quarta-feira, 15 de julho de 2015

O Brasil hoje e amanhã, se ...

Por Gaudêncio Torquato em seu Porandubas Políticas

Lava Jato, fase política
Ainda não esgotada a fase empresarial, a operação Lava Jato abre a fase política, com a busca e apreensão de documentos nas casas de parlamentares, a começar pelos senadores Fernando Collor e Ciro Nogueira. A entrada na área parlamentar tem o placet dos ministros do STF, Teori Zavascki e Ricardo Lewandowski. Significado : ao bater no Congresso, a operação agita os ânimos políticos, fazendo subir a temperatura em Brasília. A crise chegará às alturas na segunda quinzena de agosto/primeira semana de setembro.

Arte de MIGUEL


O juiz Sérgio Moro, de um lado, e os procuradores do MP, de outro, se imbuem de uma "missão divina". Essa é uma das explicações para as fases que estão se desenvolvendo na operação Lava Jato. Como "missionários", entendem que nada os afastará do caminho apontado por Deus. Nada de pressões, nenhuma interferência de poderosos. Irão até o fim, na crença de que terão de passar o Brasil a limpo, doa a quem doer. Imaginam que serão capazes de varrer a sujeira, tirando, até, os vestígios que se escondem por baixo do tapete. O DNA brasileiro será refeito ? Há dúvidas.

Arte de SPONHOLZ


Haverá condição de se fazer o impeachment da presidente ? Eis uma recorrente questão que se coloca a este consultor. Respondo sempre : a questão será política, mas para se viabilizar, precisa do empuxo de dois motores : o da locomotiva da economia e o do rolo compressor das ruas. Explicando : se a economia arrebentar o bolso dos contribuintes, o povão revoltado, sob a alavanca das classes médias também atingidas, empurrará o Congresso para a beira do impeachment. Criam-se, nesse caso, as condições para se tomar uma decisão de magnitude. E, dessa forma, o vulcão pode dar sinais de erupção já em agosto.

Arte de NANI


Esses sinais deverão ser visualizados já agora nessa segunda quinzena de julho, quando os parlamentares estarão tomando o pulso de suas bases. O recesso parlamentar que começa em 17, sexta-feira, propiciará um banho de massas. Deputados e senadores vão sentir de perto o que significa inflação das ruas passando da casa dos 10%, o desemprego chegando aos 9%. Só na área da construção civil, há um milhão de desempregados. E a tendência é de acirramento das carências e carestia nos próximos meses.

Arte de SPONHOLZ


Os grupos - I
É possível aferir a seguintes abordagens e posicionamentos políticos : 

Arte de AROEIRA
  • 1) O grupo que deseja mudanças imediatas com a saída de Dilma-Temer ; trata-se da ala aecista do PSDB. Como o senador mineiro, sob o recall da campanha do ano passado, ganharia facilmente de Lula, hoje, defende a saída dos dois ;
  •  2) O grupo lulista do PT, que gostaria de ver Dilma fora do Palácio do Planalto, com Michel Temer assumindo a presidência. Com esse afastamento, seria possível a Lula correr o país, adoçar o gogó, armar palanques por todos os lados e se apresentar, em 2018, como oposicionista contra o marasmo geral.

Os grupos - II

Arte de LUSCAR

  • 3) O grupo tucano ligado a Alckmin, que gostaria de empurrar a presidente ao abismo, porém conservando Temer no comando. Este faria um governo de harmonia nacional e presidiria as eleições de 2018. Alckmin, em 2018, terá melhores condições para disputar a presidência que Aécio Neves ; 
  • 4) O grupo tucano ligado ao senador José Serra, que tem interesse em deixar a situação como está até 2018. Serra se aproximaria do PMDB, podendo, até, viabilizar sua candidatura por este partido.

As teses
Há teses para todos os gostos : 
  • a) a primeira defende a responsabilidade de Dilma no caso das "pedaladas fiscais", o que daria ao Congresso a base para o impeachment presidencial ; 
  • b) a segunda tese argumenta com o fato de que houve "pedaladas fiscais" em governos anteriores, tanto no ciclo FHC quanto nos mandatos de Lula. Dizer que hoje a situação é mais crítica pelos volumes de recursos transferidos como empréstimo e pelos prazos mais dilatados pode não se sustentar. Dr. Ulysses dizia: uma pessoa 99% honesta é 100% desonesta, porque não existe desonestidade relativa.
  • C) Há o argumento de que recursos de propina para a campanha da Dilma ocorreram no mandato anterior. Mas há o contra-argumento de que eventos ocorridos do mandato anterior não passam para o mandato seguinte. E, por último, há a crença e provas de que recursos desviados de contratos da Petrobras irrigaram campanhas da situação e da oposição.
Arte de SPONHOLZ


Na linha de 0 a 100 km, a operação Lava Jato teria caminhado, até hoje, cerca de 30 km. Ou seja, há 70 km pela frente. Haja estrada. Como a frente política passa por muitas curvas no território do STF, há quem vislumbre os horizontes políticos da operação lá pelas beiradas de 2018.

O procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, parece ter um foco : Eduardo Cunha. Mas tem um olho também em outros políticos. Ocorre que deve entrar na lista dos nomes de procuradores que serão submetidos à presidente Dilma no segundo semestre. Se entrar em primeiro lugar, a presidente não terá outra alternativa que a de encaminhar seu nome para aprovação pelo Senado. Donde emerge a pergunta : passará pelo crivo dos senadores ? Este consultor acredita que passará.

Arte de JARBAS


As oposições devem se precaver. O pau que bate em Francisco bate também em Chico. Não serão apenas figuras da situação a entrarem no loop do MP e do juiz Sérgio Moro. Há figuras de destaque na oposição que entrarão no ranking.