segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Absinto - uma bebida para poucos!



Absinto: O auge de seu reinado
O século 18, repleto de turbulências políticas e ideias novas, também foi o século do surgimento do absinto. Em 1792, Pierre Ordinaire, um farmacologista francês simpatizante do antigo regime monarquista, se viu obrigado a pedir refúgio na Suíça, após a Queda da Bastilha.



Lá, criou a mistura explosiva de ervas aromáticas em uma infusão alcoólica que resultaria em uma bebida com nada menos que 63% de álcool por volume. Em 1797, Henri-Louis Pernod adquiriu os direitos de produção do elixir de Ordinaire, difundindo a bebida na França.


Mas foi na segunda metade do século XIX que seu consumo cresceu vertinosamente  quando a Phylloxera vastatrix, praga que dizimou os vinhedos europeus, fez com que a oferta de vinhos diminuísse consideravelmente, abrindo o mercado para outras bebidas, inclusive destilados como o absinto.



Mais do que uma bebida forte, o Absinto é um, vamos dizer assim, alucinógeno. Seu princípio ativo é uma neurotoxina chamada de "Thujone". Isso somado à boa quantidade de clorofila presente no absinto, garantiu à bebida o poético apelido de La Fée Verte ou "Fada Verde".


O Thujone, acredita-se, provoca transformações inexplicáveis na mente. Por mais de dois séculos, os bebedores de absinto têm relatado mudanças na percepção sensorial, bem como a extrema clareza de pensamento e de grande melhoria nas habilidades cognitivas e criativas.

Artemisia absinthium (losna) é uma das mais
ricas fontes da natureza de thujone.
 (Foto: Henriette Kress)


Onze entre dez artistas, gênios e loucos do início do século eram amantes de tal fada. Não era raro encontrar figuras como Verlaine, Van Gogh, Picasso e Hemingway, entre outros tantos, sentados à mesa de um café, bebendo absinto além dos poetas Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire, e pintores como Toulouse-Lautrec.


"Absynthe" por Degas

O ritual era o mesmo: Um pouco de água gelada era derramada sobre uma colher perfurada, onde se encontrava um torrão de açucar. A água derretia o açúcar e o levava para dentro do copo de absinto. Este era o passaporte para longas e coloridas viagens...


O aumento de seu consumo, associado à sua potência alcoólica e poder alucinógeno, levou a bebida a ser proibida em diversos países. Em muitos casos, para evitar a proibição de sua venda, sua gradação alcoólica foi rebaixada.



Os bebedores de absinto não precisam temer pois apenas uma pequena quantidade de thujone realmente sobrevive ao processo de destilação de absinto. Não importa o quanto você beber absinto - as chances de sofrer intoxicação fatal pelo teor alcoólico é infinitamente superior de sofrer delírios continuados pela injeção de thujone.


Fontes Terra / Pragaturismo / absinthefever


Publicado originalmente em 02ABR2010 (555)