quinta-feira, 31 de março de 2016

Ler e falar

Por Ferreira Gullar.
Folha SP - 28FEV

Ler e falar
o Enem, é cada vez menor as referências à literatura brasileira –o mesmo ocorrendo nos exames de vestibulares– causou preocupação nos membros da Academia Brasileira de Letras que, em face disso, decidiu manifestar-se sobre o assunto.

Essa questão foi trazida à ABL, no final do ano passado, por Arnaldo Niskier, que havia representado a instituição numa reunião promovida na Comissão de Educação da Câmara Federal pela deputada Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul. Ela realizou uma audiência pública para debater a situação da leitura e do ensino da literatura particularmente no ensino médio. A constatação lamentável é que, se não se estimula a leitura da literatura e seu ensino, não há razão para que a matéria faça parte dos exames e das provas.

A iniciativa da deputada em trazer à discussão esse fato merece o apoio da intelectualidade e dos cidadãos conscientes da importância da literatura para a vida nacional. Não obstante, nem todos têm essa compreensão e há mesmo, em certos setores, a tendência a ver o ensino da literatura como um resto do elitismo que deve ser eliminado da formação dos jovens.

Se minha observação for procedente, a ausência da literatura na formação da nossa juventude seria parte de um fenômeno mais amplo, que afeta outros setores da sociedade brasileira e que tem raízes mais profundas do que parece à primeira vista. Para nos atermos ao âmbito literário e do ensino, lembro da tendência entre filólogos e gramáticos de considerar que não há erros no uso da língua, mas apenas modos diversos de usá-la conforme a classe social de quem a usa. Ou seja, há a língua culta, falada pelos que têm cultura, e a língua do povo inculto, que não tem acesso à educação.

A constatação, até certo ponto, é correta, mas deduzir dela a conclusão de que tanto faz dizer "nós vamos" quanto "nós vai" é um equívoco que contraria a natureza da linguagem. Falar corretamente não é uma manifestação elitista e, sim, o resultado da necessidade humana de se expressar com coerência e clareza. Não sou linguista nem muito menos sei (alguém sabe?) como se formaram os idiomas, mas tenho certeza de que não se trata da invenção de um sujeito erudito e presunçoso que decidiu inventar as concordâncias entre sujeito e verbo, adjetivo e substantivo. Na verdade, fico fascinado ao constatar, já nas primeiras manifestações literárias, a concordância e a coerência entre os elementos da linguagem.

Como tampouco creio que os idiomas foram criados por Deus, contento-me em admitir que eles expressam, tanto quanto possível, a lógica que descobrimos no mundo e que nos ajuda a reinventá-lo. Pode ser até que a lógica da linguagem não seja a mesma do mundo –cuja complexidade excede à nossa compreensão–, mas, como nos ensina o exemplo da Torre de Babel, um idioma sem normas torna inviável o entendimento e, consequentemente, o convívio humano.

Claro que, por felicidade, estamos longe disso. O que importa aqui é afirmar que falar e escrever corretamente não são esnobismos, mas necessidades da linguagem humana.

Certamente, há que distinguir a linguagem falada da escrita. A fala coloquial, pelas circunstâncias em que se exerce, com frequência viola a correção da linguagem escrita. Tampouco teríamos que exigir, mesmo desta, um rigor sem concessões. Errar é humano e, modéstia à parte, citando a mim mesmo, cabe lembrar que "a crase não foi feita para humilhar ninguém".

Em suma, ninguém deve ser punido por errar na concordância vocabular. Tampouco é correto subestimar o homem do povo que desconhece as regras gramaticais e, por isso mesmo, fala errado.

O que, porém, não se pode aceitar é que linguistas e gramáticos afirmem que não se deve exigir que se fale e escreva corretamente, quando eles mesmos falam e escrevem conforme as regras gramaticais.

Ex-Ministro da Justiça apoiou o uso de grampos


Elio Gaspari e os exageros

Por Elio Gaspari.

Exageros
A doutora Dilma diz que o juiz Sérgio Moro colocou "em risco a soberania nacional" ao divulgar telefonemas em que ela estava na outra ponta da linha.

Falso como depoimento de comissário. A conversa da doutora com Lula não tratou de assunto relacionado com a soberania do país. Também não envolveu qualquer recurso criptográfico. Se Moro tivesse divulgado um trecho de telegrama secreto, esticando-se a corda, o argumento da soberania poderia ter algum valor. 

Quem grampeou a soberania do Brasil foi o companheiro Obama, mas essa é outra história.



Já o juiz Moro diz que os grampos divulgados por ele defendiam o interesse público. Algum dia o doutor poderá explicar que interesse público havia na divulgação do telefonema 80829474, de 9 de março.

Nele Lula e sua filha Lurian combinam que tomarão café da manhã juntos no dia seguinte. Nada mais. Dessa rápida conversa resulta apenas uma curiosidade, a senhora chama Lula de "gato".

