quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Orlando e Aldo - os melhores do PCdoB?

Por André Carvalho (*)
Em 28 de outubro de 2011
EXDRÚXULOS E INDESTRUTÍVEIS
Dois dias antes de ser induzido ou forçado a pedir exoneração do cargo de Ministro do Esporte, o senhor Orlando Silva, buscando inspiração no poeta chileno Pablo Neruda, se disse indestrutível. Acreditei! Afinal, mesmo após o fim da União Soviética, do cada vez mais capitalista leste europeu, da China mercantilista e da queda do muro de Berlim, os comunistas do Brasil continuam sobrevivendo, indestrutíveis e poderosos, como ocorre em Cuba ou na Coréia do Norte.
 
Consumada sua queda, fruto de inúmeros escorregões, fiquei em dúvida quanto à inabalável indestrutibilidade do Orlando e varri a memória em busca de outro adjetivo que melhor o classificasse. Encontrei esdrúxulo. É o que se pode dizer do seu comportamento ao receber dinheiro “vivo” nos subterrâneos do ministério, ao posicionar-se como vítima quando nem mesmo em sua desavergonhada fisionomia isso transparecia e ao declarar-se indestrutível quando toda a nação – a Fifa também – já apreciava sua morte política e moral, apesar de sabermos que, na atual política brasileira, o ressuscitar é fato.
 
Curioso é que o cidadão Silva, com cara de desvalido, olhar de peixe morto e fala mansa, fraudou a opinião pública brasileira durante os cinco anos e seis meses em que esteve à frente do Ministério. Que coisa hein rapaz? Que “figuraça”! Engabelou a mulheres e homens, ricos e pobres, cultos e incultos. Você Orlando, só não enganou à verdade. Agora, adeus! Porém o vejo, num futuro próximo, impune e rico, prestando consultoria de gestão a perigosas organizações não governamentais ou refestelado frente à televisão assistindo a Copa do Mundo e rindo das inúmeras denúncias de superfaturamento que, à época, pipocarão.
 
De bate pronto Dona Dilma nomeou para a vaga outro indestrutível, o comunista Aldo Rebelo, do PCdoB. Diga-se que nunca antes na história deste país um presidente nomeou ou exonerou tantos ministros pro rata dia. O novo titular da pasta do esporte tem fama de honesto e devemos, todo o povo brasileiro, nos contentar, pura e simplesmente, com a fama por que é ela que mais importa na sociedade contemporânea.
 
O novo ministro é um homem testado e já ocupou cargos importantes, inclusive durante o governo Lula, prestando relevantes serviços à nação. Enquanto deputado apresentou um projeto de lei proibindo o uso de estrangeirismos na língua portuguesa e outro propondo o dia nacional do Saci Pererê. Em sendo assim Ministro, desculpe meu latinismo no pro rata lá de cima.
 
Acredito que Aldo, com suas ideias nacionalistas, vai revolucionar o esporte brasileiro. O tênis e o vôlei, por exemplo, não terão mais set e sim pedaços. Match point no tie break então, nem pensar! O iatismo reinventará as classes laser, star, optimist e snipe. No basquete o jump, quem sabe, passa a ser arremesso com pulo e o uppercut vira golpe baixo no boxe.
 
Galvão Bueno terá que reprogramar suas falas porque o penalty será proibido por lei e o cockpit dos bólidos da Fórmula Um considerado um palavrão capaz de dar processo. O Double Skiff do remo levará o pronunciante à cadeia por hediondo desrespeito pátrio.
 
Numa de suas primeiras entrevistas, antes da posse, o ministro mostrou-se adepto do empate, o mais sem graça dos resultados possíveis no esporte. Exemplo? Vamos lá: sobre a exoneração do antecessor declarou que "não há demissão justa ou injusta”. Quer empate maior que este? Sobre a brigalhada com a Fifa Rebelo foi taxativo: "De César o que é de César e de Deus o que é de Deus. Da Fifa o que é da Fifa e do governo brasileiro o que é do governo brasileiro". Vá empatar assim no raio que o parta.
 
Esdrúxulo – também – não é mesmo?
 
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.