terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O Japones da Federal

Por Bela Megale.
FOLHA SP


Policial mais famoso da Lava Jato vira hit musical e alvo de selfies
Desde que virou tema de uma marchinha de Carnaval, o agente da Polícia Federal Newton Ishii, 60, ou "japonês bonzinho", como passou a ser chamado nas ruas, é tratado como celebridade.




No sábado (5), precisou de ajuda de seguranças para ir embora de um evento de uma rádio de Curitiba. E durante o tempo que ficou no local foi requisitado para tirar mais de uma centena de selfies.

Também passou a ganhar ingresso para shows, foi procurado para ser homenageado pela cidade onde nasceu e teve convite para participar de um programa de TV.






Amigos e colegas começaram a ligar para perguntar quando ele trocará a polícia pela política. Sindicatos sondaram o interesse dele pelos palanques e, até mesmo, a possibilidade de Ishii se lançar candidato em 2016.

A pessoas próximas, Newton Ishii diz que, por enquanto, não pensa na possibilidade e evita mostrar tendências a qualquer partido.



Mas mesmo antes do verso "Ai meu Deus, me dei mal, bateu a minha porta o japonês da federal" ser ouvido por mais de 2,5 milhões de pessoas, há pouco mais de uma semana, Ishii já vinha aprendendo a lidar com a fama.

No início do ano, ele era parado para fazer selfies. No mês passado, o apresentador Sérgio Mallandro publicou no Facebook uma montagem com fotos do agente escoltando presos como o ex-ministro José Dirceu e o empreiteiro Marcelo Odebrecht seguida da frase: 


"se esse japonês tocar a campainha da sua casa às 6:00 da manhã, 
não abra porque você tá fudido. Rá!!".

Apesar de ter ficado conhecido como o executor das prisões, por aparecer escoltando alguns dos principais personagens da Lava Jato levados à cadeia, a última vez que Ishii levou alguém para a carceragem de Curitiba foi em janeiro. O alvo foi o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró que chegava de Londres no aeroporto do Galeão, no Rio.

A avaliação de que o agente estava visado e sua aparição poderia comprometer as operações fez com que ele saísse da linha de frente do cumprimento dos mandatos. Mas Ishii continuou liderando tarefas relevantes.



Chefe do Núcleo de Operações da Superintendência da PF do Paraná, ele responde pela logística e escolta de presos para locais como o IML, o Complexo Médico Penal –onde estão a maioria dos detentos da operação–, as CPIs, para onde os investigados são levados a depor, e as audiências com a equipe à frente da Lava Jato. Por isso, ainda aparece com frequência na mídia.

Também é ele quem controla o entra e sai de itens na carceragem, horários de banho de sol e tornozeleiras eletrônicas. Se uma perde o sinal, é o telefone de Ishii que toca para resolver a questão.