sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Gaudêncio Torquato escreve sobre o momento brasileiro

Por Gaudêncio Torquato.
Charges de SPONHOLZ
PT contra Moro
O juiz Sérgio Moro começa a levar tiros nas redes sociais, principalmente dos exércitos do PT, inconformados com sua determinação de ir adiante com a Operação Lava Jato e continuar segurando na prisão figurões do partido, como José Dirceu e o ex-tesoureiro Vaccari. Moro tem recebido elogios esparsos nas redes sociais. Mas nenhum partido tem feito sua defesa. Todos estão receosos de sua conduta.



Vazamentos
Há muita queixa de líderes partidários de que o vazamento de informação continua alimentando espaços midiáticos. Ora, faz parte da estratégia de expansão dos balões da opinião pública. Os vazamentos dão conta de detalhes - malinha com rodas para levar dinheiro, uso de jatinhos, quem esteve com quem a que horas - que acabam criando indignação no bojo social. Deverão, pois, continuar.

PF independente
Não adianta querer conter as frentes de trabalho da PF. Que continuarão a cumprir tarefas de investigação e prisão. Urge lembrar que a PF cumpre mandados judiciais. E as autorizações judiciais, por sua vez, atendem recursos do Ministério Público, cuja função básica é defender a sociedade. O momento vivido pelo país exibe ações independentes e harmônicas entre os entes da administração da Justiça e dos controles do Estado.





O compromisso do MP
O Ministério Público, por sua vez, está impregnado da seiva moral, tão necessária ao país nesse ciclo de transição. Os jovens promotores que agem nas frentes de apuração e controle se acham seriamente comprometidos com a meta de "passar o Brasil a limpo", pelo que se irmanam sob o consenso dos caminhos a seguir.

Transição
O país vive um ciclo de transição. Que não se esgotará com o final das ações desenvolvidas pela Operação Lava Jato. O ciclo terminará com as necessárias mudanças na fisionomia política. O que vai significar reformas em profundidade na maneira de fazer a representação política, na forma das campanhas eleitorais, na organização partidária e na própria cultura do voto. É para acreditar que o país atravessa um corredor longo, ao final do qual se divisam horizontes menos conturbados.



Impeachment longe
Fica cada vez mais distante a ideia do impeachment da presidente Dilma. A tese de que o impeachment se ancora na balança da economia tem lá suas razões. E a economia, em 2016, será pior que a economia de 2015. Logo, o pior ainda está por vir. Mas os fatos obedecem ao espírito do tempo. O tempo de dezembro de 2015 é bem diferente desse tempo (ainda suave) de final de janeiro. O impeachment dá sinais de que está deixando para trás o bonde que o arrastava. Mera impressão ?

Contra o PT
O PSDB entrou com um recurso exigindo a extinção do PT. Que coisa mais fora de moda. É algo como ganhar no tapetão. Se quiser acabar com o PT, que dispute a eleição na arena do voto. Só o voto popular pode acabar ou fortalecer um partido. Ainda bem que FHC não concorda com esta bobagem perpetrada por alguns tucanos.



Barbosa voltou animado
Pelo que se lê, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, voltou animado de sua peregrinação pelo Fórum Mundial de Davos. Conversou com empresários, banqueiros, economistas, jornalistas e políticos. Não se cansou de botar conversa fora. Mas não se viu nenhum elogio de porte ao que o ministro falou. O fato de não ter sido execrado já foi uma vitória. Ao chegar, o ramerrão de sempre. Sob o dilema : como arrumar dinheiro para jogar em algumas áreas ? Prometeu estas metas na volta : destravar os nós da logística e baratear produtos nacionais.

Lula e os processos
Lula prometeu processar doravante jornalistas que ferirem sua honra e reputação. Falou de maneira séria. Mas o quê e como escrever sobre um perfil que se acha a alma mais honesta do país ? Este analista acha que Sua Excelência erra quando faz uma peroração de auto-enaltecimento. Minha avó já dizia : elogio em boca própria é vitupério. Lula poderia falar menos. Aliás, coisa que aconselhou a FHC fazer quando este deixou o governo.