Na bacia das almas

Por Bernardo Mello Franco

Na bacia das almas
Pouca gente notou, mas o país está sem ministro do Esporte. O cargo era ocupado por George Hilton, deputado do PRB e pastor da Universal. Como o partido e a igreja romperam com o governo, o ministro foi despejado. Em seu lugar entrou um interino, que também não deve ficar muito tempo por lá.

A nomeação de Hilton tem lugar garantido na lista de erros mais desastrosos do governo Dilma –o que já pode ser considerado o primeiro milagre do pastor. No discurso de posse, ele declarou que podia não entender de esporte, mas entendia de gente. Virou piada nacional antes de estrear no "Diário Oficial".



A gestão do ministro foi o vexame que se esperava. A bolsa de auxílio aos atletas atrasou. Os centros de treinamento não ficaram prontos. A Universal aparelhou a pasta, ocupando dezenas de cargos federais com bispos, pastores e obreiros.

Na semana passada, Hilton foi avisado de que seria demitido. Não por seu mau desempenho, mas como represália ao PRB, que passou a apoiar o impeachment. Para tentar sobreviver, o ministro se filiou ao Pros. Não funcionou. O Planalto preferiu deixar o posto vago, à espera de uma barganha mais promissora.

Arte de ALPINO


O caso do pastor ajuda a ilustrar o fracasso da articulação política do governo. Depois de se reeleger, Dilma escalou um dos piores ministérios da história. A ideia era sacrificar a gestão em troca de apoio no Congresso. O único resultado foi elevar o preço da chantagem parlamentar.

Às vésperas da votação do impeachment, o Planalto dobrou a aposta no fisiologismo. Acaba de entregar a Fundação Nacional de Saúde ao PTN, uma legenda nanica de políticos desconhecidos. Se eles fizerem o que se espera, vamos sentir saudade do escândalo dos sanguessugas.

Arte de ANGELI

Para quem negocia a saúde na bacia das almas, a pasta do Esporte poderia parecer um detalhe. Não é. O Brasil está prestes a sediar sua primeira Olimpíada. Com ou sem ministro, ela começa daqui a quatro meses.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Recado para o Ministro Teori Zavascki


Vermelho, a cor da vergonha

Por Ruth de Aquino.
Revista Época.

Vermelho é a cor mais quente
Quase todos estão no vermelho no Brasil real. E isso explica a ampla rejeição ao governo Dilma. Explica também o apoio da maioria dos brasileiros à saída da presidente da República – seja pelo impeachment, seja pela cassação de sua chapa com novas eleições, seja por sua renúncia. A voz das ruas, das pessoas mais simples – as que não têm tempo, estudo ou dom para discussões eternas, técnicas ou ideológicas, sobre esquerda, direita, legalidade de grampos, obstrução da Justiça e condução coercitiva –, é a seguinte: “O Brasil precisa voltar a andar”.



Mesmo na crise, os gastos do governo Dilma continuam a aumentar, e isso inclui as despesas com funcionários públicos. Não é pedindo ao Congresso aval para um rombo de R$ 96,65 bilhões em 2016 que Dilma vai recuperar o apoio popular perdido. Números podem ser chatos de ler, mas não dão margem a interpretações mirabolantes de juízes, ministros, parlamentares, petralhas ou coxinhas. A meta do governo era um superavit de R$ 24 bilhões. Só que o azul virou vermelho. É a cor mais quente, a que demonstra o maior crime de responsabilidade contra o país. É a cor do Planalto e das contas dos brasileiros.

O governo está no vermelho profundo, como lava fumegante de vulcão. Mas o nome de Dilma endividada não irá para a lista negra do SPC – somente os nomes dos brasileiros comuns e sem foro privilegiado, que não podem apelar ao Supremo Tribunal Federal. Esse deficit do governo federal está subestimado, porque não leva em conta os R$ 6 bilhões da renegociação da dívida com os Estados. Além disso, todos os planejamentos do ministro Nelson Barbosa contam com a injeção, no caixa, de uns R$ 10 bilhões da CPMF. Companheiros e companheiras, o rombo do governo Dilma este ano deve superar os R$ 100 bilhões. É o descrédito na capacidade desse governo de recuperar ou estabilizar a economia que acentua a insatisfação geral e as olheiras de Dilma. Não é só o nojo com a corrupção.



O golpe que pode derrubar Dilma é o que freou a mobilidade social dos pobres e da classe média. Ao depositar o voto na urna, acreditavam que subiriam na vida e que seus filhos e netos poderiam estudar em boas escolas e ser alguém. Poderiam ser bem tratados em hospitais. O golpe da gestão incompetente de Dilma rasgou as bandeiras sociais do próprio PT. Desde 1992, o Brasil registrou pela primeira vez, em 2015, a combinação de queda de renda e aumento da desigualdade.

