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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Charlie Hebdo de volta nesta quarta

Depois de hiato de seis semanas, a revista satírica Charlie Hebdo voltará às bancas da França nessa quarta-feira (25/02) com as caricaturas de alguns dos alvos favoritos da publicação, como o ex-presidente Nicolas Sarkozy, um jihadista, o papa Francisco e a líder da extrema-direita francesa, Marine le Pen.



O número 1179 da revista terá tiragem inicial de 2,5 milhões de exemplares e é o segundo a ser lançado depois dos ataques à sede da redação que deixaram 12 mortos no dia 7 de janeiro de 2015.

A nova capa, ilustrada pelo chargista Luz - um dos sobreviventes do massacre -, mostra um cachorro correndo com a Charlie Hebdo entre os dentes enquanto foge de um grupo raivoso liderado por Sarkozy em forma de poodle e Le Pen encarnada em um pit bull.

Além deles, um jihadista com cara de cachorro, o papa Francisco e um microfone do canal de notícias francês BFMTV, entre outros, tentam capturar o cão com a revista.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A proximidade de Auschwitz

Por Alberto Dines.
Publicado no jornal El País em 31JAN2015


A proximidade de Auschwitz
O trabalho liberta — proclama em alemão o portão de ferro do campo de extermínio nazista de Auschwitz, em território polonês. A sentença é intrinsicamente totalitária: trabalho-escravo não liberta. O que nos torna efetivamente livres é a liberdade, este conjunto de presunções, sensações e certezas de que temos o direito de escolher em todas as esferas e dimensões - espacial, temporal, física, jurídica, psicológica e espiritual.


Lajos Erdelyi, de 87 anos, posa com um desenho feito por um amigo do campo de extermínio em Budapeste, 13 de janeiro de 2015. Erdelyi foi enviado a Auschwitz-Birkenau em maio de 1944 e mais tarde foi levado para outro campo. Quando foi libertado pesava menos de 30 quilos, tentou chegar em sua casa caminhando mas desmaiou, e foi levado a um hospital por um agricultor. LASZLO BALOGH (REUTERS)




tocante cerimônia da última terça-feira para rememorar os setenta anos da desativação da mais famosa fábrica de horrores dos últimos 500, talvez seja a última que contará com a presença de sobreviventes. A efeméride do 80º aniversário (em 2025) dificilmente terá testemunhas e testemunhos vivos.

Não apenas por isso Auschwitz ganhou relevância no noticiário destinado a uma humanidade cada vez mais distraída e desnorteada. Auschwitz reapareceu empurrada pelo sangue derramado nos massacres de Paris.

Também as chacinas de Paris não concernem apenas aos jornalistas-desenhistas do Charlie Hebdo, aos policiais que cuidavam da sua segurança ou aos judeus religiosos que estavam no empório kosherna véspera do descanso sabático. O equívoco de sepultá-los no Monte das Oliveiras, em Jerusalém, não dá o direito de remeter aquelas brutalidades para o remoto e absurdo Oriente Médio.

Cartoon de Wolinsky


Havia dois judeus na redação do semanário (o desenhista George Wolinsky e a psicanalista Elsa Chayat), enterrados como os companheiros na França laica, democrática, que foi às ruas solidárias com os dezessete compatriotas assassinados e para manifestar-se contra a intolerância religiosa. 

Auschwitz não concerne apenas aos judeus, nas suas câmaras de gás foram exterminados ciganos, eslavos, católicos, protestantes, comunistas, anarquistas e homossexuais. O objetivo da cúpula nazista era a Solução Final da Questão Judaica como primeiro passo para implantar uma Europa unificada pelo terror totalitário. Nem todos os sobreviventes que compareceram à cerimonia em Auschwitz vieram de Israel, alguns estão nas Américas (Brasil inclusive), África do Sul, Austrália.

Eva Fahidi, de 90 anos, posa com uma foto de sua família, assassinada no campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, em Budapeste, 12 de janeiro de 2015. Fahidi tinha 18 anos em 1944, quando ela e sua família foram levados de Debrecen para Auschwitz-Birkenau. LASZLO BALOGH (REUTERS)

O périplo ganhou inesperada escala e proximidade – Buenos Aires – com a morte do promotor Alberto Nisman, que acusava formalmente a presidente Cristina Kirchner e o seu chanceler, Hector Timerman, de negociarem com o governo iraniano ações que culminariam com a atenuação das penas e castigos dos responsáveis pela explosão do carro-bomba em frente ao prédio da AMIA, Associação Mutual Israelita Argentina, que matou 85 cidadãos argentinos.

