quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mensaleiros, quem paga para ver?

por Andres Viriato (*).

Para quem está acostumado a ver a impunidade triunfar no meio marginal do colarinho branco, a decisão do Supremo Tribunal Federal, de enquadrar os 40 ladrões de Ali Babá nos frios artigos do Codigo Penal, pode representar um tênue fio de esperança na ressurreição da justiça brasileira. Tudo bem, direis: indiciar, abrir processo, arregimentar provas é o de menos, a literatura jurdica está cheia de casos semelhantes, mas a decisão do STF é histórica, não discriminou iguais de desiguais, pôs todos no mesmo cortiço processual, e vamos em frente.
Entretanto, quantos escândalos ainda virão no intercurso de, no mínimo, três anos, para que os 40 de Babá sejam julgados? Até lá, voltaremos a admitir que "brasileiro é um povo sem memória", deliciando-se com a já emblemática pizza da impunidade? Uma revisitada às páginas policiais brasilienses nos leva a rememorar os anões do orçamento, o caso Lalau-Luiz Estevão, juízes e desembargadores que negociaram sentença etc até chegarmos ao caso Renan e mensaleiros.
Até aqui, quantos na cadeia? E tão importante quanto ver na cadeia esses marginais que metem a mão no dinheiro do povo é vê-los devolver o que furtou até o último tostão. Quanto devolvido até agora? Em caso de políticos, todos eles se reelegem, entram na imoralidade do fôro especial (lembram-se de Genebaldo Correia, reeleito prefeito de Santo Amaro?) e os crimes passam como prescritos; em caso de membros da alta cúpula da Justiça, o criminoso é premiado com aposentadoria compulsória, com invejável salário (lembram-se do juiz cearense que, bêbado, matou pelas costas o segurança de um supermercado?), e a vida segue cinzenta para pobres e negros desse decantado torrão tupiniquim.

FOGO AMIGO

Ainda vai repercutir a gosto da oposição a entrevista que a primeira-dama, Fátima Mendonça, concedeu à revista Metrópole, braço impresso da Rádio Metrópole. Por mais que os governistas tenham tentado consertar, é muito difícil burilar o espeto quando a casa é de ferreiro.
Ela conhece de perto, é quem muda as fronhas dos travesseiros conjugais e identifica sonhos e pesadelos do marido governador. Partindo de quem partiu, não há como Wagner esquivar-se de uma profunda reflexão e decidir assumir o timão do navegador.
(*) Andres Viriato é jornalista.