O desemprego recorde em sete anos, de 8,2% no mês de fevereiro, atinge quase 10 milhões de brasileiros. É muita gente que acreditou no Partido dos Trabalhadores. Eles estão na busca frenética de trabalho e dormem nas filas do seguro-desemprego, que torturam quem está ali ao exigir documentos de décadas atrás para conceder o benefício. Ouvir depoimentos de quem busca seu direito legítimo ao seguro-desemprego é uma aula para entender a impopularidade de Dilma. Só em janeiro e fevereiro, 428 mil vagas de trabalho foram destruídas, 40% delas no comércio.



A desculpa do governo para descumprir a meta, jogar pelos ares o ajuste fiscal e assumir gastos irresponsáveis é um primor: “Achamos que neste momento o governo tem de atuar para estabilizar a economia”, disse Nelson Barbosa. Quem, em sã consciência, acredita que pode estabilizar alguma coisa contraindo dívidas e mais dívidas? Se a Odebrecht tem uma central de propinas para caranguejo, avião, nervosinho, drácula, lindinho, passivo, proximus, atleta, grego, múmia, viagra, feira, há, no Palácio do Planalto e em seu Ministério da Fazenda, uma central para imprimir dinheiro e disseminar mentiras.

A convulsão mais sangrenta no Brasil não é política, mas econômica. A Petrobras fechou 2015 com prejuízo de quase R$ 35 bilhões e uma dívida de quase R$ 500 bilhões. A recessão levou 277 indústrias a fechar as portas. Trabalhadores ocupam instalações de empresas que decretaram falência. O protesto não é pela esquerda nem pela direita. Eles não empunham bandeiras do Brasil nem muito menos vermelhas. Querem sua dignidade de volta. Não querem só comida, mas até o alimento anda escasso.



O menino que deixou um saco de paçoquinhas no meu espelho retrovisor lateral por R$ 2,00 me comoveu, embora seja ilegal e arriscado o magrelo correr em meio aos carros na avenida. Não gosto de paçoca, mas as palavras na etiqueta eram: “Quem dorme sonha. Quem trabalha conquista”. Abri a janela do carro e comprei o doce de amendoim, torcendo para ele não ser atropelado e voltar para casa. Seria bom se sonho e trabalho fossem garantidos a ele. Era hora de aula. Deveria estar na escola, não é mesmo, Dilma?

terça-feira, 29 de março de 2016

Cidadania também é escolha

Por David Coimbra.


Mande em mim
Você consegue se imaginar pedindo para alguém:

"Me oprima! Me submeta! Mande em mim!"?

Consegue?

É o que imploram os que defendem a volta da ditadura.

Porque uma ditadura nada mais é do que uma pessoa decidindo tudo por você, a não ser que você seja o ditador. Como duvido que aquelas senhoras que andam com faixas clamando por intervenção militar tenham força e influência suficientes para se alçar ao poder, elas não vão mandar em ninguém – vão obedecer.

Essa ânsia de servidão parece ilógica.

Não é.

Faz parte do jogo de forças entre os valores da liberdade e os da segurança. No Brasil de hoje, as pessoas se sentem inseguras. Elas olham para os lados e não veem ninguém capaz de protegê-las. É como se estivessem boiando no espaço, sem ter onde se apoiar.

É uma desagradável sensação de excesso de liberdade, algo bem próximo do desespero.

Então, as pessoas procuram proteção. Alguns a encontram naquela igreja que faz promessas concretas: aumento de salário, emprego novo, amor verdadeiro. Outros a encontram naquele candidato que é macho alfa, fala alto e está sempre brandindo o punho fechado: Bolsonaro, Trump... E há os radicais, os que preferem viver sob uma ditadura a enfrentar as contradições da democracia.

Ser livre dá trabalho.

O equilíbrio entre a segurança e a liberdade é uma construção sofisticada. Os brasileiros, desacostumados com a democracia, acham que, com democracia, tudo pode. A democracia lhes garante direitos, nunca os obriga a deveres.

Mas não é assim.

Democracia é o cumprimento da lei.

E a lei existe para regular a liberdade.

Liberdade total seria pegar o que você tivesse vontade de pegar, seria eliminar quem o incomodasse, seria fazer o que você bem entendesse, quando quisesse, como quisesse.

Aí seria impossível viver em sociedade. Foi para poder viver na companhia de outras pessoas que o homem inventou a lei.

Só que a lei também é suscetível a interpretações, e dança ora para o lado da segurança, ora para o lado da liberdade.

O juiz Sergio Moro, maior personagem da República nos últimos dois anos, defende uma Justiça que prioriza a segurança da sociedade em detrimento de certas liberdades individuais. É uma necessidade que vem sentindo o brasileiro desamparado. É uma tendência do país.

No entanto, o mesmo Sergio Moro defende uma Justiça que permite ao cidadão a liberdade de conhecer as informações públicas das pessoas públicas. Moro é a favor de tornar público tudo que é de interesse público.

