domingo, 28 de fevereiro de 2016

O Brasil na análise de Gaudêncio Torquato

Por Gaudêncio Torquato.
Porandubas políticas - 25FEV


Acarajando
A operação Acarajé é mais uma bomba nos costados do PT. Vai ser difícil explicar dinheiro pago a João Santana no exterior. Três contas, uma em Londres, outra em Nova Iorque e a terceira na Suíça. Santana teria recebido nas duas campanhas - Lula e Dilma - mais de R$ 170 milhões. Mas ele fez campanhas presidenciais no exterior, em Angola, República Dominicana e Argentina, entre outras praças. Sérgio Moro, ao que parece, tem ainda muitos trunfos até a reta final. P.S. Esse tal de Zwi Skornicki, operador, deve ser uma ponte para grandes descobertas.

Arte de CLAYTON


O bombardeio
Luiz Inácio continua sendo bombardeado. Não vai escapar de novos depoimentos. Agora, a PF diz que há indícios que requerem investigação no entorno de Lula. Pesquisa Ibope mostra que aumentou rejeição contra ele. 61% não votariam de jeito nenhum no ex-presidente. Mas ele ainda é protagonista forte : 19% dizem que votarão de qualquer maneira nele.

E aí, FHC ?
Fernando Henrique ainda está devendo explicação clara sobre os pagamentos feitos por uma empresa a Mirian Dutra, mãe de seu filho. Ele diz que mandou 100 mil dólares para a empresa pagar mensalmente três mil dólares à ex-namorada. Mandar dinheiro para uma empresa ? Por que o dinheiro não foi dado diretamente a ela ? Ele poderia dizer : estou pagando 35 mensalidades. Algo assim.


Arte de PELICANO

Brasif
Mas o PT quer abafar também esse caso da empresa que teria recebido o dinheiro de FHC. Afinal, ela foi vendida em 2006 por R$ 500 milhões ao grupo suíço Dufry. Sob o governo Lula. Pergunta-se : quem teria avalizado/endossado esta operação ? A Brasif era de propriedade de Jonas Barcelos, o dono do sítio de Atibaia. Que imbróglio !

A boa comunicação
Atenção, candidatos : a boa comunicação, ao contrário do que muitos imaginam, não é a superplástica dos programas de televisão, aqueles quadros movidos à computação gráfica, repletos de elementos de ficção. A boa comunicação é aquela que chega de maneira fácil e objetiva na mente do eleitor. É a comunicação que induz e motiva o eleitor a tomar uma decisão. As campanhas eleitorais têm abusado de efeitos gráficos na TV. Geram efeito devastador sobre o perfil de alguns políticos : a chamada fadiga de imagem. O uso exagerado da cosmética televisiva gera desconfiômetro. Blá blá blá.



Arte de JUNIÃO

Decisão STF
A decisão do Supremo de autorizar o encarceramento de condenados na 2ª instância, relativizando o princípio da presunção de inocência, passa a impressão de que a Corte está vivendo um afrouxamento constitucional. Está assumindo o lugar de uma Assembleia Constituinte, invadindo a esfera legislativa e politizando a Justiça. Nunca vi uma Corte agindo sob o clamor das ruas. Dedo para cima ou dedo para baixo ? Esse era o gesto que a galera fazia no Coliseu Romano quando um gladiador caia pela espada do adversário. O imperador deixava o gladiador viver ou morrer, olhando para o polegar levantado ou baixado da turba. Cuidado, magistrados !

Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais da quebra da presunção de inocência serão, entre outros :
  • a. multiplicação das delações premiadas ; 
  • b. superlotação de presídios com políticos e empresários ;
  • c. abertura de janelas para outras quebras de cláusulas da Constituição Federal.
Arte de ALPINO



TSE ganha fôlego
A operação Acarajé vai suprir o TSE com muitos documentos. Sérgio Moro não pode fazer a investigação eleitoral. Vai mandar farta documentação para o TSE. Que irá apurar se propina da Petrobras entrou nas doações oficiais da campanha do PT.

E os tucanos ?
Pergunta que não quer calar : se PT, PMDB e PSDB receberam doações das mesmas empreiteiras, por que a grana de um partido é diferente da outra ? Por que a grana de um é suja e de outro, limpa ? Os tucanos receberam 40 milhões, sete a menos que o PT. Precisam também explicar.



Delcídio
Deve assumir o mandato com moderação. Não se espere do senador um discurso inflamado. Ele sabe muitas coisas, mas deve saber que palavras duras contra colegas, mesmo os que o condenam, podem ser decisivas para sua cassação. Vai mostrar que foi vítima de um complô. Mas o Senado, a partir do Conselho de Ética, terá de decidir sobre a perda do mandato. O PT vai excluí-lo dos quadros.

