sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O imponderável ou Onde tudo pode acontecer

Por Gaudêncio Torquato
Porandubas Políticas

O imponderável
Que ninguém aposte em previsibilidade quando o território dos acontecimentos, principalmente na esfera da política, é o Brasil. Vejam só : o impeachment da presidente Dilma, até uma semana atrás, era coisa que entrava no baú. Depois da prisão do senador Delcídio do Amaral, entra novamente em cena. E por quê ? Porque o senador Delcídio é seguramente o parlamentar que mais entende de Petrobras. Portanto, é o homem certo para falar nesse momento sobre o propinoduto construído ao largo da petroleira.


Caso aceite entrar na roda da delação premiada, Delcídio pode relembrar coisas do tempo em que era diretor internacional a quem se subordinava o gerente Nestor Cerveró. Pode dizer, entre outras coisas, quem lhe fazia pressão para resolver a compra de Pasadena. Quem lhe cobrava o fluxo de decisões. Quem lhe consultou sobre se Cerveró tinha condições técnicas de ficar em seu lugar. E pode, ainda, lembrar quem ajudou quem nas campanhas de Lula e Dilma.



Arte de BENETT

Delcídio é um dos parlamentares mais ligados e até então respeitado por Lula, que teria se referido ao episódio da conversa gravada por Bernardo no encontro com Delcídio de "burrada", algo como uma imbecilidade. E por que Delcídio abriria o bico ? Por pressão da família. Que quer rever o pai de família junto por ocasião do Natal e das comemorações de fim de ano.

A interpretação do STF sobre a flagrância e atos considerados criminosos tende a se consolidar no espaço da jurisprudência. Ou seja, ato flagrante não se restringe aos acontecimentos tempestivos, ilícitos cometidos em determinado momento e pegos pelo aparelho policial. A obstrução de investigação, situação que pode perdurar por um tempo, entra nessa classificação. Daí a novidade. É evidente que os políticos estão temerosos de que casos assemelhados venham à tona e flagrados.




Caso o senador decida dizer o que se sabe, a República fica de cabeça para baixo. Essa é, de modo geral, a visão que se projeta com a fala do ex-líder do governo no Senado. Não há dúvidas de que uma delação abrigando a presidente da República, o ex-presidente Luiz Inácio e outros protagonistas de alto coturno tende a criar fissuras no tecido institucional e abalar os alicerces da atual estrutura de poder. Ou será que o senador mato-grossense preferirá ficar em silêncio e correr o risco de uma condenação com prisão fechada e afastamento da esfera política ? Tudo aponta para a primeira hipótese. 

P. S. A mulher de Delcídio, Maika, teria dito que ele não deve pagar a conta do PT.





Os dias se sucedem...
Um interlocutor de Delcídio teria dito : "deixem estar, os dias se sucedem". A declaração se refere ao aborrecimento do senador em relação ao PT, que teria cometido "covardia atroz" e ao ex-presidente Lula, a quem se atribui a afirmação de que a conversa de Delcídio com o filho de Cerveró teria sido uma "burrada". Em suma, vem coisa pesada por aí.