A chacina de 1994 perpetrada, segundo sentença da justiça argentina, por agentes do Hizbullah e da Guarda Revolucionária iraniana, visavam a segunda maior comunidade judaica das Américas. A fuga para Israel de Damian Pachter, o jornalista que primeiro anunciou o assassinato de Alberto Nisman e desde então seguido por agentes e ameaçado de morte, não deve nos transferir para outras paragens. Com dupla nacionalidade e apenas a roupa do corpo fez uma escolha pragmática e imediatista.

by Whatsapp


Israel não deve ser o único refúgio para os judeus perseguidos e injustiçados do resto do mundo. A atabalhoada e patética atuação da presidente Cristina Kirchner ora apontando para um suicídio ora para assassinato nos dias seguintes à descoberta do corpo de Nisman criaram profundo mal-estar na comunidade judaica. 

A sábia decisão de enterrar o promotor em lugar de honra do cemitério, perto do monumento em homenagem às 85 vítimas do atentado contra a AMIA e não na ala dos suicidas, evita que uma questão forense de capital importância seja decidida apressadamente no âmbito religioso-funerário.

O que agora começa a transparecer é o dramático e inexplicável atraso das forças políticas portenhas — sobretudo o ambíguo peronismo — em extirpar todos as ramificações e ramais deixados pela ditadura militar.

Anestesiados pela folia que se aproxima e por mazelas que proliferam esquecemos com frequência que Auschwitz ressuscita cada vez que vacila a democracia.

Para mais fotos de Sobreviventes de Auschwitz - 70 anos depois, clique aqui.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Paris, capital do mundo livre

Por Antonio Ribeiro, em seu De Paris.


Paris, capital do mundo livre
A simbologia foi forte. Começou em uma praça chamada República e terminou em outra, a da Nação. Entre os dois pontos, mais de 1,5 milhão de pessoas caminharam por uma linha reta, o bulevar de 2,85 quilômemetros de distancia cujo nome honra a memória de Voltaire — reformista francês celebre pela defesa das liberdades individuais, direitos civis, destemido e habil com a sátira para fustigar a hipocrisia do clero e da nobreza durante o Iluminismo.


Nem quando foi libertada da ocupação nazista, menos ainda depois da conquista francesa da Copa de 1998, tantos — e diferentes — foram às ruas motivados pelo mesmo sentimento. Os que conheciam Charlie Hebdo, jornalzinho tinhoso de 45 mil exemplares por semana, os que nunca leram uma linha ou riram de suas caricaturas, os que nunca ouviram falar seu nome, se identificaram com ele. Bradavam uma palavra singela de significado imenso: “Liberdade”. Já escorreu muito sangue da espada e tinta da pena para entrega-la assim, na bandeja.

Até alguns corretos da política da hora que, não faz muito tempo, empunharam cartazes em que se lia “Sorry”, desculpando-se pela publicação das caricaturas de Maomé, hoje informavam de vários modos: “Je suis Charlie”. Poderiam ter dito desta vez, “Pensei melhor, logo sou Charlie.”

Arte de Clayton


O inédito não parou por aí. O cortejo foi encabeçado, logo atrás dos parentes e amigos das 17 vítimas do atentado terrorista, por mais de 50 chefes de estado. Estavam lá de braços dados François Hollande, Angela Merkel, David Cameron, Mariano Rajoy, Matteo Renzi. E também, contribuindo com a preciosidade do momento, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, o representante russo e o enviado ucraniano.

Muitos acharam que era uma temeridade reunir tantos quando ainda se sente odor de pólvora expelido pelas Kalachinikov dos terroristas. Finalmente, não houve nem um mísero incidente ou uma banalidade do cotidiano que irrita o parisiense, cujo estresse é tido como traço de identidade. (Talvez, vá lá, o tombo da primeira ministra da Dinamarca na escadaria do Palácio do Eliseu) O dispositivo policial parecia bem modesto para a envergadura do evento. Ou melhor, foi diluído na gigantesca massa humana. Ordeira e pacífica. O medo foi vencido com serenidade.