Curiosamente, aqueles que defendem uma Justiça mais tolerante, mais centrada no indivíduo e, em tese, uma Justiça que dê mais valor à liberdade, defendem também a não publicação de certas informações de interesse público. Mesmo jornalistas, que vivem da publicação de fatos a respeito de pessoas públicas, posicionaram-se contra a divulgação, por exemplo, de detalhes de processos contra agentes públicos.

Tomando esse caso específico, o fascinante é que os dois lados, os que são contra a divulgação e os que são a favor, usam o mesmo argumento: eles estão ao lado da democracia.

Talvez ambos estejam certos. Existem diferentes tipos de democracia. Qual é a que queremos para nós?

Ainda não sabemos.

Ainda não sabemos quem somos.

Ainda temos de nos transformar em quem nós queremos ser.

Aconteceu em Brasília...

Estorinha Política

Que fase
Aproveitando a sequência de desdobramentos negativos para Dilma Rousseff e o aprofundamento da crise, o pedetista Zezé Perrella (MG) discursava no Senado disparando fortes críticas ao governo federal.

Arte de JEAN GALVÃO


O tucano Cássio Cunha Lima (PB) — ele também acostumado a alvejar o Planalto da tribuna — olhou para a petista Gleisi Hoffmann (PR), que se senta ao seu lado no plenário, esperando uma reação.

A senadora, que mantém uma relação cordial com o vizinho de mesa, desabafou:
— Veja a que ponto chegamos, senador Cássio. Estamos apanhando até do Zezé Perrella…

Governo sem cacife para negociar impeachment

Por Josias de Souza


Sem mensalão nem petrolão, a aliança congressual do governo sofre apagão
Dilma escancara sua fragilidade cada vez que repete “jamais renunciarei”. Na verdade, a presidente se encontra numa situação desesperadora. A única coisa que não a abandona é o medo de ser abandonada. No momento, Dilma vive o pior tipo de solidão, que é a companhia dos áulicos.

Se perguntarem a qualquer congressista ou ministro quais são os três temas prioritários da agenda brasiliense, o sujeito dirá: impeachment, impeachment e impeachment. Chegou-se a essa conjuntura monotemática por uma razão singela: o risco de Dilma ser impedida de exercer o cargo cresceu enormemente.

O pedido de impeachment deve chegar ao plenário da Câmara antes do final de abril. Ali, madame precisaria de 172 votos para livrar-se da encrenca. E seus operadores políticos já admitem reservadamente que esse apoio mínimo pode faltar à presidente da República.



Repetindo: para sepultar o pedido de impeachment, Dilma teria de contar com irrisórios 33,5% dos votos dos 513 deputados com assento no plenário da Câmara. E ela receia que até esse apoio ínfimo pode lhe ser negado. Ninguém disse ainda, talvez por pena, mas a base congressual de Dilma sofre um grave apagão.

Herdada de Lula, a coligação partidária que supostamente dá suporte a Dilma é uma aliança baseada em interesse$ inconfessáveis. E quando um matrimônio é selado na base do interesse vira patrimônio. Sem mensalão nem petrolão, a lealdade dos governistas ficou, digamos, meio cansada.

O PMDB, em cujos quadros se abrigam alguns dos mais notórios investigados da Lava Jato, deve desembarcar nesta terça-feira (29). O PP, a legenda que mais se lambuzou na petrorroubalheira, ameaça fazer o mesmo. O PR, um cartório controlado pelo mensaleiro Valdemar Costa Neto viria a seguir…



Na democracia brasileira, um projeto político que saiu pelo ladrão, os partidos perderam a função. Antes, representavam grupos ou corporações. Hoje, representam apenas os próprios interesses. Sempre houve na política essa confusão entre público e privado. A diferença é que na era petista houve uma radicalização.

Se o mensalão e o petrolão serviram para alguma coisa foi para ecentuar a percepção de que há um quarto poder pairando sobre o Executivo, o Legislativo e o Judiciácio: o poder do dinheiro. A Lava Jato secou a fonte. E Dilma, que dispunha de maioria folgada na Câmara, tornou-se uma presidente minoritária.

Considerando-se que os partidos viraram paraísos fiscais, nos quais o governo investe todo o dinheiro que a corrupção é capaz de prover, Dilma conta com a perspectiva de extrair 100% de dividendos apenas do seu PT e do PCdoB. Juntas, essas “firmas” somam 71 votos na Câmara. Faltam 101 para brecar o impeachment.



Há dois dias, numa conversa com jornalistas estrangeiros, Dilma afirmou: “A oposição me pede que eu renuncie. Por quê? Por que sou uma mulher fraca? Não, não sou uma mulher fraca.” Se não consegue reunir 101 gatunos pingados sem o anabolizante da corrupção, para que diabos serve a força de Dilma?

