terça-feira, 12 de janeiro de 2016

9 anos de Governo PT na Bahia tem um preço

Por Aninha Franco.
CORREIO DA BAHIA em 09/01/2016

Invasões Bárbaras
Quando Jaques Wagner venceu Paulo Souto em 2006, a Bahia estava cansada dos 16 anos de poder de ACM e queria mudanças. Mas a mudança chegou, inicialmente, arrogante. Os que viveram a transição contam que nos primeiros momentos do novo governo inexistiu troca de cargos de confiança, houve invasão deles, sem a civilidade mínima que a república exige. Foram invasões bárbaras. Funcionários da gestão anterior chegavam pra trabalhar e encontravam os novos funcionários nas cadeiras e, por mais simpáticos que o governador Jaques Wagner e a primeira dama, Fátima Mendonça, fossem, a arrogância tornou-se a tônica do governo em brigas oportunistas que destroçaram a Bahía, capital de um Estado que só empobreceu desde então. 

Arte de NANI


Um produtor escreveu, à época, que a equipe de Wagner pensava ter feito uma revolução, mas precisava entender que aquilo era o resultado democrático das urnas. Logo, o comportamento social do governador no carnaval, o comportamento político na Assembléia de Marcelo Nilo, e as práticas das velhas práticas decepcionaram os que pensavam.

Rapidamente, o governo rodou a máquina do Estado com seus aliados, ou com os espertalhões de plantão, investindo o dinheiro de todos nos projetos dos poucos que lhe batiam o bumbo, a ponto de lembrar o filme de Denys Arcand, Invasões bárbaras (2003). Nele, num hospital público canadense controlado pelo Sindicato dos trabalhadores, o personagem Sébastien, filho pragmático de Rémy, um socialista romântico, compra um quarto individual do hospital público para proporcionar conforto ao pai que se recusa a usar um hospital privado, subornando a diretoria do sindicato que, no contexto, era um grande balcão de negócios ilícitos. Quando roubam o notebook de Sébastien, ele procura o sindicato pra negociar o preço da devolução.

Arte de IOTTI


Essas cenas do filme lembram o sindicalismo petista no Brasil e Bahia quando se lê conversas telefônicas como a de Léo Pinheiro, da OAS, sobre o apoio a Pellegrino no segundo turno das eleições de Salvador, em 2012. 

Salvador tem sido destroçada por gestões calamitosas, a de Fernando José; os oito longos anos de João Henrique, o caos de Lídice da Matta que acusa ACM de boicote, mas omite a invasão da Prefeitura pelo sindicato dos músicos ligado ao PCdoB, ou a guerra que lhe fez o PT de Nelson Pellegrino e Walter Pinheiro. 

Arte de MIGUEL


Ler preço de apoio no segundo turno em cifrões cifrados, num " valor (...) muito alto (...) de 3.600 Street Brown" pesa porque envolve a vida cotidiana de milhares de pessoas, inclusive a minha, o que não parece fazer parte das preocupações de Wagner, como se vê. 

Como se viu nos seus acordos com Marcelo Nilo, na Assembléia, como se viu no seu apoio a Mario Negromonte para ocupar o Tribunal fiscalizador de contas de municípios miserabilizados pela política rasteira, como se viu na sua caminhada, com Lula, em direção ao apartamento comprado no Corredor da Vitória, um completo "Homem Bom e Honesto da Colônia" como eram nomeados aqueles que chegavam pobres e enriqueciam rapidamente, mas não podiam receber títulos de nobreza porque não eram nobres. 

Arte de MARIANO


Caminhada sobre uma Bahia esfrangalhada pela violência, pelo aparelhamento e pela anencefalia sindicalista.

Boqueirão - próximo ao bairro boêmio
 do Rio Vermelho, Salvador/BA.