quarta-feira, 6 de maio de 2015

E a terceirização?

Por Gaudêncio Torquato, em sua coluna


E a terceirização?
A presidente Dilma Rousseff parece ter encontrado a bússola para repintar a imagem negativa de sua gestão. Proclama que é contra a terceirização. A chefe do governo não faz bem ao assumir esse rumo. Primeiro, a terceirização já existe ; tanto nas áreas privadas quanto nas áreas públicas das instâncias federativas. Segundo, se vetar a terceirização, inviabilizará muitos setores produtivos. Só a Petrobras abriga 360 mil terceirizados.

Arte de Pelicano


Na TV, falando no programa do PT, esta semana, Luiz Inácio endossa a onda contra a terceirização. Diz ele que a terceirização levará os empregados à situação vivida no principio do século XX. Um embuste. Na verdade, todos os terceirizados têm carteira assinada pelas empresas de prestação de serviços; têm todos, TODOS os direitos trabalhistas e previdenciários. Que estão previstos no PL 4.330/04. Hoje, já é assim. Mas é claro que Lula sabe. Quando ele assumiu, em janeiro de 2003, a Petrobras tinha 120 mil terceirizados. Hoje, tem 360 mil. Essa expansão extraordinária ocorreu quando ? Ora, nas administrações de Lula e Dilma. Conversa de Lula é lamúria pausada para acalentar bovinos, quer dizer, conversa mole pra boi dormir.

Arte de PAIXÃO


Na área Federal
O amigo José Pastore escreve, em O Estado de S. Paulo de ontem, mais um texto forte defendendo a terceirização. Desta feita, o prestigiado professor e economista é acompanhado do ex-ministro das Minas e Energia, Shigeaki Ueki, e mostra a terceirização na área pública. Levanta, primeiramente, um dado surpreendente : no mundo inteiro, o setor de petróleo terceiriza 2/3 do pessoal, porque a cadeia de produção, refino e distribuição de petróleo é uma das mais longas da industria moderna. Daí a Petrobras se amparar nas tarefas de 360 mil terceirizados. Zé arremata : o que ocorre na Petrobras persiste na Eletrobrás, Banco do Brasil, CEF, BNDES, ECT, hospitais e universidades públicas. O Ministério do Trabalho, o MP da União também o faz. Em 2013, havia 222 mil terceirizados na administração Federal. Dilma e Lula querem apagar esses números.

Arte de NEWTON SILVA


Essa tentativa de colar a imagem nas ruas não se sustenta. A terceirização passa por um amplo corredor de mistificação e slogans trombeteados pela CUT e seus satélites. Na verdade, trata-se de um avanço, eis que dará segurança jurídica a 12 milhões de trabalhadores. O que a CUT defende é o aumento de seu Caixa: com a efetivação dos terceirizados, sonha encher as burras com contribuições de novos contingentes que cairão no seu curral. A verdade demora, mas um dia chega. O país não terá condições de sobreviver sem serviços terceirizados. Essa é a verdade.

Arte de DUKE


E o que Lula quer ?
Lula volta aos palanques com a velha zanga : é bom de briga. Pensando que seu carisma é inesgotável. Não imagina que o país está mudando e muito. O bolso começa a ficar vazio, a barriga começa a roncar, o coração começa a doer e a cabeça começa a ficar indignada. Ora, esse desfazimento da equação BO+BA+CO+CA (Bolso, Barriga, Coração, Cabeça) é fruto do lulopetismo. Ninguém vai acreditar um pingo na lorota de Lula de que o Brasil não está abrindo tempos de recessão e que a crise é um produto da imprensa. Acha-se o faz tudo e o tudo pode na política e nas ruas. Não é bem assim, Luiz Inácio. Esse discurso de "nós e eles" mais parece ronco de leão que começa a perder os dentes.

Arte de JORGE BRAGA


Equívoco de Renan
Renan Calheiros é, urge reconhecer, um quadro político dos mais experientes. Não é a toa que preside o Senado mais uma vez. Sabe articular, sabe manobrar a casa, sabe fazer política. Nos últimos tempos, porém, o alagoano parece ter perdido as estribeiras. Como pode entrar nessa onda contra a terceirização ? Ao contrário do que se intui de seu discurso, regular terceirização é um avanço, não atraso. Se Renan deseja colar sua imagem ao sentimento das ruas, não será bem sucedido se usar a esteira da terceirização. A conferir.

Arte de AMARILDO


CNI e FIESP
Robinson Andrade, presidente da CNI, sumiu. Não deu as caras para bater nessa luta que se trava no entorno da terceirização. Ao contrário de Paulo Skaf, presidente da FIESP, que pilota a defesa do PL 4.330 como fez na campanha em que derrubou a CPMF. A CNI desce a ladeira do prestígio enquanto a FIESP sobe no conceito do empresariado. O momento que atravessa o país não aceita pusilânimes. A liderança exige ousadia, determinação, vontade, persistência, visão empreendedora, amor às grandes causas.

Arte de CAZO


Pacote fiscal
Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. Não se faz um ajuste fiscal sem sacrifícios. Urge aprovar o pacote fiscal que o ministro Joaquim Levy apresentou ao Congresso. Que se façam nele ajustes que não comprometam sua viga-mestre. Nessa direção trabalha o articulador político do Governo, vice-presidente da República, Michel Temer. Que acaba de pedir ao PT ordem unida em torno do ajuste fiscal. Que história é essa do PT de sair pelas bandas quando a coisa pega em seus costados... ? Se o PT não fecha posição, como outros partidos da base governista o farão ?