Arte de Cau Gomez


Mais cedo, François Hollande declarou que neste domingo invernal e ensolarado, Paris era o centro do mundo. Pode-se argumentar que o “presidente modesto” tenha exagerado na dose do tinto que regou o almoço para seus ilustres convidados. Mas é inegável que, pelo menos no senso figurado, Paris foi nestas 24 horas, a capital do mundo livre. Isso porque, mais uma vez, na prática, respondeu de forma exemplar à ameça terrorista. Ela também inédita e teimosa.

Assista vídeo exclusivo do Blog de Paris feito na manifestação: República atacada pelos corvos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Cartoons pelo mundo, homenagem a Charlie Hebdo

Joep Berthrams / Holanda


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Lucille Clérc / França


Amarildo /   A Gazeta-ES/BR

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Ruben L. Oppenheimer/Holanda

charliehebdo-cartoons-10
"Ele sacou primeiro"
David Pope / Austrália

Sponholz / Jornal da Manhã - PR/BR


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Max Haes / Holanda


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Uderzo / França



Genildo / Charge On Line - BA/BR


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David Brown / The Independent / Inglaterra

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Mala Imagem / Chile



Duke / Super Notícia-MG



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Hervé Pinel / França

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@BFMTV



Gabriel Renner / Zero Hora-RS


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Nono/Jornal Le Telegraph / Inglaterra


Ann Telnaes/EUA/ Washington Post

Samuca / Diário de Pernambuco - PE/BR


Loic Seca / França

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"Deus é humor"
Dilem / Argélia

Miguel / Jornal do Comércio - PE


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Plantu / Le Monde / França

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Robert Mankoff / New Yorker


Lailson / Humor World / BR


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"Os patos voarão sempre acima que os fuzis"
Boulet / França



Rico/ Vale Paraibano -  SP


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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Porta Aberta ao Juízo - XLVIII

Charge de Amarildo
Homenagem ao Charlie Hebdo


O que pensam aqueles que pensam 
que os demais não têm alternativa
 senão seguirem o que pensam? 

Será que pensam que suas histórias 
não podem ser repensadas?  

Será que não se dão conta 
de que o que pensam saber, 
nem eles mesmo podem afirmar entender?  

Pois não está visto que o 
que sabem mesmo é bater e render?


[Gilberto Quadros]
{extraído do livro Porta Aberta ao Juízo}

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Ataques em Paris: já estão culpando a vítima

Por Leandro Narloch

Hoje, em sua página na VEJA.online

Ataques em Paris: já estão culpando a vítima
O ataque contra os jornalistas franceses do Charlie Hebdo mal acabou e já tem intelectual culpando as próprias vítimas pelo episódio.

Como sempre acontece nesses casos, a opinião vem neste formato: “Não estou defendendo o estuprador, mas a mulher não deveria sair por aí com uma saia tão curta. Não estou defendendo o assaltante, mas isso que dá ostentar um Rolex”.

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Esse jornal deveria compreender que isso não se faz, é atrair problema”, disse, ao vivo na Globonews, a professora Arlene Clemesha, da USP. “É claro que não estou defendendo os ataques, mas não se deve fazer humor com o outro.” A professora ainda chamou a revista de sensacionalista. O Charlie Hebdo não é sensacionalista – é uma revista satírica parecida com O Pasquim, que a professora deve adorar.

Pouco antes, o professor William Gonçalves, da UERJ, foi mais constrangedor. Culpou os próprios jornalistas pelos ataques, disse que as charges foram um ato de irresponsabilidade e perguntou qual é a graça de se fazer charges com Maomé. “Quem faz uma provocação dessa não poderia esperar coisa muito diferente”, diz ele.

Ora, é claro que o humor sobre religiões tem sua graça. O Porta dos Fundos zomba de religiosos quase toda semana – entre eles, os muçulmanos. O musical The Book of Mormons tem duas horas de pura ridicularização da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Maomé foi um entre tantos religiosos que o Charlie Hebdo satiriza.

Mas o importante é que os jornalistas franceses não cometeram nenhum crime. A charge sobre Maomé é inofensiva – não se pode acusar a revista de discriminação. A liberdade de expressão não só é garantida pela lei local – também é um dos grandes valores da cultura francesa.