domingo, 24 de maio de 2015

Futebol - direitos de TV, pelo mundo.

Fonte: Globo Esporte

A TV e o futebol
A divisão do dinheiro que vem de emissoras de televisão é muita citada porque, dentre fontes de receita, é a única que pode ser controlada. Todas as outras estão condicionadas à torcida. Patrocinadores pagam mais a clubes cujas bases de torcedores, potenciais consumidores dessas empresas, são maiores. Fornecedores de materiais esportivos, idem. Quanto mais torcedores, mais produtos licenciados, planos de associação e ingressos para partidas tendem a ser vendidos. No caso da televisão, embora ela também tenha mais audiência e pay-per-view conforme tamanho de torcida, há mais espaço para equilíbrio.




A Premier League, primeira divisão da Inglaterra, é bom exemplo disso. Na temporada 2013/2014, os 20 times que a disputaram receberam £1,753 bilhão (R$ 8.384 bilhões) referentes a direitos de transmissão. Este valor é repassado pela liga aos clubes com base em três critérios: 50% são igualitários para todo mundo; 25% dependem do mérito esportivo, conforme a colocação na tabela na temporada anterior; e 25% obedecem o número de partidas televisionadas, com um valor mínimo assegurado até para quem teve muito menos jogos transmitidos pela TV. O Chelsea, com £ 139 milhões recebidos (8%), tem a maior receita com televisão do país. O Cardiff City, com £ 63 milhões (4%) , tem a menor. Logo, o mais rico arrecada o dobro do que arrecada o mais pobre, melhor proporção entre as maiores ligas de futebol do planeta.
Alguns outros: 
  • 8% - Manhester United, Manchester City e Chelsea; 
  • 7% - Arsenal
  • 6% - Liverpool
  • 8% - Astom Villa, Everton




A La Liga, primeira divisão da Espanha, é o mau exemplo de equilíbrio. São considerados, aqui, 16 clubes que jogaram a elite espanhola em 2013/2014 porque Valencia, Malaga e Getafe não publicam balanços financeiros, embora nova lei do país exija que todos o façam, e o Levante não detalha em seu documento o montante recebido da televisão. A soma desses 16 dá € 678,4 milhões (R$ 2.300 bilhões). O Real Madrid possui a maior receita e obteve € 162,6 milhões (24%) com direitos de transmissão, e o Real Valladolid, com a menor, conseguiu € 15,6 milhões (2,3%). A diferença entre o mais rico e o mais pobre, portanto, é de mais de dez vezes.

Outros Clubes:
  • 24% - Barcelona
  • 7% -  Atlético de Madrid
  • 6% - Villareal
  • 5% - Sevilla, Athletic Bilbao
  • 4% - Real Sociedad, Betis

A Serie A, primeira divisão da Itália, tampouco divide bem receitas com direitos de TV. A amostra neste caso é de 12 times que disputaram a elite italiana em 2013/2014. Os ausentes, sobretudo Milan e Fiorentina, não foram considerados porque ainda não publicaram balanços financeiros referentes a 2014. O valor gerado foi de € 672,2 milhões (R$ 2.278 bilhões) , dos quais a Juventus ficou com a maior parte, € 150,9 milhões (22,5%), e o Verona, a menor, € 22,8 milhões (3,4%). O mais rico recebe 6,5 vezes mais do que o mais pobre, portanto. Perceba que há um grupo de clubes à frente, com Juventus, Napoli, Internazionale e Roma, do qual o Milan certamente faz parte, que se destaca dos demais. São os mais populares do país. 
  • 22% - Juventus
  • 16% - Napoli
  • 11% - Internazionale
  • 10% - Roma
  •   8% - Lazio


A Ligue 1, primeira divisão da França, peca por ter à frente somente dois clubes que faturam muito mais com televisão do que os 18 abaixo. Os 20 que jogaram a elite francesa geraram € 604,8 milhões (R$ 2.050 bilhões) com direitos de transmissão em 2013/2014. O Paris Saint-Germain, atual tricampeão nacional, ficou com a maior parte, € 85,8 milhões  (14,2%), enquanto o Ajaccio ficou com a menor, € 13,5 milhões (2,23%). A diferença entre o mais rico e o mais pobre é de pouco mais que seis vezes.

  • 13% - Olympique Marseille 
  •   9% - Lyon
  •   7% - Bordeaux
  •   6% - Lille
  •   5% - Monaco 
A Alemanha não entra neste levantamento pois não obriga seus clubes a divulgar balanços financeiros, tampouco publica, por meio de órgãos oficiais do governo, como nos outros países europeus analisados, os documentos. Apenas quatro equipes têm alguma transparência, entre elas Bayern de Munique e Borussia Dortmund, e neste caso a amostra seria reduzida demais para conclusões.



O Campeonato Brasileiro, por fim, tem divisão similar à italiana e à francesa. Não está nem próximo da Inglaterra, bom exemplo, nem próximo da Espanha, mau exemplo. Aqui, são considerados 19 clubes, com Vasco no lugar da Chapecoense, que não publica balanço financeiro, e sem o Sport, cujo documento não detalha ganhos com televisão. Esses 19 arrecadaram R$ 1,12 bilhão com direitos de transmissão em 2014. O Flamengo tem a maior receita, R$ 115,1 milhões (10%), e o Figueirense, a menor, R$ 18,5 milhões (2%). A diferença entre mais rico e mais pobre é de pouco mais que seis vezes.

10% - Corinthians
 7% - Atlético-MG, Palmeiras, São Paulo
 6% - Cruzeiro, Vasco da Gama
 5% - Fluminense, Grêmio, Internacional, Santos
 4% - BAHIA, Botafogo
 3% - Atlético-PRCoritiba, Criciúma, Goiás e VITÓRIA



Ainda que o parâmetro "mais rico versus mais pobre" esteja em linha com França e Itália, no Brasil os dois maiores faturamentos com TV, Flamengo e Corinthians, têm 10% cada sobre o valor total. O percentual é mais baixo do que na França, onde PSG e Olympique levam 14% e 13%, e mais baixo do que na Itália, onde Juventus e Napoli ficam com 22% e 16%. 

Mas mesmo assim ao levarmos em conta a produtividade - número de campeonatos conquistados nos últimos 12 anos (pontos corridos), o Flamengo tem apenas 1 e o Corínthians, 2. Enquanto isso, Cruzeiro e São Paulo conquistaram 3 títulos, cada.