Aos que imaginam que a eventual aprovação do impeachment significará o fim de todos os problemas, um aviso: vai à cadeira de presidente o vice Michel Temer, do mafioso PMDB. Quer dizer: a política continuará condicionada aos desdobramentos das investigações policiais.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Narrando o jogo da Operação lava Jato


Impeachment: o nº mágico é 342 e não 171

Por Elio Gaspari.


O nº mágico é 342 e não 171
A ideia de que o governo precisa de 171 votos para barrar o impedimento da doutora Dilma é verdadeira, mas incompleta. Ela é repetida com frequência, inclusive aqui.

O processo de impeachment requer dois terços dos votos da Câmara (342) para ir em frente. O número mágico é esse.

O governo não precisa de 171 votos a favor de Dilma. Essa condição seria suficiente, mas não é necessária. O que ele precisa é que a maioria favorável ao impedimento não chegue a 342.

Arte de AMARILDO

Isso pode ser conseguido com votos contra a iniciativa (na qual o deputado se expõe), pela abstenção e sobretudo pela simples ausência. Assim, se 152 deputados ficarem a favor da doutora (19 abaixo dos 171 do terço), mas 19 outros não aparecerem na hora da votação, o pedido de impeachment vai ao arquivo.

Foi isso que aconteceu em 1984 com a emenda que restabelecia as eleições diretas. Ela precisava do voto de 320 deputados. Quem decidiu a parada foram as ausências (113). Contra, votaram apenas 65 deputados. Com 298 votos, a emenda morreu. Na hora de a onça beber água o governo pressionava deputados pedindo-lhes que não comparecessem.

No caso do impedimento de Collor, quando rompeu-se o dique de proteção ao governo eram necessários 336 votos e 441 deputados decidiram afastá-lo.

Certas palavras valem mais que mil imagens

Por Fernando Gabeira.
O Globo - 20MAR2016

Certas palavras valem mais que mil imagens
Eram cinco horas da tarde, eu cobria uma demonstração na porta do Palácio do Planalto. As pessoas estavam com muita raiva de Dilma e de Lula. Sentiam-se ignoradas depois de terem ido para as ruas no domingo. Queriam a queda de Dilma e a prisão de Lula. Dilma não só não deu sinais de renúncia, como convidou Lula para ocupar um ministério e fugir da Lava-Jato.

Uma hora de trabalho e saí em busca de água e um banheiro no Congresso. Ali, soube da divulgação dos áudios.



Em termos cinematográficos, o áudio contém metade das informações de um filme. Nesse caso, os áudios eram toda a informação necessária para inflamar as ruas. As multidões já estavam iradas e o diálogo Dilma-Lula serviu para catalisar um processo que já estava em andamento. Os romances do passado escreviam assim: a marquesa saiu às seis horas. Agora era possível reescrevê-los: Dilma foi para o espaço às seis horas, no rabo de um foguete barbudo.

Só mais tarde, exausto, examinei o conjunto de gravações. Senti que Lula estava acuado, tentando dominar um processo que escapava ao seu alcance. Os interlocutores, inclusive Jaques Wagner e, principalmente, Nélson Barbosa, respondiam com frases curtas, como se estivessem incomodados, loucos para desligar. Ele sabia que era uma luta difícil. Mas lamentava o medo dos outros: o Congresso e o Supremo estavam acovardados. Sua intenção era deter a Lava-Jato e criar uma frente de investigados. Se não fizessem nada, seriam todos presos.



Renan estava fodido, Cunha, idem. Lula parecia assumir sua verdadeira condição de chefe da imensa quadrilha, para salvá-la dos procuradores que, segundo ele, se achavam representantes divinos. Conversas gravadas sempre trazem embaraços. Na intimidade, somos menos cuidadosos. A série de gravações mostrou não só que Lula queria interferir no processo legal. Mostrou algo que não se suspeitava: a falta de carinho e solidariedade com as pessoas que o ajudaram por décadas.

É o caso de Clara Ant. Ela chegou a ser deputada, mas depois disso dedicou-se, inteiramente, a ajudar Lula. Ao que parece, foi um projeto de vida. Participei de um debate com ela, sobre o conflito no Oriente Médio, diante de uma plateia formada por membros da colônia judaica. Ela defendeu, como pôde, a política externa do governo brasileiro. Pareceu-me uma pessoa tranquila e bastante confortável diante de ideias divergentes. Não tenho procuração para defendê-la e, quem sabe, pense a meu respeito todas as barbaridades que a imprensa petista divulga. No entanto, afirmo que não é assim que se trata uma colaboradora de tantos anos, nem é assim que se trata qualquer mulher que tem sua casa invadida por cinco policiais. Lula disse que ela deve ter achado um presente de Deus tantos homens entrando pela porta. Dilma riu. Dilma, a presidenta, a mulher símbolo de uma conquista feminina, ri de piadas machistas desde que contadas pelo seu chefe.

