempos Ming e Qing, de acordo com a tradição chinesa de artistas contemporâneos retrabalharem obras antigas.

Enquanto a versão de Chunhui deverá ser "eterna enquanto dure", por razões óbvias, não terá adicionada  quaisquer cenas de China moderna.







O trabalho foi premiado com o recorde mundial em 18NOV2013 pelo Guinness Book.

Fontes
visualnews / dailymail / aliexpress

Porta aberta ao juízo - II



Não seria eu um exemplo do agnosticismo. 
Sinto dificuldade em libertar-me da montanha
 de bobagens com que me velaram a infância.

[Gilberto Quadros]
{extraído do livro Porta Aberta ao Juízo}

domingo, 27 de julho de 2014

A origem do pão de queijo

por XIco Graziano.
http://www.observadorpolitico.com.br/2014/05/pao-de-queijo-historia-da-alimentacao/


Pão de Queijo, história da alimentação
Nascido em Minas Gerais, o pão de queijo virou unanimidade nacional. Por onde se anda, do Oiapoque ao Chuí, lá está o quitute mineiro esperando uma mordida. Ultrapassou as fronteiras: nos Estados Unidos, em Portugal, na Itália e até no Japão já se aprecia a delícia nas cafeterias. Culinária caipira vestida de chique.

É muito curiosa a história do pão de queijo. Naquela época, durante a mineração iniciada a partir de 1700, faltava comida para alimentar tanta gente atraída pelas jazidas descobertas próximo de Ouro Preto. Segundo Caio Prado Júnior (História Econômica do Brasil), do Nordeste para as Minas Gerais ocorreu um rush populacional de grandes proporções, relativamente mais acentuado e violento que o verificado na conquista do oeste norte-americano. Cerca de 1/5 dos brasileiros – a grande maioria escravos – ocupou, em poucos decênios, um imenso território, deslocando o eixo econômico da Colônia rumo ao Sudeste.

cartoon de Bill Whitehead


Por causa do afluxo dessa gente, o ciclo da mineração provocou um estímulo à produção de alimentos básicos. Do Nordeste e das regiões mais próximas se obtinham o feijão, o arroz, o milho e seu fubá, o porco e a banha, o leite e o queijo, a mandioca. Áreas mais longínquas, como o pampa gaúcho, passaram a oferecer carne de charque. Nesse ambiente surgiu o pão de queijo, inicialmente, dizem, oferecido pelas escravas aos senhores das fazendas. De onde veio essa ideia?

Ocorre que dificilmente se encontrava, naquelas paradas, a farinha de trigo, matéria-prima da panificação clássica. Típico das regiões temperadas, o milenar cereal nunca combinou com o calor do Nordeste brasileiro, e era então importado da Europa para aqui servir aos fidalgos do rei. Criativamente, as cozinheiras mineiras substituíram o inexistente trigo pelo polvilho, derivado da mandioca, tubérculo com origens tupiniquins. Acrescentaram na massa lascas de queijo curado, endurecido e ralado, e, levada ao forno, acabou por semelhança sendo chamada de “pão”. História da alimentação.

charge de Duke


Não se entende a nutrição humana fora do contexto histórico. O consumo de trigo no Brasil explodiu somente após a 2.ª Guerra Mundial. Grandes estoques se formaram e os Estados Unidos passaram a implementar, na órbita da recém-criada ONU, políticas internacionais consideradas de “ajuda humanitária”, utilizando o cereal como ponta de lança contra a fome. Foi assim que as massas derivadas de trigo começaram a dominar a mesa das famílias mais carentes na América do Sul e na África, especialmente.

A forte urbanização que ocorria naquele momento conspirou a favor desse processo de substituição de pratos tradicionais por gêneros alimentares de origem externa. Pesquisas mostravam, já nos anos 1980, a dominação do macarrão na alimentação popular em Manaus. Em plena Amazônia.



O enorme incentivo ao consumo de trigo fez explodir a importação do grão, onerando a balança comercial. Tal desequilíbrio se tornou o maior desafio, jamais vencido, da política agrícola no Brasil: a autossuficiência da produção nacional de trigo. Os preços de mercado nunca remuneraram o custo dos triticultores sulinos nem os pesados subsídios públicos – desgraçadamente desviados, como sempre – foram capazes de elevar a contento a oferta interna. Resultado: até hoje, mais da metade do trigo consumido no País vem do exterior, boa parte da Argentina.

Essa alteração, de certo modo artificial, no consumo alimentar do brasileiro se deu em detrimento da utilização dos produtos genuinamente tropicais, como a mandioca, cultivada desde os indígenas. Pero Vaz de Caminha foi quem primeiro escreveu sobre a fartura do alimento nativo, na famosa carta dirigida ao Rei D. Manuel: “Eles não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isso andam tais rijos e tão nédios que não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos”. Supimpa.

