Estorinhas
Tempos de carnaval, tempos da marchinhas. Como a velha canção dos carnavais de outrora.
Na cidadezinha do norte do Rio de Janeiro, a procissão de Senhor Morto caminhava lenta e piedosa, na Sexta-Feira da Paixão, com o povo cantando hinos sacros. O velho padre na frente, o sacristão ao lado e os fiéis atrás, cantando as músicas que o vigário puxava.
De repente um pequeno ônibus, que na região chamam de "jardineira", passou perto e começou a subir a íngreme ladeira da igreja, bem em frente da procissão. No meio da ladeira, a "jardineira" afogou, encrencou, parou, deu aceleradas fortes e inúteis e começou a dar para trás, de costas.
Os fiéis não viram, mas o padre, atento, viu. E ficou apavorado. A "jardineira" já despencava numa grande velocidade. O padre gritou :
- Olha a jardineira !
E os fiéis começaram a cantar, em ritmo de samba
Ó jardineira, por que estás tão triste ?
Mas o que foi que te aconteceu ?
Foi a camélia que caiu do galho,
deu dois suspiros e depois morreu.
A "jardineira" veio até embaixo e acabou parando. Sem atropelar ninguém.