quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Você sabe como o governo usa o seu dinheiro? - 3/5

Do Spotniks.


Crise? Listamos 5 formas bizarras de como o governo utiliza seu dinheiro.

Charges de HEITOR

03/05 - Quarta-feira
Investindo no ensino superior em detrimento da educação básica

Desde o surgimento do ramo conhecido como “economia da educação” e do conceito de “capital humano”, a ideia de que o crescimento da economia não está ligado apenas ao aumento de capital físico e da força de trabalho, garantiu especial atenção dos governos à área de educação.

Inúmeros países do mundo passaram a investir em educação como forma de elevar sua produtividade. E são inúmeros os casos de sucesso. Poucos, porém, são os casos em que a educação sem liberdade econômica garantiu este crescimento – haja vista o grau de especialização de economias planificadas.



Junto desta teoria, a noção de “externalidades positivas” (quando um indivíduo beneficia outros sem intenção direta), causada pelo investimento em educação básica, ganhou força ao redor do mundo. Inúmeras teorias surgiram para apoiar a ideia de que um aumento nos anos de estudo levam a um aumento da renda dos indivíduos. No Brasil, no entanto, a ideia foi mal assimilada.

O que o governo brasileiro não entendeu nesta história reside no fato de que enquanto o ensino básico espalha benefícios para toda a sociedade, universidades concentram benefícios muito mais no indivíduo do que na sociedade.



Quando comparado a países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é o país com maior diferença entre gastos no Ensino Superior e no Ensino Fundamental. O país gasta com o Ensino Superior 93% de seu PIB per capita por aluno, enquanto no Ensino Fundamental o número atinge 23%.

Manter um aluno na universidade apresenta também custos bastantes superiores aos da Educação Básica, como era de se esperar. Considerando a evasão no nível universitário, em torno de 1/3, e dividindo o orçamento das universidades pelo total de alunos, vemos que não são raros os casos em que o custo para se formar um único aluno supera os R$ 200 mil – valor bastante superior ao custo anual de um aluno no Ensino Médio, em torno de R$ 2,2 mil por ano.



No país em que educação é uma mera questão de volume de recursos (apontados sem qualquer estudo que os ampare), a discussão é de fato complicada. O fator gestão, por exemplo, é raras vezes citado e muitas vezes ignorado. Em relação a outros países em situação similar, como México e Chile, gastamos ainda um percentual maior do nosso PIB com educação: 5,6% contra 5,2% e 4,5%, respectivamente. Gastamos mais e pior.

Segundo um estudo apresentado pelo IBGE, 59,9% dos estudantes de universidades federais estão entre os 20% mais ricos da população brasileira. E mais de 2/3 deles são oriundos de escolas particulares. No Brasil, universidade gratuita não é direito, é privilégio. Normalmente pra quem já tem grana.



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