Arte de NANI


O ângulo político das gravações, nesta altura, já deve ter sido exaurido, e a tentativa de fugir da Lava-Jato já se revelou o desastre que todas as pessoas sensatas previam. O ministro Aragão, que tinha como tarefa desmontar a Lava-Jato, foi tratado como alguém que é amigo, mas, no momento de fazer as coisas, sempre dizia “Olha’’. Lembrou-me de Sancho Pança, que dizia constantemente: “Olha, mestre, olha bem o que está dizendo’’.

Lula não pode ser comparado a um Dom Quixote, pois seria uma agressão a esse maravilhoso símbolo da cultura ocidental. Ele, simplesmente, estava desesperado. A máquina do governo petista não respondia com eficácia sua ânsia de proteção. Os políticos corruptos marchavam para o matadouro, inertes, à espera da salvação mágica. Ele viria para reagrupá-los, derrotar a República de Curitiba e, certamente, encontrar um meio de financiar as relações obscenas alimentadas pelo mensalão e pelo assalto à Petrobras.

Arte de MIGUEL


Sua meta conservadora é cristalina. E, ainda assim, algumas pessoas, militantes e intelectuais, continuam achando-o o caminho do futuro e classificando de reacionário quem se opõe a um projeto criminoso de poder. As hostes petistas receberiam ordens claras para achincalhar os adversários e intimidar os procuradores e policiais da Lava-Jato.

No princípio da semana, fui alvo de ataques desonestos dos sites pagos pelo governo. Talvez já fosse uma minúscula parte do plano. Não creio que quisessem me intimidar; estavam apenas exercitando os músculos. De todos as crises que vi no Brasil, esta tem uma singularidade: a tristeza de milhares de pessoas que acreditaram no poder transformador da esquerda no governo. Falei com alguns senadores que deixaram o PT. Estavam desolados, depois de tantos anos de trabalho. Pelo menos compreenderam a realidade e podem tentar outro caminho. Os oportunistas e carreiristas continuaram agarrados aos seus empregos.

Arte de CAZO


O drama mesmo é dos que não suportam as dores da realidade e insistem na negação. Seguem o seu líder sem o bom senso de Sancho Pança. Não ousam dizer: “Mestre, olhe bem o que está dizendo’’.

No Brasil, pobre quando rouba vai preso, rico quando rouba ganha um ministério. Luiz Inácio da Silva, em 1988.

domingo, 27 de março de 2016

Os perigos da lista

Por David Coimbra.

Os perigos da lista
Calma!

Nada de ansiedade nesta hora de peles eriçadas e respirações suspensas.

A decisão do ministro Teori, de resguardar o sigilo da gravação envolvendo Dilma, não é ruim para a Lava-Jato, esse evento que, todos sabemos, é o mais importante para o país, depois do Plano Real.

Ao contrário. É ótima.



Em primeiro lugar porque, mesmo que a divulgação da gravação seja de relevância pública, Moro errou ao não consultar o STF antes de liberá-la.

Em segundo porque, com sua decisão, Teori acaba com as teorias persecutórias dos governistas. Teori demonstrou que a democracia brasileira não corre nenhum risco devido às investigações da Lava-Jato, que a soberania nacional não está em perigo e que as instâncias superiores da Justiça não se sentem acovardadas pela República de Curitiba.

Ou seja: está tudo correndo normalmente.



Não existe essa história de golpe, e o tão citado Estado democrático de direito não sofre a menor ameaça. Se Dilma cair, será por meios constitucionais. Se continuar no cargo, idem.

Moro é ótimo juiz e está fazendo ótimo trabalho, mas é jovem e, como todo jovem, às vezes se torna afoito.

Foi afoito no caso da ligação envolvendo a presidente da República.

O método de Moro, porém, tem sido o mesmo desde o começo. Há dois anos que ele autoriza conduções coercitivas, prisões preventivas e publicação do conteúdo das investigações. Para ele, tudo que é de interesse público tem de ser publicado. É uma escola do Direito.



Você pode concordar ou não com ele, mas o fato é que seu critério não mudou: ele está agindo com políticos da mesma forma que agiu com empresários, doleiros e assalariados comuns, como eu e você.

Acontece que agora a investigação chegou ao seu ponto nevrálgico: a política. E a política, como qualquer ponto nevrálgico, dói.

Um político é diferente de qualquer um de nós. Um político ganha votos. Ou seja: as pessoas estão depositando confiança nele. Um político lida com dinheiro público, com interesses públicos, e por isso sua conduta é também de interesse público.



Mas um político não tem só eleitores a cobrá-lo. Cada político é um líder, inclusive aquele verdureiro que se elegeu vereador no seu bairro. Cada político tem apoiadores, seguidores, às vezes devotos. Nos diálogos gravados de Lula, esses devotos despejam-se às catadupas. O ministro Jaques Wagner se oferece para carregar a pasta de seu amado chefe, e Lindbergh Farias chegou a dizer:

– Nós adoramos o senhor!

