segunda-feira, 2 de maio de 2016

Notas de Ricardo Boechat

Por Ricardo Boechat.
Charges de Tiago Recchia
Sem medo
Horas após sair da lista de prováveis ministros de Michel Temer, Antônio Mariz de Oliveira esteve na sede do Instituto dos Advogados de SP. Cabia ao criminalista dar boas vindas a três associados. Foi além. Disparou contra a instituição “que se vê como o quarto Poder da República, apoiada pela mídia”. Disse que a advocacia está sob “inacreditável ataque de setores da sociedade”. 

Sobre ter assinado manifesto contra a Lava Jato deu de ombros: “se isso me impede de assumir cargo público, outros 160 colegas também estão descartados”. Concluiu que ele e nem ninguém é capaz de interferir na Lava Jato.




Reeleição à vista
Centenas de candidatos a prefeitos e vereadores estão perdidos. Não sabem como pagar o marqueteiro da campanha (as doações estão sob leis severas) e o contratado tem dificuldade em descobrir como contabilizar a grana sem dores de cabeça com o rigor da Justiça eleitoral. Ótimo para os prefeitos bem avaliados que, assim, não terão grandes dificuldades para impor derrota aos opositores.


Cinco estrelas
Nessa dança de cadeiras para formação do ministério Temer, em função das muitas variáveis envolvidas, o nome de Nelson Jobim para a Pasta da Defesa cresceu. Aliás, ele gostou bastante da experiência em conduzir as Forças Armadas, em recente passagem no cargo.



Plano A
Nas conversas para formar seu ministério, Michel Temer desejou entregar a Pasta da Fazenda para Pérsio Arida. Ambos conversaram. Os compromissos do economista com o banco BTG, onde é um dos sócios, resultou em um “não, obrigado”. O plano de Temer incluia convite para Henrique Meirelles ser parte da equipe – mantido com “up grade”.


Micos
Péssimas notícias para o bilionário Fundo de Infraestrutura do FGTS. Seus investimentos na Sete Brasil - R$ 2 bilhões - Odebrecht Transport - R$ 2,5 bilhões - e Energimp - R$ 500 milhões - estão indo para o ralo, com a provável falência dessas empresas. Nunca é demais lembrar que tais recursos são gerados por empregos com carteira assinada – algo em vertiginosa queda no Brasil atual.



Sem jargão
O clima em Brasília é de tal desânimo que o Palácio do Planalto não recorreu da decisão da Justiça Federal, que mandou cortar a frase conceito “Somos todo Brasil”, da campanha que tem como mote a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Orçada em R$ 25,6 milhões, várias peças precisaram ser ajustadas na semana passada, como os filmes em que a voz de Toni Garrido enfatiza “agora somos um só time (...), um time de 200 milhões”.

Pódio vazio
Crise que é crise chega até onde não se imagina. Na Casa da Moeda, por exemplo, eldorado onde se produz as cédulas e moedas do país, entre outras preciosidades. Depois de muitas trocas de presidentes (a última na semana passada), o quadro é de desolação. O Banco Central parou de encomendar dinheiro. Clientes privados escassearam. E, para culminar, está atrasada a cunhagem das medalhas de ouro, prata e bronze da Olimpíadas. Cinco mil atletas e 94 mil participantes (prestadores de serviço, voluntários, etc.) estão na lista dos que receberão o prêmio. Se ficar pronto.




Apesar da pindaíba...
O Planalto vem dando gás a gastos das Forças Armadas. No Exército, saiu da gaveta a compra de 186 blindados leves da fabricante Iveco, por preço a definir. Na Marinha, a modernização do navio “Bahia” deverá custar 40 milhões de euros – metade do valor pago pelo Brasil há 20 anos. Finalmente, na Aeronáutica, além dos bilionários caças Gripen e de US$ 134 milhões para manutenção do AeroDilma (em breve AeroTemer), está prestes a ser arrendado um Boeing 767-300, de apoio logístico, por US$ 124 milhões. Pelo visto, estamos em guerra...