A política e as nuvens
A maioria dos analistas políticos intui que a oposição está vivendo o seu pior momento com a crise no governo do Distrito Federal e a cassação em primeira instância do prefeito de São Paulo.
Zope / a charge
Vale lembrar que em 2006, ano da reeleição de Lula, o PT vivia um momento até então inimaginável para a sigla, ferida pelo escândalo do mensalão denunciado com pompa por Roberto Jefferson (PTB).
A descoberta do mensalão chegou ao ápice com a confissão de Duda Mendonça, que afirmou no Congresso Nacional, ao vivo e a cores pela TV, que receberá o pagamento pelos serviços prestados a campanha de Lula em 2002 através de caixa dois.
Alguns oposicionistas viram aquele momento como propício para pedir o impeachment de Lula. Foram contidos pelo então senador ACM, que os convenceu que era melhor deixar Lula sangrar até o pleito de 2006.
Essa lembrança é importante, pois demonstra que o jogo só termina quando o juiz assopra o apito final.
Daqui até o dia 3 de outubro serão percorridos oito meses, nos quais tudo pode acontecer.
Já dizia Magalhães Pinto, que a política se assemelha as nuvens, que a cada dia se desenham de formas diferentes. Sábio pensamento.
Os analistas estão embasbacados com o crescimento de Dilma Rousseff nas pesquisas, com o lançamento oficial de sua pré-candidatura e o apoio do PMDB. Acham que a cassação em primeira instância do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), mesmo que suspensa até o pronunciamento do Tribunal Regional de São Paulo é o fim do mundo para José Serra.
Cicero / a charge
Ora bolas! Cassação em primeira instância é uma piada. A título de exemplo, vale lembrar que o prefeito de Macapá Roberto Góes (PDT) é hexacassado (seis vezes cassado) em primeira instância e não está nem aí. Prefeita como se nada de anormal esteja ocorrendo.
Seu primo, governador do Amapá Waldez Góes (PDT) até cogita lançá-lo candidato a sua sucessão. É mole ou quer mais!
Os democratas estão impactados, mas não estão nocauteados. Eles têm chances concretas de eleger mais governadores em 2010 do que o fizeram em 2006, pois tem candidatos competitivos no Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e Santa Catarina.
O bom senso nos obriga a aguardar a hora da desincompatibilização. Afinal, entre abril e meados de agosto é o período crucial para as candidaturas.
Johil Camdeab
Dilma não será mais ministra e mochila de Lula e Serra não será mais governador do maior estado do país. Os dois estarão no mesmo patamar em que hoje se encontram Ciro Gomes e Marina Silva.
ilustração de Guto Cassiano
Nesse período todos os pré-candidatos são iguais, principalmente por que essa será uma campanha presidencial sem candidato à reeleição.
Portanto, não existe a sangria desatada preconizada por muitos analistas políticos.