Ao lado do arfante Lindbergh estava Jandira Feghali, aquela deputada com cara de cartomante que protagonizou uma das cenas mais hilárias de toda essa história — depois de Lula ter sido levado a depor, ela foi fazer um vídeo bajulando-o e começou:

– O presidente está calmo, está sereno...




E, atrás, Lula esbravejava ao telefone, dizendo para Dilma que queria que a Justiça enfiasse o processo contra ele por entre um dos nove orifícios do corpo humano.

Que momento da República.

Mas o que interessa, por ora, é que qualquer político sempre contará com defensores ardorosos, gente que acredita mesmo nele ou quer ou precisa acreditar. Logo, esta etapa das investigações é muitíssimo mais sensível.

Arte de PELICANO


Nesta terça-feira, 200 nomes de políticos de 18 partidos explodiram em público, na divulgação da lista de contribuições da Odebrecht. Sabe-se que vários receberam do caixa 2, mas outros tantos não. Por esses, pelos honestos, é preciso ter cuidado. Saber do comportamento público dos homens públicos é importante, é direito do cidadão. Mas saber o que fazer com essa informação é mais importante ainda.

Moro não é o vilão

Por Rogério Gentile
Folha SP - 24MAR

Moro não é o vilão
O governo e o PT tentam transformar Sergio Moro no vilão do escândalo da Lava Jato. O juiz, que já foi chamado de golpista, de ditador e até mesmo de gângster, é acusado de atentar contra a soberania nacional, imputação que comprova a ilimitada capacidade do ser humano de proferir asneiras.

Moro –não custa lembrar às viúvas do Lula de 1989– nunca foi líder do partido envolvido na pilhagem da Petrobras, tampouco obteve benefícios de empreiteiras ou levou centenas de objetos pessoais para um sítio que não lhe pertence –a perícia não achou nenhuma peça dos alegados donos do imóvel na propriedade.

O magistrado cometeu erros nesses dois anos da operação? É provável, ainda que mereça muito mais elogios do que críticas. Cabe à própria Justiça fazer um exame das suas decisões –ao ordenar a Moro o envio da apuração sobre Lula ao STF, Teori fez críticas à atuação do juiz no episódio das escutas do ex-presidente.



Ainda que Moro tenha agido de modo inapropriado na divulgação das conversas, sua conduta não pode ser utilizada como cortina de fumaça para a estarrecedora operação de obstrução das investigações efetuada por Lula e Dilma.

O ex-presidente orientou o ministro da Fazenda a pressionar a Receita por conta das auditorias no Instituto Lula, derrubou o da Justiça por considerar que ele não tinha controle da Polícia Federal e exigiu que o sucessor cumprisse "papel de homem" –ato contínuo, o novo titular ameaçou trocar toda a equipe da PF.

Dilma, por sua vez, nomeou para o ministério um aliado que é alvo de pedido de prisão, beneficiando-lhe com o foro privilegiado. Para a OAB, cometeu crime de responsabilidade.

Moro, deveria ser desnecessário dizer, não é o problema.

*Chico Buarque reprimiu um artista por expressar sua opinião e foi aplaudido pela crítica. É difícil saber o que causa mais espanto.

Teoridra !!!

TEORIDRA

As três cabeças de um ministro do STF.
Uma obra do Movimento NasRuas 
de Carla Zambelli.

O ministro Teori Zavascki irá decidir o destino de Lula.

Nova música dedicada ao Lulla

Neguinho da Beija Flor 
Boca Nervosa



Hoje é dia do circo!!

Arte de AMARILDO

O Estádio em peso: FORA PT !!


Lulla manda seu recado sobre os grampos


Carros conectados e a cibersegurança: um risco crescente

Por Tom Srail

Carros conectados e a cibersegurança: um risco crescente
Os fabricantes de automóveis estão preocupados em garantir uma maior segurança aos passageiros e prevenir o potencial de ataques cibernéticos dos carros "conectados.

Segundo um relatório divulgado em maio pelo BI Inteligence, em 2020, 75% dos carros lançados mundialmente irão permitir que as pessoas compartilhem músicas, procurem por filmes, acompanhem em tempo real o trânsito e as condições climáticas, e ofereçam ao motorista diversas opções de suporte como, por exemplo, o auto estacionamento.



Os pesquisadores americanos dizem que o mercado de carros conectados irá crescer anualmente cerca de 45% pelos próximos cinco anos, um incremento 10% maior que o do próprio mercado de automóveis. Segundo o BI Intelligence, dos 92 milhões de carros previstos para serem entregues em 2020, três quartos devem oferecer hardwares de conexão com a Internet.

No entanto, conforme a conexão com a Internet tornar-se mais comum nos módulos de controle dos veículos e do lançamento de um número maior de dispositivos usados em automóveis, o risco com a segurança e privacidade das informações também aumentará.



