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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Dirceu pode ser uma pedra no sapato do PT

FONTE Revista ISTO É


O "guerreiro" sucumbe e ameaça Lula, Dilma e o PT
Nos últimos dias, o ex-ministro José Dirceu distribuiu uma série de recados. A maior parte deles endereçada a dirigentes do PT, integrantes do governo Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula. No mais contundente dos desabafos feitos recentemente, disse que está no limite da sua paciência e prestes a estourar. 

Arte de SPONHOLZ


Ex-homem forte do governo Lula, Dirceu guarda consigo os segredos mais recônditos da era petista no poder. Foi ele quem pavimentou a caminhada do partido até o Planalto. Sabe como poucos os atalhos – republicanos ou não – utilizados pelo PT para chegar lá. Conhece como ninguém as práticas do mesmo PT no exercício da Presidência da República, incluindo o esquema do Petrolão ao qual ele próprio está associado e que, por essa razão, vive sob a ameaça de regressar à prisão. Atualmente ele cumpre regime domiciliar pela condenação do mensalão.




Dez quilos mais magro, Dirceu confidenciou a interlocutores que não suportaria um retorno à cadeia. Quer ajuda para evitar um novo infortúnio. Caso contrário, não responderá por si. Se ele vai cumprir o que insinua em seus recados, ninguém sabe. Mas pessoas que estiveram com ele nas últimas semanas garantem que aquele “guerreiro” da esquerda, de punhos cerrados erguidos, realmente sucumbiu ao medo. 

A apreensão é ilustrada pelo tom clemente adotado no pedido de manutenção de sua liberdade apresentado ao juiz da 13ª Vara Federal Sérgio Moro, na noite de terça-feira 14. “Tamanha a angústia do peticionário, que, já com seus 70 anos e rotulado indelevelmente de inimigo público, não aguenta mais a situação a qual é submetido diariamente”, escreveu Roberto Podval, advogado do ex-ministro. 

Arte de AROEIRA


Nas últimas duas semanas, a defesa do ex-ministro apelou preventivamente três vezes à Justiça do Paraná contra a prisão do petista. No dia 2 de julho, um pedido habeas corpus foi apresentado e rejeitado. Agora, numa nova estratégia, Podval recorre à sensibilidade de Moro. 

Desde que a empresa de consultoria de Dirceu, a JD Assessoria, surgiu nas investigações da Operação Lava Jato como possível elo do esquema de lavagem de dinheiro, o ex-ministro passou a integrar o “núcleo petista” do Petrolão, juntamente com o ex-tesoureiro da sigla João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o ex-deputado André Vargas. 

Dois depoimentos prestados à Justiça na tarde de terça-feira 14 complicaram ainda mais a vida de Dirceu. Ex-consultor da empresa Toyo Setal, Júlio Camargo informou que entregou R$ 4 milhões em espécie para o ex-ministro a pedido de Duque. O ex-gerente de Engenharia da Petrobras, Pedro Barusco, outro delator da Lava Jato, reforçou o envolvimento do petista. Disse que o nome de Dirceu surgiu nas conversas sobre os repasses de propinas. “Se ele recebeu, eu não posso dizer. Não era papel meu. Mas o nome dele (Dirceu) aparecia nas conversas”, afirmou Barusco.

Arte de PAIXÂO


A fragilidade emocional, a idade de Dirceu e o bom comportamento do ex-ministro durante os 354 dias em que ficou preso após a condenação do processo do mensalão são alguns dos argumentos utilizados pelos advogados para evitar que ele volte à cadeia por um segundo escândalo que atinge o governo e o PT. Podval insiste que seu cliente não vai fugir e alega que Dirceu está sendo vigiado até pela imprensa, que faz plantão diário na porta de sua casa. 

José Dirceu já está preso, profissionalmente inativo e de mãos absolutamente atadas”, apelou. A Força Tarefa da Lava Jato, porém, não tem a imagem de um Dirceu assim tão inofensivo. A hipótese de fuga é descartada, mas a influência política e empresarial do ex-ministro ainda tem forte alcance e a Polícia Federal está atenta a manobras que possam prejudicar o avanço das investigações da Lava Jato.

