domingo, 22 de fevereiro de 2015

BAÊA - Comemorando a conquista do BI !

Esta semana o meu BAHIA comemorou os 26 anos pela conquista do BI-Campeonato Brasileiro e para alegria dos torcedores do tricolor relembro o fato memorável com a bela crônica de Juca Kfoury no JN,  em 24FEV1989.

Que  Marcelo Santana se inspire e conduza o Esquadrão de Aço ao lugar que lhe é de direito. BBMP!


Crônica enviada pelo tricolor Antonio Luiz Carneiro.


Crônicas

O Bahia não é simplesmente o único clube nordestino Campeão Brasileiro. O Bahia agora tem um título que nem Corinthians, nem Santos, nem Botafogo, nem Cruzeiro possuem – para ficar apenas entre os maiores clubes do nosso futebol, integrantes do Clube dos 13. O Bahia não é um Campeão qualquer. É o Campeão.


Campeão porque teve a terceira melhor campanha nos dois turnos iniciais, deixando para trás 21 times. Campeão porque nas fases finais fez tudo o que se exige de um time vencedor. Empatou um jogo que perdia contra o Sport. Segurou o Fluminense no Maracanã e o massacrou na Fonte Nova. Anestesiou o Inter em Salvador e deu um show de bola no segundo tempo no Beira-Rio. Nem do gol precisou. Provou que era o melhor time a tal ponto que o canto de sua espremida torcida, nos pampas, ecoava mais alto que o da resignada massa colorada.



Semifinal - BAH 2 X 1 FLU
110.000 pessoas / Fonte Nova


E Campeão porque talvez nenhuma outra legião de seguidores mereça tanto esse título. A Nação Tricolor fez da paixão pelo Bahia uma profissão de fé que transforma a Fonte Nova no templo mais carinhoso do futebol brasileiro. Exagero? Louvação pura e simples e inevitável a qualquer Campeão? Definitivamente, não.

A começar pela parte técnica. Quem viu o Bahia dar um baile no São Paulo no Morumbi, logo na nona rodada da Copa União, estava atento a Zé Carlos, Paulo Rodrigues, Bobô e companhia.



SP 0 X 2 BAH

Não, desta vez o título não veio como na I Taça Brasil. À época, o Santos deu o título por ganho antes do jogo e foi mais uma vítima da arrogância – pecado que o futebol costuma punir com rigor de um pênalti no último minuto. Aquela conquista histórica, motivo justo de orgulho, sempre foi vista no Sul Maravilha como um acidente. E o Sul Maravilha continuou dando as cartas como sempre.


BAH 5 X 1 SAN 


Desta vez, não. Primeiro, porque o Inter jogou literalmente tudo o que pôde. E foi pouco para o Bahia. Depois, porque na esteira do título o tricolor derrotou times como Flamengo, Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio. Ah, mas levou duas traulitadas do Flu e do Inter por 3 a 0. Levou, sem dúvida. Mas devolveu com juros e correção monetária na hora certa. E bote juros nisso! Juros e juras. Juras de amor de uma torcida que fez da Fonte Nova, nos jogos do Bahia, o estádio mais freqüentado do campeonato, com mais de 30 mil torcedores por jogo.



FINAL (Beira Rio) - BAH 0 X 0 INT


E time algum eletriza torcida alguma se não tiver certos ingredientes que mobilizem a massa. Que devolva em arte e esforço a solidariedade do povão. Quem não se comove com as defesas do pequeno (?) Ronaldo? Com a fé de Paulo Róbson, um gigante no Beira-Rio? Com a santa humildade de Tarantini, João Marcelo, Newmar e Claudir, cuja distensão vergaria até o Pelourinho? E o que dizer da abnegação e consciência de Paulo Rodrigues, a cabeça de Evaristo de Macedo dentro de campo? Gil, Pereira, Sandro, Osmar, Sidmar, Edinho, Dico, Charles, Marquinhos e Sales, são ou não todos personagens dignos de um épico de Jorge Amado? E quem não vai atrás de Zé Carlos, maneiroso feito Gil, o Gilberto, doce como Caymmi, o Dorival?



FINAL (Fonte Nova) - BAH 2 X 1 INT



Por último, e não o último, mas o primeiro, Bobô, o predestinado. Símbolo do sangue, suor e cerveja, pombo-correio das melhores notícias já recebidas pela torcida baiana. A taça está nas mãos de quem a mereceu. Mãos e pés que merecem uma estátua na Praça Castro Alves, que é do povo, como se sabe. Axé!


Armandinho e o HINO TRICOLOR


 A CAMPANHA DO BAHIA
  02/09- 1x1 Bangu (6x5) (C)
  07/09- 1x0 Vitória (C)
  11/09- 0x3 Fluminense (F)
  18/09- 1x0 Flamengo (C)
  25/09- 2x2 Goiás (2x4) (F)
  02/10- 1x1 Atlético-MG (1x4) (F)
  09/10- 1x1 Sport (5x4) (C)
  16/10- 2x0 Atlético-PR (C)
  22/10- 2x0 São Paulo (F)
  30/10- 1x0 Palmeiras (C)
  06/11- 0x3 Internacional (F)
  09/11- 0x0 Portuguesa (5x4) (F)
  13/11- 2x1 Cruzeiro (C)
  16/11- 0x0 Vasco (3x5) (F)
  20/11- 0x0 Guarani (4x3) (F)
  24/11- 0x1 Botafogo (C)
  27/11- 2x0 Corinthians (C)
  01/12- 1x0 Criciúma (F)
  04/12- 0x2 Coritiba (F)
  07/12- 5x1 Santos (C)
  11/12- 3x1 Grêmio (C)
  14/12- 1x2 Santa Cruz (F)
  18/12- 2x1 América-RJ (C)

  Jogos em 1989

  Quartas-de-Finais
  29/01- 1x1 Sport
  01/02- 0x0 Sport

  Semifinais

  09/02- 0x0 Fluminense
  12/02- 2x1 Fluminense

  FINAIS

  15/02- 2x1 Internacional
  19/02- 0x0 Internacional



Foram campeões – os goleiros Ronaldo, Sidmar e Rogério; os laterais Tarantini, Maílson e Edinho; os zagueiros João Marcelo, Claudir, Pereira e Newmar; os meias Paulo Rodrigues, Gil, Bobô, Sales e Zé Carlos; e os atacantes Renato, Osmar, Charles, Marquinhos, Dico e Sandro; além do técnico Evaristo de Macedo. O clube era presidido à época por Paulo Maracajá.



Zé Carlos, com nove gols, foi o artilheiro do Bahia no Campeonato. Bobô foi o vice, com sete. Três jogadores do Bahia fizeram parte da Seleção do Brasileiro elaborada pela revista Placar, e ganharam a Bola de Prata – Pereira, Paulo Rodrigues e Bobô. A média do goleiro Ronaldo (7,38) foi maior que a do Bola de Ouro Taffarel (7,37). O arqueiro tricolor só não levou o prêmio máximo porque disputou 11 partidas – uma a menos do que o mínimo exigido pelo regulamento da revista para concorrer ao troféu.



Fontes