Recentes estudos da Universidade da Califórnia e da Universidade de Washington revelam que quase todos os sistemas de controle em um carro moderno podem ser comprometidos e controlados remotamente. Isso porque a maioria dos sistemas de segurança foi desenvolvida antes do surgimento das opções de conectividade existentes atualmente.

Hoje, um mercado diversificado de aplicativos de “entretenimento tecnológico” está sendo projetado especificamente para carros como, por exemplo, diagnósticos digitais, serviço de monitoramento para novos motoristas, sistemas de navegação e outros serviços pensados para toda essa nova linha de carros conectados. 



Segundo a consultoria McKinsey, as vendas desses automóveis devem crescer para $220 bilhões em 2020, bem acima dos $39 bilhões gerados em 2014. 

s carros novos já sairão das fábricas com pontos de acesso wireless, sistemas de telemática, conectividade via Wi-Fi e Bluetooth, além de sistemas de scanner. À medida que os aplicativos de smartphones forem integrados aos carros, como, por exemplo, o CarPlay da Apple, oportunidades para as ações dos hackers também crescerão exponencialmente.

No entanto, poucos questionam que a rápida expansão da tecnologia de conecção dos carros já ultrapassou a capacidade dos fabricantes de automóveis em proteger os consumidores contra os ciberataques. 




Em fevereiro de 2015, o senador americano Edward Markey escreveu um artigo sobre o tema. No texto, o senador detalha que encontrou montadoras que não tinham conhecimento e não conseguiam identificar a escala atual do problema, simplesmente porque não mantinham ou compartilhavam registros de possíveis invasões.

Além disso, verificou-se que quase todos os fabricantes de equipamentos originais (OEM), fornecedores de componentes para carros conectados, eram incapazes de responder aos ataques em tempo real, embora alguns tivessem sistemas de bordo que possibilitavam o registro das informações sobre as violações para uma recuperação posterior.



A conclusão do artigo foi que todas as empresas envolvidas com a indústria automobilística terão que desenvolver, rapidamente, a capacidade de se defender contra-ataques cibernéticos.

A maioria dos especialistas em segurança acredita que a dimensão dos riscos emergentes só será plenamente compreendida quando descobrirmos a motivação dos ciberterroristas. O que os criminosos têm a ganhar?



Infelizmente, parece haver muitas razões para se conectar a um carro ligado, algumas das quais se estendem além da motivação financeira usual para ataques a computadores e smartphones pessoais. Entre as razões já levantadas estão:
  • Lucro ou ganho financeiro
  • Roubo de propriedade, incluindo do próprio automóvel
  • Conquistar uma vantagem comercial, como, por exemplo, desativar o modelo auto-maker da empresa rival para causar dano de marca
  • Espionagem industrial, ou roubo de propriedade intelectual dos softwares
  • Crime organizado, terrorismo e vingança pessoal
  • Engano ou neutralização do software e/ou hardware de restrições
  • Violação de privacidade, como rastreamento ou perseguição de pessoas
  • Causar danos a um motorista, passageiro, pedestre ou pessoas que estão na estrada
  • Danos de infraestrutura: desabilitar e/ou controlar uma frota de carros como forma de interromper ou mesmo parar o transporte de uma cidade inteira


Qualquer incidente pode afetar as metas financeiras de empresas, o aumento de indenizações por responsabilidade civil, ou ainda impactar negativamente o valor da marca de uma montadora ou de fornecedores de componentes eletrônicos. Por estas razões, alguns setores da indústria automobilística dos Estados Unidos estão considerando os recursos possíveis para medir o risco e construir estratégias adequadas de defesa à ciberataques.

Uma extensa reengenharia de arquitetura de sistemas para o suporte cibersegurança - incluindo o desenvolvimento de hardwares e softwares específicos – serão exigidos de diversos controles automotivos. Será necessário também um trabalho adicional para melhorar a proteção dos dados e a integridade dos controles que protegem o acesso a esses sistemas.



A teoria mais abrangente da indústria de design de sistemas de segurança tem que assumir que violações de segurança cibernética irão ocorrer e soluções operacionais de forma padrão devem fornecer proteção contra a intrusão, além de um monitoramento constante de comportamentos suspeitos, enquanto o carro estiver em operação.

A implantação de tal extensa tecnologia terá custos significativos para a indústria automobilística e pode levar uma década para que seja implementada integralmente. Mas os custos de não se construir sistemas de cibersegurança robustos para a nova era carros conectados serão mesuradas em despesas legais, responsabilidades civis para com os clientes, além, é claro, de perda de reputação corporativa das empresas envolvidas.

Claramente, carros conectados irão requerer soluções inteligentes. 


* Tom Srail é líder regional paras as indústrias de Tecnologia, Media e Telecomunicações da Willis Towers Watson. O executivo tem mais de 20 anos de experiência nos setores de seguros e tecnologia. É responsável também por supervisionar o Centros de Excelência em Tecnologia, Media e Telecomunicações da empresa em São Francisco, Nova York e Dallas.