Cartões Corporativos - hora de escancarar seus segredos

Fonte ISTO É


Ilustrações 1,2 e 3 de Guto Cassiano.

Cartões Corporativos - Sigilo injustificável
No momento em que a presidente Dilma impõe ao País uma política econômica que sufoca as empresas e as famílias para corrigir o desajuste que ela e as gestões petistas provocaram, o Tribunal de Contas da União joga luzes sobre um dos mais inaceitáveis casos de desperdício de dinheiro público: os gastos feitos com os cartões corporativos do governo e, em particular, do Gabinete da presidente. 



Nas próximas semanas, o TCU começará uma investigação oficial sobre esses gastos. O processo sigiloso foi aberto em 29 de junho e terá como relator o ministro Benjamin Zymler. 

O objetivo é detalhar aquilo que os técnicos do Tribunal definem como “gastos excessivos”. Através desses cartões, a presidente, ministros e seus assessores mais próximos consomem anualmente milhões de reais sem nenhuma transparência ou forma de controle. “Sob o argumento de que por razões de segurança os gastos devem ser mantidos em sigilo vem se cometendo enormes absurdos”, disse um dos auditores do TCU que teve acesso a alguns desses gastos.

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Desde que o PT chegou ao Palácio do Planalto em 2003, os gastos com os cartões corporativos explodiram. Em 2002, último ano da gestão de Fernando Henrique Cardoso, o governo consumiu R$ 3 milhões com os cartões. Entre 2003 e abril desse ano, os petistas gastaram R$ 615 milhões com os cartões e cerca de 95% dessas despesas são consideradas “secretas”. Ou seja, não estão sujeitas à transparência necessária às boas condutas republicanas. 

Só nos três primeiros meses desse segundo mandado de Dilma, foram gastos R$ 14,3 milhões, sendo R$ 4 milhões apenas na Presidência da República. “A sociedade precisa conhecer esses gastos. Essa falta de transparência atrapalha até mesmo o TCU, que não consegue checar se houve superfaturamento e sequer as justificativas para as despesas”, disse o auditor do tribunal. 

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Durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva já foi descoberto o uso do cartão corporativo para que ministros comprassem tapioca, pagassem resorts, jantares e cabeleireiros. Há o caso de um ex-assessor do Ministério das Comunicações que usou o cartão corporativo para comprar duas mesas de sinuca. 

Criado com o objetivo de atender pequenas e urgentes despesas, principalmente durante viagens, os cartões nas gestões petistas acabaram encobrindo o pagamento feito com recursos públicos para despesas privadas. Sabe-se, por exemplo, que em São Bernardo do Campo seguranças da família do ex-presidente Lula compraram equipamentos de musculação com os cartões da Presidência. Também já é sabido que seguranças de Lurian, a filha do ex-presidente, gastaram cerca de R$ 55 mil em uma loja de material para construção. “A transparência é necessária principalmente para que se tenha acesso às justificativas dos gastos”, diz o auditor do TCU.

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Mas, se no Tribunal de Contas, auditores têm conseguido romper as barreiras e começar a apurar alguma coisa sobre os cartões corporativos, a Polícia Federal ainda aguarda uma decisão do Judiciário para ter acesso a gastos com esses cartões e concluir investigações sobre tráfico de influência que teria sido praticado pela ex-secretária de Lula em São Paulo, Rosemary Noronha. Delegados e agentes que participam das investigações já descobriram que a secretária tinha o hábito de gastar muito mais do que recebia de salário e tinha um padrão de vida bastante superior a seus rendimentos. A suspeita da PF é que Rosemary tenha usado o cartão corporativo durante anos para bancar gastos pessoais. Na última semana havia na Polícia Federal a convicção de que nos próximos dias será quebrado o segredo do cartão de Rosemary.