domingo, 31 de janeiro de 2010

Traduzindo o Baianês! - XVIII / 4º ato.

* Para ler os 3 primeiros, clique  e 3º
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Especial Traduzindo o Baianês
capítulo XVIII
4º ato

"Espaço Cultural" Guadalupe - a nossa visgueira.
Palco onde se desenrola o quebra-pau imaginário.
Foto de Arlindo von Flach e Marcelo Overbeck,
ambos genuinamente baianos, apesar dos sobrenomes.
 Vixe mainha!



O Baianês na briga de rua
(cont.)

 Quando parecia que aquilo não ia acabar mais nunca chegou o Almada, meu amigo irmão (amigo de fé, amigo do peito) e diz:
- Mendes, tá na hora de se dar um basta nessa zorra (confusão)! Temos que  dar um paradeiro (encerrar o assunto) nisso!

Ôxe! nem precisei me meter nesse esperretetê todo (arranca-rabo) porque antes que eu dissesse qualquer coisa, chegou os homi da lei (polícia) distribuindo fanta (cassetete) para tudo que é lado, lascando em banda (sem olhar prá quem) sem dó nem pena que saiu tudo escarreirado (correndo) tirando o time de campo (se mandando).

E parece que quem avisou os homi foi aquele sacrista (sacana) que cede a cauda (é isso mesmo que vocês  estão pensando). O nome dele? num sei não, não lembro. Mas é ele mesmo, voces sabem quem é, o que queima rodinha (idem), que gosta de dar o zé-de-obrar (idem), o brioco (idem), o toba (idem), o redondo (idem), o furico (idem) ...

Mas Deus castiga! No logo depois que ele falou demais (entregou) apareceu um vagabundo (ladrão) e tomou o redondo dele (o relógio, não confunda), aquele roscófi (relógio fuleiro, falsificado) que ele ganhou de amigo secreto (amigo oculto) no natal passado - toma saqueba! (sacana)!

É como diz a voz do povo: passarinho que muito fala, caga no ninho!

Eu só sei que não ficou um pé-de-gente (uma só pessoa) prá contar a história. Tá rebocado piripicado (pode acreditar) que por mim não se puxa (se começa) mais assunto de futebol, ainda mais de BA X VI, aqui no cacete-armado (barzinho, birosca) aonde a gente come água (bebe).

Mas você sabe que mesmo com a zuada (barulho) toda das sirene ainda deu prá ouvir o qui-qui-qui-cá-cá-cá (risada) da galera do mal (grupo, turma) que ficou assistindo o fuzuê (agito) lá do outro lado da rua, bem longe do falapau ("festa").

Daqui deu prá ver o Ivan Vaca Preta, o Seu Menino - que pode ser velho como dom corno (bem vivido) mas não tá brôco (esclerosado) prá ficar no meio de rolo (confusão), o Ovídio - um cearense gente boa que também abaianou de vez, Mineiro - outro que veio de fora e só quer ser chamado pelo nome mas que ninguém lembra qual é, o Lineu - que veio da Espanha, mas é daqui, e até tá nos "deveno" uns artigos pro blog e até o nosso fotógrafo Arlindo - aquele que Cunha chama de "Bela Brisa" - uma brincadeira bem pensada com o nome dele.

E mirando bem (olhando direito) não só eles, ainda tinha a turma do palitinho (porrinha) que não larga do jogo por nada: o Messias, os irmãos Schumacher - que de alemão não tem nadica de nada, Edinho Chebeu - que o que tem de feio tem de gente boa, o Vidal e Zé Luís - uma dupla de dois que quando tão junto parece até que tem arte com o cão (que apronta, arteiro), Gatinho e o Aurélio, que descobri há poucos dias ser meu primo, não é primo carnal é verdade, mas ainda assim é meu primo e também torce pro Bahia, quer referência melhor que essa?

Princesa, nossa mascote.

