quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um olhar sobre o jogo eleitoral

Por Gaudênio Torquato, em seu Porandubas Políticas

Um olhar sobre o jogo eleitoral
O jogo eleitoral começou para valer com os primeiros tiros de guerra. Serra fez o melhor discurso de seu percurso recente. Apesar de ser um orador fissurado na racionalidade, usou uns 8% do palavreado para jogar no tabuleiro da emoção. Fustigou adversários petistas e, indiretamente, o governo Lula, ao se referir à roubalheira. Não admitirá isso, garante.



 Foi muito eloquente, a ponto de abrir manchetes no dia seguinte. Serra se posiciona, hoje, como identidade comprometida com o pós-lulismo e não como o anti-lulista. Se optasse por ser do contra, estaria perdido.

Dilma deixou o Planalto debaixo de uma cascata de lágrimas. Em seu discurso, fez loas ao governo. E elevou Lula aos céus. Fez quase 20 referências ao "senhor", referindo-se ao presidente. Coloca-se, assim, como pupila, patrocinada, candidata do presidente e, no arremate, herdeira do jeito lulista de governar.

Pelicano / a charge

Reagiu imediatamente aos golpes tucanos. Garante que há muito lobo vestido de cordeiro. Dilma, aliás, está chamando Serra para o ringue. A tática é inteligente. Procura, assim, se posicionar no ranking principal, apresentando-se como lutadora, destemida, sem medo de atirar e debater. Ou seja, atiçando o fogo, Dilma mostra-se disposta a enfrentar o tucanato de igual para igual.

Nas próximas semanas, Lula ficará espiando as atitudes, gestos, palavras e atos de sua pupila. A seguir, vai chamá-la para a interlocução de ajustes : diga isso, não repita aquilo, aja assim e assado, corra por aqui e evite aquela vereda acolá. Nos fins de semana, estará quase todo tempo com Dilma, fazendo campanha.


Imagem Google

E a candidata - bem como Serra - poderá participar de atos administrativos públicos, porém sem ter direito ao verbo. Essa legislação eleitoral é mesmo dúbia. Ou seja, o candidato poderá ser visto ao lado de seus patrocinadores, mas não poderá ser ouvido.

Este consultor começa a perceber Marina Silva mais solta e desinibida. Chega a ser, até, falante. E começa a aparecer em circuitos empresariais. Quem esperava uma ambientalista confinada aos ambientes florestais, terá grata surpresa.


Sinfrônio / a charge

Marina quer viabilizar acordos laterais, até com figuras exponenciais, que lhe acenam com esta possibilidade. É o caso do ex-presidente Itamar Franco. Marina poderá atrair a atenção e o voto de uma faixa jovem e de grupos organizados que cercam o conceito de sustentabilidade.

Ciro Gomes, por sua vez, se dobra cada vez mais ao rolo compressor de seu partido, o PSB, cuja maioria quer apoiar a candidata Dilma. O presidente do PSB, governador Eduardo Campos, é do entendimento de que a candidatura Ciro prejudica Dilma. Mas as pesquisas apontam noutra direção : sem Ciro, Serra cresce.



E Ciro começa a convencer Campos de que poderá ajudar Dilma se permanecer como candidato. No segundo turno, fecharia aliança com ela. Tudo vai depender de mais duas baterias de pesquisa. Ou seja, vamos ver essa decisão lá para os meados de maio.

E as pesquisas, hein ? Este consultor considera Marcos Coimbra um bom especialista em pesquisa. Tem formação adequada. Sabe manejar os instrumentos de pesquisa. Por isso mesmo, ficou perplexo com as suspeitas de que seu Instituto, Vox Populi, estaria manipulando pesquisas. Há uma nota negativa na mídia dizendo que a última pesquisa do Instituto repetiu os mesmos lugares da penúltima.



E que a diferença entre Serra e Dilma não seria de 9 pontos, conforme atesta o Datafolha, mas de apenas 2 pontos. Por via das dúvidas, vamos esperar pelas próximas rodadas, seja do Datafolha seja do Vox Populi.