Cartoon de Tonho Oliveira


Colonização dá nisso. De fora lhe trazem costumes, ideologia, comida. Podem levar também, como ocorreu com a batata, cultivada originalmente pelos incas e introduzida na Europa, onde dominou a alimentação.

Curiosa, também, é a história do milho, cereal nativo da América, mas igualmente desvalorizado com a introdução do trigo na panificação. Uma broa de milho, por exemplo. Quem já experimentou a guloseima recém-saída do forno, derretendo seu sabor com aquela sementinha de erva doce sobre a casca, certamente torce para que ela brilhe na mesma mesa contemporânea que afortunou o pão de queijo. Não será fácil.

Neste mundo onde os hábitos de consumo se modificam pela propaganda, geralmente enganosa, os produtos genuínos ficam espremidos dentro de suas modestas origens. O pão de queijo permaneceu muito tempo confinado ao cardápio da tradicional comida mineira, até ser descoberto pela comilança da globalização. Sua receita foi turbinada com os métodos e aditivos típicos da moderna fabricação tecnológica, o que lhe retirou aquele gostinho de fogão caipira, mas ele entrou na moda, sem restrição de idade nem renda. Tornou-se cosmopolita.


O sucesso recente do pão de queijo comprova a grande modificação da história da alimentação humana: o low food substituído pelo fast food. Nichos de culinária antiga sobrevivem, sim, fazendo contraponto à modernidade. A receita da vovó atrai as pessoas como se elas jamais se livrassem das reminiscências familiares. Mas o forno à lenha vale apenas no fim de semana. Na volta ao asfalto, na correria da labuta diária mandam as gororobas prontas, salgadas ou adocicadas, que tristemente empurram a humanidade para uma inusitada tragédia da saúde: a obesidade.

Mas essa é outra história.

Yoga de nudistas

http://dropsazulaniss.blogspot.com.br/

Viva João Ubaldo Ribeiro

Por Caetano Veloso.


"Viva João Ubaldo Ribeiro!"
João Ubaldo era uma entidade que eu sentia sempre muito próxima. No dia seguinte à minha chegada em Salvador, em 1960, eu o conheci, na Biblioteca Pública. E logo sua voz grave e sua eloquência irônica me atualizaram com o mundo da segunda metade do século 20. Eu tinha 17 anos; ele, 18. 


Hugo


Pouco depois, Glauber saudava o lançamento de um livro de contos escritos por jovens baianos. Havia modernismo bem assimilado espalhado pela turma. Sonia Coutinho usava recursos gráficos em meio a epifânicas histórias claricianas. Outros depuravam um lirismo em prosa que era justamente o que os críticos, seguindo Lukacs, costumavam censurar.

Gostei de tudo. Mas fiquei fascinado com os contos mais físicos, "americanos", que eu supunha influenciados pelos beatniks (que nunca li), assinados por João Ubaldo Ribeiro, meu jovem guia casual da Biblioteca. Ele era diferente. Original. Depois, tornou-se o grande autor de tantos grandes livros.


Ferreira


 "Sargento Getúlio" (que ele próprio traduziu para o inglês, tendo o livro e a tradução sido elogiados pelo New York Times) é uma peça literária perfeita. Em "Viva o Povo Brasileiro", sua obra máxima, o retrato do Nêgo Léu, a morte da mãe de santo, as paródias de Homero na narração da Guerra do Paraguai, todo o seu exuberante talento redacional e toda sua força cômica e comovida se derramam generosamente pelas muitas páginas. "A Casa dos Budas Ditosos" é um poema claro sobre a verdade do sexo na mulher, captada nas moças que nossa geração viu, com olhos infantis, amadurecer depois da Segunda Guerra Mundial. 


Matthias

Em todos os seus livros (e todas as semanas na página do Globo), o prazer do texto produzido por alguém com verdadeiro talento para escrever. Sua adorável voz de caverna dava às histórias que ele contava (sobre Caymmi, sobre Jorge Amado, sobre si mesmo, sobre amigos de Itaparica) um gosto de fruta do mato oferecida em elegante bandeja urbana. Conversar com Ubaldo era o céu. Ouvi-lo. Num Bloom's Day, organizado por Scarlet Moon (de que Fernanda Torres e eu tivemos a honra de participar - e em que Lulu Santos brilhou lendo trecho do "Retrato do Artista Quando Jovem"), Ubaldo foi simplesmente divino. Ele dominava a língua inglesa como falante e como escritor. Leu um trecho de "Ulysses" com dicção tão clássica mas tão apropriada às invenções de Joyce, com voz tão grave (fisica e emocionalmente), que tudo o mais calou-se.


Novaes


 É incrível ver um talento brotar e vingar nestas terras com tanta potência. Ao seu famoso brado, a resposta do povo brasileiro é (como tantos já devem estar dizendo ou escrevendo): Viva João Ubaldo Ribeiro."