domingo, 22 de fevereiro de 2015

Voce conhece o Ritual do Cuspe?

Você aprendeu que cuspir nas pessoas é uma tremenda falta de respeito, mas sabia que  na África, de uma ponta a outra do continente negro,  não é assim?


Exemplo: Entre o povo Masai,  uma forma de saudação é cuspir uns aos outros, além de que, quando uma criança nasce, a forma de "batismo" adotada pela tribo é o bebê ser cuspido, pelos homens da tribo.

Estão achando estranho? 
Então leiam abaixo:

A saliva e o poder do cuspe

A saliva é um dos mais versáteis, importantes e complexos fluídos do corpo humano e animal. Ela supre um largo espectro das necessidades fisiológicas e defensivas do organismo. Suas propriedades são essenciais para a lubrificação das cavidades buco-faringo-laringológicas (mastigação, deglutição, beijo, sexo, fala e começo da digestão).

Além de umedecer todos os tecidos moles e duros da cavidade bucal, a saliva tem funções de destaque no controle das quantidades de água no organismo. Quando a boca fica seca, há manifestação de sede - é o corpo necessitando de água.

Em condições normais o organismo humano produz de 1 a 2 litros de saliva por dia. A saliva reduz a acidez bucal , previne das cáries e de outras lesões e enfermidades bucais.

Muitos grupos sociais primitivos e indígenas, por não terem hábitos perniciosos como o consumo excessivo de açúcar, de álcool , de fumo e de medicamentos, têm uma saliva de melhor qualidade e menor acidez e conseqüentemente menos cáries, menos problemas periodontais e menos problemas gastrointestinais e disfuncionais da deglutição e digestão.



A saliva contém uma enzima chamada lisozima (a mesma encontrada nas lágrimas), dotada de poder bactericida e cicatrizante. Os animais quando feridos, lambem suas feridas e, graças a esta lisozima, o processo de cicatrização é acelerado.

O cuspe é símbolo de criatividade e também de destruição.  A saliva é considerada uma secreção com poderes mágicos ou sobrenaturais que cura ou corrompe, que une ou dissolve, que adula ou insulta (Cf. Dictionnaire des symboles, de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Paris: Robert Laffont / Jupiter, 1982, s.v.).

Na década de 40 andou pelo agreste e zona da mata de Pernambuco um cidadão que se dizia médico e que aplicava injeções de saliva para curar determinadas doenças. A saliva tinha que ser de uma criança.

Entre os Bakitaras (tribo africana), os pais de gêmeos ficam afastados (sem relações sexuais) por dois anos, este período de drenagem, tornam-o possuidores de uma benção particular, às pessoas próximas, eles cospem na mão e esfregam as testas destas pessoas com esta saliva para proporcionar felicidades.





Os Lulua abençoam os recém-nascidos cuspindo saliva na cabeça dele, e entre eles é bem difundido o ritual de cuspir saliva no chão em ordem a abençoar uma sobrinha para prosperar ou recuperar uma doença séria, cospem-se também nas pernas das crianças para ajuda-la a andar (Hermann Hochegger – A importância ritual do pai – Cap I)




Entre os Benga, formulam o rito “Tuwaka” = Cuspir, palavra que também significa abençoarpara pronunciar esta benção expulsa violentamente a respiração à mão ou à cabeça da pessoa a ser santificada de uma maneira tão próxima que a saliva tem que espirrar sobre os mesmos;



Parentes ao se ausentarem por algum tempo em uma cerimônia elaborada, para se despedir, cospem-se nas faces e cabeças um ao outro e também apanham lâminas de grama, cospem nelas e os aderem sobre a cabeça da pessoa amada.

No Gabão para se implorar sobre uma deficiência cospe-se na pessoa depois de ter mastigado os talos de mokosa (planta local), para abençoar uma noiva - os que assistem cospem o suco da mokosa em sua cabeça, para abençoar as suas crianças - a pessoa cospe na cabeça ou na palma das duas mãos destes enquanto dizem “paz e boa saúde ”.





Entre os Lubas de Zaire (atual Congo) juram juridicamente pelo cuspe. O gesto para cuspir acompanha o juramento com a verdade, a sinceridade e a pureza daquele que o diz ou da pessoa que o faz. O gesto para cuspir é então um símbolo da verdade, a franqueza e a sinceridade / pureza.

Este gesto ritual de cuspir se agrega aos camdomblés, quando borrifamos bebidas em algumas ocasiões e em especial quando mascamos a noz divina e levamos sobre as cabeças num gesto tão divinal que nos faz rever dos conceitos que não devemos cuspir pro alto nem ao menos no prato que comemos.

Existem muitos outros costumes entre os povos africanos que suprimí deste post para que este não se alongasse além da conta.

Lembro ainda que aqui em Salvador quando criança, ao desafiarmos alguém para uma briga cuspíamos no chão e com o pé fazíamos uma linha divisória ou risco ao mesmo tempo que lançávamos o desafio para o outro - "Pise aqui se fôr homem" , se o outro pisasse a briga acontecia.

São apenas costumes. 
'As vezes estranhos é verdade,
 mas apenas costumes.





Fontes consultadas JoeySujo EstudosBanto / ImagensGoogle / wikipedia


Postado originalmente em 08AGO2010 (1.144)