Zika
A tal Zika congênita se espalha pelos cantos do país, a partir do Nordeste. Vejo muita autoridade nos lugares, mas não vejo ataque ao mosquito. A vacina vai demorar. Enquanto isso, a da dengue está sendo testada. Resultados em um ano. Imaginem, agora, os efeitos da zika numa geração.

Arte de MIGUEL


Impeachment
Se o impeachment havia refluído, ganhou fôlego com a operação Acarajé. Digamos que o sentimento social aumentou um pouco as expectativas. Mas o leit-motiv para o afastamento de Dilma ainda não surgiu. Se for por meio das pedaladas fiscais, ficará até o fim do mandato. Se for demonstrado desvio de propina para campanha, TSE poderá cassar chapa. E autorizar novas eleições. Este consultor político não acredita nessa hipótese. Ela irá até o final do mandato.

A arte de governar
Saint Just, um dos jacobinos da Revolução Francesa, executado após a queda de Robespierre, expressou uma desilusão ao dizer que "todas as artes produziram maravilhas, exceto a arte de governar, que só produziu monstros". A mesma amargura pegou o coração do segundo presidente dos Estados Unidos, John Adams, que nos legou a seguinte leitura : "todas as ciências progrediram, menos a de governar, que não avançou : hoje é praticada apenas um pouco melhor do que há quatro mil anos".

Arte de SINOVALDO


Eleição para comissões
Afinal, vai ser possível haver chapa avulsa para eleição de Comissões ? Ou apenas chapas arrumadas pelas lideranças ? O embargo de declaração de Eduardo Cunha ao presidente ainda não foi respondido. O executivo pede nulidade da questão, que é matéria vencida, segundo argumenta. Cunha teria feito o embargo antes de sair o acórdão.

Pautas fortes
Senado e Câmara organizam pautas fortes : CPMF, DRU, Reforma da Previdência, Ajuste Fiscal, Partilha na Exploração do Pré-Sal, etc. Este último projeto, de autoria do senador José Serra, quebra o monopólio da Petrobras. Deve passar. CPMF hoje não passa. Daqui a um tempinho, pode passar. DRU, sim. Reforma da Previdência, mesmo sob a guerra do PT e CUT, passa.

Arte de GENILDO


A vez da mulher
Cresce o papel da mulher na política. Neste ano, terá um desempenho especial no pleito. Lembro Margareth, ex-mulher do ex-primeiro ministro do Canadá, Pierre Trudeau, pai do atual primeiro ministro, Justin Pierre James Trudeau : "quero ser algo mais que uma rosa na lapela do meu marido".

Sigilo
O STF passa mesmo a impressão de que está agindo de acordo com o viés político. Vai autorizar a quebra do sigilo bancário dos contribuintes, mesmo sem autorização judicial. Basta a Receita Federal pedir. Big Brother nos cerca. Acabou o sigilo no país. Adeus, intimidade.

Arte de JBOSCO


Oposicionismo
O oposicionismo deve levar a melhor na campanha deste ano. Não me refiro aos partidos de oposição. Falo dos oposicionistas nos planos Federal, estadual e municipal. Os candidatos de oposição, contra o status quo nos ambientes e espaços, deverão fazer a maioria de prefeitos. A campanha terá como foco o "contra". A conferir.

Os brasileiros
Deus carimbou alguns povos com tintas muito acentuadas. Diz-se que aos gregos concedeu o amor à ciência ; aos povos asiáticos, o espírito combativo ; aos egípcios e fenícios (sendo estes últimos os atuais libaneses), imprimiu a marca do amor ao dinheiro. Aos brasileiros, Deus deu a capacidade de improvisar mais que outras gentes. O brasileiro sabe dançar na corda bamba. Não é de sim, sim, não, não. Prefere o talvez. O senhor tem religião ? "Sou católico, mas não praticante" ! Trabalha quantas horas por semana ? "Mais ou menos 40 horas".

Arte de IVAN CABRAL


Suicídio

Por que : angústia ? Depressão ? Vida sem sentido ? Cresce o número de suicídio na área das jovens mulheres em São Paulo. A taxa cresceu 25% de 2010 até hoje.

Eleições
As eleições de outubro próximo deverão ser mais seletivas que as de 2012, na crença de que o eleitorado comparecerá às urnas com um sentimento de que poucos políticos estão a merecer o seu voto. A constatação mais comum que se flagra na interlocução cotidiana é a de que "todos os políticos são farinha do mesmo saco". Ante a expansão da descrença social, é oportuno resgatar os traços que ornam o perfil político do gosto do eleitor.