sábado, 10 de janeiro de 2009

Ditadores com asas

Por Sergio Ramírez, para o TerraMagazine

Ditadores com asas
Os ditadores, salvadores da pátria, presidentes perpétuos e líderes imarcescíveis (incorruptíveis) dos países mais pobres do mundo, têm por luxo preferido os aviões privados.
O Xá do Irã, pioneiro destes gostos, dispunha de uma frota familiar de aviões Boeing equipados como hotéis seis estrelas, que tinham as pias e as maçanetas dos lavabos feitos de ouro puro; quadros de Degas e Picasso pendurados nos painéis divisórios, e os pisos cobertos de tapetes persas feitos à mão, desses que levava a vida inteira de uma pessoa para terminar, ou a vida de varias gerações.
Hoje em dia marcas como Gucci ou Valenciaga preparam e decoram completamente o interior desses aviões oficiais, das camas aos vasos sanitários.
Derrocado o Xá há muitos anos, seu exemplo não apenas perdura, mas também se multiplica. O ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, estreou em 1995 um Boeing BBJ com camas de água e luzes de cabaré, e o presidente Umaru Yar´Ardua, da Nigéria, tem um Boeing 737-700 equipado com salões de recepção, dormitórios, uma sala de ginástica e uma sala de jantar, com um chefe francês sempre a bordo.
Nursultán Narzalbayev
, do Cazaquistão, voa em um Boeing 767 de 200 milhões de dólares. Kurbanguly Berdymukhamedov, presidente de Turcomenistão, também.
O presidente do Egito, Osni Mubarak, faraó dos faraós, utiliza um Airbus A-340. Seu vizinho, Muamar al Gadafi, isento agora de toda culpa por seus antigos inimigos ocidentais, prefere também, para as suas viagens celestiais, um Airbus A-340, que custa 200 milhões de dólares, que não são nada, pois mais areias tem o deserto onde se erguem as torres dos seus poços de petróleo.

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