quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A reação do PT dá força às acusações

Por Helio Gurovitz.

A reação do PT dá força às acusações
A reação do Partido dos Trabalhadores (PT) ontem à prisão de José Dirceu repete um padrão: negar as acusações e posar de vítima. Primeiro, o deputado Sibá Machado, líder do partido na Câmara, criticou a “perseguição” ao PT. Depois, a direção nacional do partido divulgou uma nota que pode ser classificada naquela categoria criada pelo então diretor de redação do Washington Post, Ben Bradlee, para qualificar manifestações do governo diante das denúncias do caso Watergate. É uma “non-denial denial”, uma negativa que não nega nada.

O PT afirma apenas que todas as doações ao partido foram feitas legalmente e estão registradas na Justiça Eleitoral. A questão não é obviamente para onde o dinheiro foi, mas de onde ele veio. Era dinheiro sujo de propinas do petrolão. Sobre isso, o partido nada diz. Se houve mudança, foi na discrição com que alguns “companheiros” reagiram à prisão de Dirceu. Não houve punhos para o alto, "desagravos" ou uma conclamação à militância, com em outros momentos. Mesmo assim, entre os petistas ainda vigora o sentimento de perseguição.

Quem tem mais a perder com isso é o próprio PT. As provas contra DIrceu estão aí, diante de todos. Sua consultoria recebeu dinheiro de fornecedores da Petrobras. Quatro delatores confessaram que era propina, contrapartida por contratos na empresa, intermediadas pelo ex-diretor Renato Duque, indicado por Dirceu. Duque agora negocia colaborar com a Justiça e certamente terá mais histórias para contar. Se o caso do mensalão, embora evidente, dava margem para os advogados de Dirceu exercerem um alto grau de criatividade nas interpretações, o petrolão traz provas bem mais robustas e consistentes contra ele. Simplesmente, não há como refutá-las. Daí a tentativa do advogado Roberto Podval, ontem, de transformá-lo em vítima, ao falar – que novidade... – em "julgamento político” e "bode expiatório".

O PT não é o único partido atingido pelo petrolão. Políticos do PMDB, PP e de vários outros partidos também estão na mira da Justiça. O argumento da perseguição ao PT carece, portanto, de qualquer sentido. O que a política exige do partido, e não é de agora, é uma condenação clara aos corruptos e a expulsão deles. Não basta a presidente Dilma vir a público dizer que “não compactua com malfeitos”. Seria preciso já ter expulsado os condenados do mensalão, expulsar os do petrolão, emitir notas claras de repúdio veemente, com o nome de todos. Agora, nem sal grosso será capaz de desvincular o PT do escândalo. Em vez disso, a cada nova prisão de petistas, somos apresentados a mais uma “non-denial denial”.

Posar de vítima pode fazer sentido num cenário em que toda sujeira vai para baixo do tapete. Diante do funcionamento exemplar da Justiça brasileira no petrolão, não faz nenhum. Por que o PT faz isso? Só há duas explicações logicamente razoáveis. A primeira é dada pela militância anti-petista: todo o partido se transformou em uma “quadrilha de corruptos” e funciona à base de uma “omertà” mafiosa, que transforma os presos em “heróis da causa”. A segunda explicação é a absoluta incompetência para entender as novas condições políticas do país, criadas pelo mensalão e pelo petrolão. Dependendo da preferência política do interlocutor, será possível achar plausível qualquer uma das duas explicações. A esta altura, pouco importa. Em qualquer caso, o futuro do PT está a cada dia mais evidente. O partido diminuirá de tamanho nas urnas – isso já aconteceu na última eleição e, segundo as pesquisas de opinião, se repetirá na próxima. Perderá poder e influência. Será uma sombra do que já foi. José Dirceu estava certo ao afirmar que “a Lava Jato será a pá de