quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Eleições mais limpas em 2016?

Por Celso Nascimento, para Gazeta do Povo.

Eleições mais limpas
As eleições para prefeito este ano se darão sob regras bastante diferentes daquelas que vigoraram em pleitos passados. A nova legislação eleitoral, sancionada em outubro passado, impõe dificuldades muito maiores aos partidos e aos candidatos. Em compensação, os eleitores serão bem menos castigados pela xaropeira própria das campanhas.

Para começar: o período de campanha eleitoral foi reduzido de 90 para 45 dias, a contar a partir do dia 16 de agosto. Nada de cavaletes espalhados pelas ruas e praças, muito menos outdoors. Apenas carros de som (com baixos limites de decibéis) e caracterização mínima na lataria. Mesas e barraquinhas para distribuição de panfletos são permitidas, desde que não atrapalhem o tráfego de pedestres.

Arte de LUSCAR


O tempo dos programas de propaganda eleitoral em rádio e televisão também foi reduzido à metade. Serão apresentados durante os 35 dias finais da campanha, a partir de 26 de agosto. E em vez de 20 minutos, eles terão apenas dez minutos – como sempre, duas vezes ao dia, um no começo da tarde, outro à noite, no horário nobre da televisão.

Os debates televisivos tendem a ser melhores, já que as emissoras não se obrigam a convidar candidatos de partidos pequenos – só os daqueles que conseguiram eleger mais de nove deputados federais no último pleito. Estaremos livres dos costumeiros debatedores folclóricos?

Outra notícia alvissareira: já não adiantará aos candidatos ter aquelas coligações quilométricas, que às vezes chegavam a quase duas dezenas de partidos, para aumentar seus tempos de participação nos programas de rádio e tevê. Na eleição de 2016, será de seis a quantidade máxima de legendas que somarão para definir o tempo de cada coligação/candidato.

Arte de RICO


Trata-se de boa medida: até a eleição passada, todo partidinho que integrasse uma coligação certamente teria filiados seus ocupando cargos na administração do candidato que tenha ajudado a eleger. A nova regra limita esses escambos e liberta os eleitos de compromissos muito amplos.

Estão também proibidas as doações de pessoas jurídicas, o que deve escassear os recursos aplicados nas campanhas. Em princípio, elas serão mais pobres – desde que, porém, se faça rígida fiscalização quanto ao uso de caixa 2, crime que já era previsto nas leis anteriores.

Arte de NEWTON SILVA


Por outro lado, é de se imaginar que também diminuam os compromissos do eleito em retribuir com obras superfaturadas as doações recebidas de empreiteiras – a menos que estas se “disfarcem” em pessoas físicas.

Além disso tudo, há limites de gastos. Nenhum dos candidatos a prefeito em 2016 poderá gastar mais do que 50% do valor aplicado pelo mais “rico” dos candidatos na eleição passada. No caso de Curitiba, por exemplo, quem mais gastou em 2012 foi Luciano Ducci, R$ 14,2 milhões (*).  Assim, em 2016, o maior gastador terá de provar à Justiça Eleitoral que suas despesas não ultrapassaram R$ 7,1 milhões.

Ao que tudo indica, teremos eleições mais limpas e menos cansativas.


NOTA DO PILÓRDIA - Em Salvador, ACM Neto foi o que mais gastou com R$ 21.948 milhões, o que leva ao máximo de R$ 11 milhões para 2016.