E Princesa, tadinha, que tava toda perdida, agoniada, latindo prá todo mundo, com certeza pedindo que a briga acabasse prá ela voltar a comer a sua quota dos tira gosto que o pessoal pedia pois a bichinha é interesseira por demais, aliás, é a única cachorra -  no bom sentido, que conheço que gosta de picolé Chicabom e cocada branca. A bichinha  chega tá cevada de gorda.

E depois eu ainda vim saber que teve até um pé-de-pica (fuzuê) entre Jaquinho e Cesinha.

Jaquinho coitado, que mal sabe desenhar um O com copo (semi-analfabeto) e Cesinha, que dr. Lamoso chama de ´Zezinha´ discutiram por causa de um disse-que-me-disse, uma discussão 'a toa, uma picuinha besta (frescura, coisa sem importância) que um é mais alto que o outro, pode isso? Dois meia-foda (baixinho) daqueles!

Ainda bem que os mais esquentados não apareceram lá hoje porque senão a coisa podia ser ainda pior, imaginem um cara como o Vítor que até dizem que é federal ou um Vinhas que veio fugido de Sumpaulo sei lá por quê, ou ainda o Torquato, esse então é melhor mesmo eu calar minha boca...

E sem contar os que por outras razões como o Edinho da Bahia que trabalha com evento de carnaval, micareta, xous e já no corre-corre que o tempo tá correndo e não podendo parar para tomar umas (beber) com os amigos, ele e o Miguelzinho - que também é do ramo - um minino danado de bom, além do Alberto, do Hélio Nigrinha, do João Vieira - esse fez falta pois ajudaria logo a desapartar (separar) a briga com aquela calma dele, do Anquises, e não esquecendo do Tiago que de todos tinha o melhor álibe... o minino tava em lua de mel, casado denôvo (recém-casado).

Ainda bem que tudo acabou mas que a chimbança (falapau) durou mais de duas horas de relógio (duas horas), durou! De jeito e qualidade (de jeito nenhum) durou menos que isso.

Só sei que o bom foi que logo logo caiu o maior toró (chuva forte) e lavou a rua e a alma de todo mundo.

Falando em alma, acho até que aqueles que já bateram a caçuleta (morreram) como Andrade – amigo bom que foi embora cedo, Betão, Gilberto, o velho Charles - um poeta de mão cheia, Adaiz gente boa e coronel Aquilino que adorava uma menina nova se esbaldaram  com o "homi" lá de cima que devia era tá rindo da criação dele se pegar (brigar) aqui em baixo!

Aliás o Todo-Poderoso que se cuide pois acho que já deve tá tendo uma disputa danada da boa entre Ele e o Andrade, prá ver quem paquera mais as Anja lá de cima.

Mas voltando aqui embaixo, eu só sei que entre mortos e feridos salvaram-se todos e de hoje a oito (daqui uma semana) tem a lavagem (festa que acontece anualmente) do Guadalupe que é o nome mesmo (nome verdadeiro) da visgueira!

Será que quem apanhou vai querer revanche? Só sei que é o momento do Maradona recuperar o prejú (prejuízo) que ele deve ter tido com a muvuca (confusão) não só de garrafa quebrada a dar de pau (muito, em grande quantidade) mas também e principalmente pelos birros (espeto, sair sem pagar) que ele deve ter levado.

E eu vou ficando por aqui, pois hoje 31 não é só o fim do mês é também o fim de "Traduzindo o Baianês".

Axé! (salve! muita energia!)

(Zéfini - Fim)


Isto é uma estorinha inventada,
 qualquer parecença é mera cagada!

Isto é uma obra de ficção,
qualquer semelhança é mera coincidência!

Fontes:
Expressões e terminologias
- Entreouvidos nas ruas, becos, bares, botecos e cacetes-armados;
- Dicionário de Baianês, de Nivaldo Lariú

Texto de apoio
- de minha autoria (Ó paí, ó! - Olha só!)