quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Logo, o logo da Copa



Por André Carvalho (*), em 23 de julho de 2010




LOGO, O LOGO DA COPA.
Encerrada a fria e barulhenta copa do mundo africana os olhos se voltam para o torneio de 2014 aqui no Brasil. Enquanto o mundo se encanta com a futura festa tropical – futebol, praia, carnaval e nádegas, muitas nádegas – devemos ficar atentos, desde já, para a cozinha da copa, com seus mexidos, requentados, saladas e desperdícios. Com os ingredientes políticos que temos, misturados ao tempero cultural da raça e ao empresariado que frita qualquer orçamento, a receita tende a desandar. Os sinais estão aí, uns aferventados outros em banho-maria.

A relação com a FIFA está chamuscada e, pior que isso, há certo azedume da entidade para conosco. Enquanto a corrupção escalda, as obras não saem do forno nem mesmo em sua fase de projetos. Respondendo à preocupação da entidade máxima do futebol, o Presidente Inácio afirmou, com razão, que não somos um país de idiotas. Na verdade somos um país de espertos e idiotas são os dirigentes da FIFA e das demais entidades que nos escolheram como país sede.

Aliás, não é só a cozinha que tende a azedar. Sabendo que estará fora da presidência em 2014, consequentemente fora do palco e do paparico, Inácio começou a sujar a sala de visita, emporcalhando ainda mais cada um dos seus pronunciamentos. Só os idiotas não percebem a manha: se a copa der certo, foi ele quem trouxe o evento para cá, se der errado, o problema é do presidente de então. Assim, o terceiro mandato, vira barbada.

Ao discursar, em Johannesburgo, representando o próximo país anfitrião o fulano (desde o engodo com o Irã ele não é mais o cara) atacou de rei momo e fez um carnaval de alegorias garantindo que o nordestino não sabe falar inglês, mas sabe “mimicar” e que “para cada sapo há uma sapa”, referindo-se certamente, aos colóquios sexuais que alguns turistas pensam usufruir entre cada rodada do evento.


Na perceptível embriaguez do poder, já que não se pode garantir a embriaguez pelo álcool, Inácio aventou a possibilidade de (sic) uma sucuri destreinada morder turistas desatentos na Floresta Amazônica. Verdade: as cobras treinadas estão no Palácio do Planalto e adjacências, transformados desde 2002, em “Butantã” petista. Não que elas não mordam, mas...

Os bichos estão cada vez mais em voga, principalmente os moluscos, e penso que deveríamos contratar Paul, o polvo alemão que prognosticou os resultados das partidas da copa africana, e colocá-lo num aquário com o nome das empreiteiras, dos políticos e dos atravessadores. Diariamente, formularíamos a seguinte questão: quem vai roubar hoje? Há o risco de o molusco distender seus tentáculos, tantos deverão ser os nomes abarcados. Ninguém irá para a cadeia, mas nos divertiremos um bocado.

E por falar em prognóstico, em superstição, tem gente enxergando na logomarca da próxima copa a figura de Chico Xavier psicografando. Como o médium morreu exatamente no dia em que o Brasil sagrou-se pentacampeão – 30 de junho de 2002 – as ilações se sucedem.

Da minha parte vejo algo mais concreto: a logomarca para a copa de 2014 mostra claramente três mãos, todas em posições mímicas (para seguir a linha presidencial) sugestivas de roubo, afano, desvio, propina. Vista de cabeça para baixo imita os sacos de moedas que os Irmãos Metralha roubavam da caixa forte do Tio Patinhas, nas divertidas histórias de Walt Disney.

Junte-se a isso a falta do azul da nossa bandeira, substituído por um vermelho mais que implícito, e a simbologia fica muito clara.

E ainda tem muita gente que fica chateada com meu modo de ver as coisas. Paciência!!!

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.